Friday, May 25, 2007

My No Cell Phone Manifesto

Last week I got rid of my cell phone. It wouldn't work anymore, so I went to the shop, and the guy told me that I needed a new memory card. Problem was, I couldn't buy it 'cause I didn't have the necessary data. Then, in my way to the hairdresser, I said to myself: I don't need this fucking thing! I don't want this fucking thing! And threw it in the first basket I saw. Oh man, I felt freed. 'Cause why do people have to be able to find me at any time? God, I have an e-mail which I use a lot, I have a phone at my place, there's one at my parents' place, at my brothers', girlfriend's, friends', workplace if I had one... (I don't have it but when I'm working I'm always on-line!). So in all these places people can find me! But while I am in the street, it's because 1) I'm in my way to somewhere, 2) I'm going to meet somebody, or 3) I'm plainly having a walk! Or a run. Gosh, I also think using cell phones in public is RUDE! I mean, if I'm looking for books in a bookstore alley I don't need to listen to some fucking bastard just out of business school talking 'bout his next business meeting! (And the guy will talk as loud as possible, the man will make a performance of his talk!) 'Cause while I'm looking for clothes I don't need to listen to some artificially tanned, dyed haired, snooty girl telling somebody at the other end that she'll be in Bangkok the following week! There are cell phones ringing all the time in every restaurant, have you noticed? And why do all people set their ring tones to some stupid, continuous rhythm? Wasn't it enough and less irritating the old tii-long silence-tii-long silence-tiii? Even your own friends stop talking to you, stop eating their own fucking food because some fucking assholes call them at lunch time! Is that thing somebody has to tell you more important than savouring your coffee or listening to the words of the friend in front of you? And then you see this girl tired of looking up and down, right and left, because the girl she's supposed to be having a drink with has been 10 minutes on the phone! That's fucking rude! And you see these couples in expensive French restaurants, candles and stuff, the guy trying to seduce her, and then the phone rings, and she answers! Jesus! You can be having sex with your girlfriend and her phone may ring at any time! So MAN, I quit! Is somebody dying? 'Cause unless somebody's dying, please don't call me! Don't call my friends while we are together! Don't call my girlfriend! I don't want to be always in touch! I'm not a fucking policeman or fireman! And it's no use turning the damn thing off 'cause they'll tell you "why did you turn it off?", "why did you leave it at home?" So I'm definitely not buying another one of these. I'll keep on writing e-mails, using Skype, and trying to meet my friends to have coffe or dinner or whatever. And yes, I'll keep my Brazilian cell phone, but that's another story, Brazil is not in the fucking First World, there there's the chance of being kidnapped and left in the land of nobody! DAMN!

Thursday, May 24, 2007

Conversa com minha avó



Para a Gabi, que adora ela.



Hoje de manhã, saí de tomar banho e achei minha avó colocando a antiga máquina de costura na frente da porta do meu quarto. Minha calça jeans estava pendurada no espaldar da cadeira que ela estava prestes a usar. Peguei a calça.

Ela falou:

-Ja les pots agafar ja, que les teves calces no les necessito per res.
(-Já pode pegar já, que tua calça eu não preciso para nada.)

(Antigamente em catalão se usava "calces" em vez de "pantalons", que é o termo que se usa agora. "Calces" se usa ainda em alguns povos.)

Então eu falei, divertido:

-Ja estàs parlant en portuguès, abuela?
(-Já está falando em português, vozinha?)

E ela, surpresa:

-Què dius?
(-Hein?)

-És que pantalons en portuguès es diu així, "calça".
(-É que pantalons em português se diz assim, "calça".)

-Ah sí?
(-Ah é?)

-Sí.
(-É.)

-Ahh...
(-Ahnn...)

Aí ela ficou pensativa. Disse:

-I això d'aquí?
(-É isso aqui?)

E levou sua mão para baixo.

Eu:

-Això es diu "calcinha".
(-Isso aí é "calcinha".)

Ela:

-Calcínia?

Eu:

-"Calcinha".

Ela:

-Calcínia.

Coloquei o braço ao redor de seus ombros:

-"CAL-CI-NHA".

-CAL-CÍ-NIA.

Desisti (minha avó fala kiwic em lugar de kiwi, Grabri em lugar de Gabi, Trini em lugar de Raquel...):

-Això mateix.
(-Isso aí.)

Ela ficou pensando de novo, como não acreditando:

-Això d'aquí són les bragues... BRA-GUES.
(-Isso aquí são as bragas... BRA-GAS.)

-També, també.
(-Também, também.)

E fui pro quarto me vestir.

Sunday, May 20, 2007

Mission Statement: Go Make Her Pay

En Fortaleza, Ceará, nordeste de Brasil, murió hace diez días una mujer de 50 años que necesitaba un respirador y un inhalador eléctricos para sobrevivir. La mujer, que vivía con su hija, debía 250 R$ (90 €) a la compañía eléctrica Coelce, proveedora de electricidad al estado cearense y propiedad de la multinacional española Endesa. Dos funcionarios se presentaron en casa de la mujer para avisarle de que si no pagaba la deuda iba a quedarse sin luz. La hija les enseñó documentos que certificaban que la vida de su madre dependía de aparatos eléctricos y su casa no podía quedarse en ningún momento sin suministro. La mujer estaba en una lista de 150 personas de todo el estado que no podían quedarse sin energía eléctrica ni aun en caso de apagón general. Al día siguiente de la primera visita, otros dos funcionarios se presentaron en casa de la mujer exigiendo de nuevo el pago de la deuda. El suministro fue cortado a media tarde. La hija realizó una serie de llamadas telefónicas infructuosas. La madre murió a las 20 h. La luz volvió a las 23 h. En la foto que ilustraba la noticia aparecía una chica de aproximadamente 30 años sentada al borde de una cama individual, con un aparatito cuadrado al lado, a medio metro de otra cama individual vacía y con un edredón de otro color. Las paredes del cuarto estaban vacías y sin pintar y el techo era inclinado y de madera. La cara de la chica era inexpresiva. El día de su muerte coincidió con el día del aniversario de la mujer. La Fiscalía del Estado de Ceará abrió un expediente contra la empresa y ésta puso en marcha una "comisión de investigación interna".

Friday, May 18, 2007

Traduccions de Brasil 22 (Todas as cartas de amor são ridículas, de Álvaro de Campos*)

Para Cristina y Joan, que hoy se casan.


Todas las cartas de amor son
Ridículas.
No serían cartas de amor si no fueran
Ridículas.

También yo escribí en mis tiempos cartas de amor,
Como las otras,
Ridículas.

Las cartas de amor, si hay amor,
Tienen que ser
Ridículas.

Pero, al final,
Sólo las criaturas que nunca escribieron
Cartas de amor
Son las que son
Ridículas.

Quién me diera volver al tiempo en que escribía
Sin darme cuenta
Cartas de amor
Ridículas.

La verdad es que hoy
Mis recuerdos
De esas cartas de amor
Son los que son
Ridículos.

(Todas las palabras esdrújulas,
Como los sentimientos esdrújulos,
Son naturalmente
Ridículas.)


*Pessoa é português, tudo bem. Quem se importa com nações. Nações também são ridículas... ("Minha pátria é a língua portuguesa.")

Thursday, May 17, 2007

Na vitória e na derrota: força sempre



Para os amigos do Brasil (foto e texto de El Periódico de Catalunya). Y para Jorge.

O Espanyol (Espanhol) deixou escapar a Copa da UEFA, como há 19 anos. O Sevilla (Sevilha) ganhou a final nos pênaltis. Foi uma derrota cruel. Como em Leverkusen em 1988. O conjunto catalão caiu com a cabeça bem alta, com honra, sem ter perdido nenhum dos 15 jogos da competição. Nem sequer o de ontem, que se alastrou até a prorrogação. Tudo acabou se resolvendo nos pênaltis. E Palop, goleiro do Sevilla, fez que se repetisse a triste história do Espanyol. Mas a derrota deveria servir para impulsar o time a cotas mais altas.

Há talento, há garra, há criação de jogadores, há torcida. Há futuro, muito futuro. Foi desaproveitada a segunda final européia da história "perica", mas com este time, com estes jogadores, com esta torcida, que acudiu em massa a Glasgow, dá para ir até o fim do mundo.

Thursday, May 10, 2007

Boa noite Brasil



Alguém que já morreu me disse: "A Fernanda é uma gata". E eu fui rápido procurar quem era essa tal Fernanda Takai. E é uma gata mesmo. (Pena que vocês não vão ver ela no vídeo.) E uma palhaça (nesta música ela imita o sotaque português; em outras ela canta com voz de homem...). E descobri mais uma grande banda brasileira: Pato Fu.

A Gabriela me ensinou o que era um stencil. E este vídeo está cheio deles.

E eu vou-me embora do Brasil.

(Mas volto logo.)

Boa noite Brasil.

Tuesday, May 08, 2007

Born to Run

Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado.


I'm driving a stolen car on a pitch black night
And I'm telling myself I'm gonna be alright
But I ride by night and I travel in fear

That in this darkness I will disappear


Continuo ouvindo muito o CD A Tempestade, se bem que menos em comparação ao ano passado, quando ele não saía do meu reprodutor. Sei lá quantas vezes o ouvi seguido... Gosto muito do que dizem os autores do site da Legião onde procuro as letras (coluna á direita): "1996. Tchau... Parece que é isso que Renato canta em todas as faixas. Ele estava deprimido e não quis fazer foto para a capa nem dar entrevista. Marisa Monte compôs com Renato a música 'Soul Parsifal'". Minhas músicas preferidas são "A Via Láctea" e "Esperando por mim", e adoro a complexidade da letra e a linda música de "O Livro dos Dias", última faixa. Se bem que não deveria dizer isso, porque acho todo o CD uma maravilha. Dentre todos os da Legião, é o meu preferido, e o preferido da minha amiga Rose. E marcou minha vida, como a de tantos brasileiros. (Na verdade, não o CD, mas a obra, a personalidade e a história de Renato, de quem também li a biografia que escreveu Arthur Dapieve). Como aos quinze anos o fez Bruce Springsteen, cujo CD duplo The River também não me cansava de ouvir.


Ouvi muito The River quando voltei do meu segundo verão em Dublin (e aqui aparece, pela primeira vez, acho, a "fair city" do título do blog). Cada final de julho deixava atrás muitos amigos e um sentimento de independência e felicidade que só tinha lá. E esse segundo verão (1990) foi especialmente triste porque deixei atrás, também, o meu primeiro amor, uma linda menina de Madri. Tinha comprado o duplo CD The River na Virgin Megastore (que então era novidade: essa super loja nos fascinava, não havia nada parecido na Espanha) da beira do rio Liffey, e ele me acompanhou nas semanas de tédio e solidão do mês de agosto, já em Barcelona. Lembro que ouvia especialmente o segundo disco, onde parecem estar concentradas todas as músicas tristes. E que invariavelmente chorava quando ouvia "Fade Away" ou "Point Blank".

Essa história é engraçada. Cheguei a ter a discografia completa de Bruce Springsteen, inclusive os CD piratas (comprados também em Dublin), que nessa época não eram cópias dos albuns originais, senão gravações de shows ou programas de rádio. Mas... de tanto escutá-lo acabei enchendo o saco, e depois de uns anos dei a coleção toda de presente ao meu irmão Oriol. (Ele virou fanático, e tem continuado comprando os álbuns de Springsteen até hoje.) E acontece que agora, quando escuto as faixas do The River ou do Born to Run deitado na antiga cama dele, gosto de novo, e fico com uma enorme saudade, e queria que os CD fossem meus.

PS: O CD Presente, de rarezas, inclui uma faixa com uma gravação caseira em que Renato toca no violão e canta (gritando e desafinando, como faria qualquer um de nós) "Thunder Road". Eu acredito que a música "Dezesseis", de A Tempestade, tem muito de springsteeniana.

PS 2: Descobri que no site oficial de Renato Russo colocaram um clipe de homenagem a ele nos dez anos de sua morte (se aparecerem duas músicas misturadas, clique no som/stop, arriba á direita). Com imagens inéditas (realmente inéditas, do álbum familiar) e a música "Love in the Afternoon" (que eu traduzi ao espanhol num post de abril). De arrepiar.

Monday, May 07, 2007

Dercy Gonçalves, 100 años

Fragmentos de una entrevista
-divertida, tierna, loca- a Dercy Gonçalves, artista de teatro de revista que el próximo mes de junio cumplirá 100 años.

(Publicada en el suplemento de cultura de la Folha de São Paulo, con portada y cinco páginas, el día 22 de abril de 2007. Entrevista de Valmir Santos y Paulo Sampaio.)

(Es larga, pero no tiene desperdicio.)

Como cantante no ganaba mucho dinero. Era mano de obra, trabajaba en circos, cabarets, puticlubs. Iba de mesa en mesa. Hasta que un día fui a ver a unos portugueses de Coimbra que presentaban un espectáculo en el Teatro Municipal [de Río de Janeiro]. Cuando uno dijo en el palco "Estou todo cagado", la gente se partió de risa. Entonces decidí empezar a decir palabrotas, "puta que pariu", "caralho". Pensé, es así que voy a ganar dinero.

El teatro de revista era más bonito. Era canalla, considerado marginal. Siempre estaba lleno, sobre todo de hombres. Las familias no querían ir a la plaza Tiradentes, al Recreio, Carlos Gomes, João Caetano. Pero cuando la función era en el Gloria, el teatro se llenaba, mucha gente iba a escondidas. Una vez una espectadora alzó la voz diciendo que no podía decir palabrotas. Le dije: "Vai pra puta que te pariu!", y bajé del palco en dirección a ella, salió corriendo. Yo estaba en mi casa, ¿qué coño hacia ella allí?

En mi profesión, no tuve madre, no tuve padre, no tuve familia, no tuve a nadie. Aprendí solita, lo bueno y lo malo.

Una vez fui puta. Un hombre me invitó y dijo que me daba 5 mil reales [antiguos]. Yo pensé: "¿Voy? Tengo que pagar la habitación, no tengo dinero. Voy". Y fui. Cuando terminó, no sentí nada. Él me dio asco. ¿Pero que podía hacer? Vendí el cuerpo.

Hijo mío, las mujeres no sienten placer. Inventan: "Ai, ai"... ¡Mentira! Todo es mentira, no sienten nada, cada una inventa un modo de fingir. Nunca sentí nada por ningún hombre.

Yo no sé si fui puta, porque fui tantas cosas en la vida para los difamadores... Sé que fui desmoralizada, discriminada.

No, nunca fui intelectual. Siempre fui burra y analfabeta. Primero, me desmoralizaron. Era la deslenguada, sólo decía palabrotas, era esto, era aquello. Hoy dicen que soy un ejemplo. No sé qué cambió. Para mí, tanto da como tanto dio. Estoy viviendo bien. No voy a pedir limosna, vendo lo que es mío, vendo mi trabajo. Yo no trabajo gratis para nadie. Iba hasta a cobrarles a ustedes...

Palabrota, hijo mío, es condominio, palabrota es hambre, palabrota es la maldad que están haciendo con un colirio costando 40 mil reales, palabrota es no tener cama en los hospitales.

Yo no creo en nadie, ni en nada. Ni en papa, ni en obispo, ni en santo, ni en Dios. Existe, hijo mío, la naturaleza. Esa fuerza que no tiene nombre, todo eso es Dios.

Nunca me enamoré. Hubo cuatro hombres en mi vida, cuatro hombres con los que conviví. ¡Claro, no iba a vivir con una mujer, coño!

Nunca fui de sexo, nunca fui una mujer sexuada, que se enamorase... En primer lugar, no creo en el sexo. Por naturaleza, estamos hechos de materia vulgar, ordinaria, algo que Él iba a tirar a la basura, pero que decidió aprovechar para crear a la humanidad. De eso está hecha la humanidad. Si la humanidad está hecha de eso, no somos nada.

Yo era "negrita", mi abuela era negra. Era una niña de la calle. Pero nada de eso me afectó porque no sabía qué era el mundo. No tenía ni amigos. Iba por la calle y me perseguían con 7, 10 años, porque el negro es perseguido desde hace siglos.

No tenía principios, no tenía elección, huí de casa con 14 años porque mi padre me pegaba.

La niña no tenía nada, no era nadie. No podía ir ni a la procesión porque no me vestía de ángel, de María. Entonces, esa religión es falsa.

Getúlio Vargas [político, elegido el brasileño más importante de la historia] iba al teatro no por las mujeres, sino por Pedro Dias, que lo representaba dando golpes a los enemigos del pueblo. Getúlio Vargas fue quien nos dio cultura y trabajo. Voto, sí. Voté en Lula.

No soy getulista, no soy nada, carajo. No soy Dercy Gonçalves. No soy nada.

¡Yo qué sé si quedan artistas populares! No soy investigadora, coño. Si el dinero es lo que vale, no valgo nada. Si el dinero es lo que vale, estoy jodida.

Yo lucho para vender mi DVD. Y voy al bingo para que me toque. Me encanta jugar, es un juego honesto, un juego simple, un juego para pobre. Es un juego para jóvenes y viejos. Voy todos los días, no tengo que dar satisfacción a nadie. Ellos me tratan con mucho respeto, yo me distraigo, las horas pasan, matan mi soledad, matan mi falta de familia, mi falta de amigos, mata muchas cosas, hijo mío. Prefiero el bingo a tomar una cerveza en cualquier lugar.

La soledad es lo peor. La soledad te irrita, te deja estresado, te hiere. La soledad te mata. Es la peor cosa que existe. Es el abandono de la familia, de los amigos. Yo salgo a la calle, porque en la calle veo un desastre y me quedo mirando, veo un tiroteo y me quedo mirando... Me encanta todo eso, me distrae.

Yo no me siento sola. Mato la soledad.

No tengo amigos. No creo en los amigos. Tengo buenos conocidos, en los amigos no creo. Porque, si les pido dinero y no les pago, cortan las relaciones conmigo. Eso no es un amigo.

Tuve la oportunidad de huir de casa y salir al mundo, sin ninguna cultura, pero con mucha curiosidad.

¿Bohemia? Sí, me gusta la noche, la madrugada, los cabarets, las boates, los restaurantes; las tabernas, me gusta estar en cualquier lugar.

Mira, Nelson Rodrigues [gran dramaturgo brasileño] no era nada del otro mundo. Llenaba sus obras de verdades y era tratado de "ángel pornográfico", "deslenguado". Antiguamente, todo era recriminado. La obra de él que hice no tuvo éxito, era una porquería.

Nunca me gustó desnudarme. Ese año [Carnaval de 1991] fui a desfilar, pedí el disfraz a un sastre que era un miserable, me hizo un traje que se me caía cuando levantaba el brazo. No podía levantar el brazo. Agarré y fui bailando y cantando. Tenía los pechos lindos. En esa ocasión los mostré. Hubo un griterío, se montó un escándalo, ¿pero por qué? Los senos son lo más lindo de una mujer.

No hijo mío, no me he puesto esta ropa para ti. La llevé ayer. Es bonita, blanca, fui al bingo y la llevo desde ayer. Yo misma me maquillo, me visto y me arreglo.

Estoy mal, acabo de hablar por teléfono y me olvido, acabo de cerrar un negocio y me olvido. Pero siempre tengo a dos chicas que me ayudan. Tomo agua, sal y azúcar, que es mi suero. Huelo rapé para no quedarme dormida, para levantarme dispuesta. Tomo guaraná en polvo para desayunar. Ese es mi remedio para la memoria.

Me hacen gracia algunas cosas... Mi bisnieto, de 5 años. Es una locura. Dice: "Bisa, tú no te puedes morir porque me harás mucha falta". Eso me hace reír. ¿Cómo puede un niño pensar en esas cosas?

Hice psicoanálisis durante mucho tiempo. Me gustó, mejoré, le saqué provecho. Pero es difícil. La madre de mi marido murió loca, y él tenía miedo de que me volviera loca. Me enamoré de uno de los tres analistas. Yo tenía celos de su mujer, era atendida en su casa. Le dije a mi hija: "No me encuentro bien, llama al médico". No sabía por qué estaba preparando aquello, después me di cuenta. Apagué la luz, preparé el ambiente y me tumbé. Él llegó, me miró. "¿Qué le pasa, señora Dercy? ¿Se encuentra mal? ¿La señora no tiene nada, verdad? La señora quiere que venga aquí, está interesada en mí..." La vergüenza fue tan grande que me curé de golpe. Le eché de menos, pero acabó el amor, acabó todo, él me desenmascaró. Eso debería sucederle a todo el mundo, modifica la visión. Nunca más eché de menos a nadie.

El matrimonio no existe. Es un error tremendo obligar a un sujeto a amarrarse a otro sólo por dinero. No se puede querer amarrar a nadie, en la vida hay que ser libre. Me casé porque tenía complejo de estar sin marido el día de la boda de mi hija. Me casé por negocio.

Nunca fui presumida porque siempre lo hice todo de un modo diferente al de los demás.

Yo no soy vieja. Tengo una edad, pero no tengo espíritu de vieja. Tengo espíritu de joven, vivo la vida alegre y feliz, me gusta la calle, el Carnaval, viajar. Me canso, pero diez minutos después estoy bien.

Para qué quiero premios. No quiero esa mierda. Quiero dinero. No me des premios, los odio. Tengo más de 20 placas, Dercy Gonçalves el carajo... Lo que vale es tener dinero para mantenerse, salir de la calle y no tener que ir al asilo ni al hospital de misericordia.

Yo no quería, me daba golpes en la barriga para no tenerla. Pasé nueve meses sin cambiarme de ropa, esa ropa apestosa. Odiaba estar embarazada, odiaba la vida porque no podía trabajar barriguda, fea. Cuando nació mi hija sentí una responsabilidad muy grande. Primero, una mujer. Pensé: "Otra puta". Éramos marginales, pensé, otra. Luego se enamoró de un chico de Tijuca, fueron novios durante 13 años. Y se casó virgen.

La virginidad de la mujer era una cosa preciosísima, ahora no vale nada. Hoy la virginidad es como el lodo. La mujer está desvalorizada totalmente porque se entrega como una perra.

¿Y ustedes, los hombres? Yo no sé cómo andan bien vestidos, porque sólo son ladrones. Una falta de gusto tremenda. Pantalones rosas con camisa verde, pendientes. No son hombres, no tienen dignidad. A mí me gustan los hombres bien vestidos. Aprecio mucho al macho, cuando es macho, pero la mayoría no lo es.

Sunday, May 06, 2007

Vamos fazer um filme

Eu gostaria de fazer um filme sobre a viagem duma guria e dois guris até uma praia longínqua. Ela estaria morrendo de doença incurável, e antes de chegar à praia iniciaria os meninos nos secretos da vida e do sexo.

Pena que esse filme já existe.

Saturday, May 05, 2007

Traduccions de Brasil 21 (Mil pedaços, de R. Russo)

Yo no me perdí
Y aun así me abandonaste
Quisiste partir
Y me dejaste solo
Pero me voy a acostumbrar
Al silencio en casa
Al plato solo en la mesa
Yo no me perdí
El sándalo perfuma
El hacha que lo hirió
Adiós, adiós, adiós mi gran amor
Y tanto da
De lo que me quedó
Guardo un retrato tuyo
Y el recuerdo más bonito
Yo no me perdí
Y aun así nadie me perdonó
Pobre corazón -cuando el tuyo
Estaba conmigo era feliz
No sé por qué
Sucede así y es sin querer
Lo que no tenía que ser
Voy a huir de este dolor
Mi amor, si quisieras volver, no vuelvas, no
Porque me rompiste en mil pedazos


***


Hoje eu vou deambular pela cidade não como um flanêur, como aprendi a fazer, mas como fazem os solitários e os loucos.