Thursday, August 30, 2007

The World According to Garp

Para engendrar ele, a mãe de Garp, enfermeira da Nova Inglaterra que odeia os homens, usa um artilheiro da Segunda Guerra que jaze no hospital e só tem ativo o membro viril. Este é o inicio dum livro louco -o primeiro romance de John Irving- com: assassinato a tiros (três), assassinato a facadas, estupro (dois), acidente de carro, acidente causado por condutor homicida, olho furado, pênis amputado (dois), braço amputado, orelha arrancada (duas, uma de cachorro), língua cortada (inúmeras). E com muito sexo: infidelidade tradicional, infidelidade moderna ou consentida, intercâmbio de casais, sexo com empregada, sexo com aluno, sexo oral, sexo transexual... O autor parodia pessoas (a mulher de Garp, professora de literatura, é a única personagem "normal"), comportamentos (preocupação com a segurança dos filhos), movimentos (feminismo), profissões (escritor, editor)..., sempre com um pé na realidade: com todo seu exagero, o mundo de Garp não deixa de ser humano e real. Fica longo demais por causa de três contos que o recheiam e que o autor atribui a Garp, mas, mesmo assim, é um livro para não parar de ler, e, a cada três ou quatro páginas, soltar uma gargalhada. A tradução é boa e Garp não se importaria com isso, mas a sexta edição de bolso ainda contém uma montanha de erros tipográficos. E a capa, Maritrini, com essa moldura xadrez, é feia, inclusive para quem gosta de E. Hopper. Posso dar três corações e meio?

Lido em espanhol.

Tuesday, August 28, 2007

Miró

Para Gabriela, artista mironiana.

Interpretación de Juanjo Sáez del cuadro (tríptico) "L'esperança del condemnat a mort", de Joan Miró (del libro El Arte: Conversaciones imaginarias con mi madre).

Saturday, August 25, 2007

Traduções ao português 5 (The Boy With The Thorn In His Side, de Morrissey, Steven, Marr e John)



(Eu gosto desta música dos Smiths. Ela me fez pensar em
Perry Smith, e em várias outras pessoas.)

O menino com a espinha cravada
Atrás do ódio se esconde um desejo assassino de amor

Como podem olhar nos meus olhos
E ainda não acreditar em mim?
Como podem me ouvir dizer essas palavras
E ainda não acreditar em mim?

E se não acreditam em mim agora
Acreditarão em mim alguma vez?
E se não acreditam em mim agora
Acreditarão em mim alguma, alguma vez?

O menino com a espinha cravada
Atrás do ódio se esconde um desejo despojado de amor

Como podem ver o amor em nossos olhos
E ainda não acreditar em nós?
E depois de todo este tempo
Não querem acreditar em nós

E se não acreditam em nós agora
Acreditarão em nós alguma vez?
E quando a gente quer viver, como a gente começa?
Aonde a gente vai, quem é preciso conhecer?

Monday, August 20, 2007

In Cold Blood

Vou tentar falar sobre este livro... Com simplicidade, porque andei visitando uns blogs brasileiros sobre literatura onde tem tudo menos isso. Uf. Só chatice e exibicionismo. Enfim. O livro estava na fila há muito tempo, e queria ler ele em inglês -estava bem atrás na fila porque agora queria ler em espanhol (estava esquecendo minha segunda língua!). Mas li ele agora, e em espanhol, por dois motivos. 1) A Maria, que escreve grandes (e simples! :) resenhas de livros, me aconselhou não adiar mais o momento de lê-lo, apesar de eu não gostar especialmente do assunto. Ela é jornalista (e agora, mãe!) e falou que esse era um dos melhores livros que leu na vida (entre outras observações). 2) No mesmo dia, no jornal que eu estava lendo no café duma livraria, uma tradutora dava como dica de leitura para o verão (cada dia tem dicas de leitura de algum profissional conceituado) a nova tradução ao espanhol de A sangue frio. Nova? Como eu já estava na livraria, fui dar uma olhada. Lá estava, e aqui posso adicionar um motivo 3. 3) Além de ser da editora Anagrama -minha preferida-, a nova tradução era de Jesús Zulaika. Jesús Zulaika é quase um "velho amigo": o tradutor dos melhores escritores anglo-saxões da editora, especializada neles. Mas... ele tinha sumido estranhamente há alguns anos, e muitos desses escritores passaram a ser traduzidos por um tal Jaime Zulaika. Irmão? Talvez, mas as traduções dele, sendo boas, não eram igualmente boas. Li várias vezes o nome para ter certeza que era o Jesús e não o Jaime. Era. Jesús ressuscitado. Pensei: Esse cara deve estar abastado, morando na praia, lendo ou escrevendo, ou esquecido completamente das duas coisas, e só deve ter aceito a encomenda de traduzir uma obra-prima. Comprei o livro, claro. A pesar da capa. Eu gosto dessas capas cor de creme (que não mudaram desde que a editora foi fundada, há mais de 30 anos), mas a Maritrini, minha amiga argentina, cujo senso estético e talento artístico eu respeito e gostaria de ter :p, diz que elas são "feias pra caramba": a esha no le gustan. Eu até que gosto delas, e acho bom poder identificar facilmente os livros da editora que eu mais gosto, e um dia vou juntar todos eles numa estante e vai ficar bonitinho.

Ontem estava trabalhando no quarto do computador, sem conseguir me concentrar, e ouvi que na sala meu irmão Oriol estava vendo Friends (na verdade não estava vendo Friends, estava roncando no sofá). Aí resolvi ver uns minutos o seriado para me desestressar. Era um episódio muuuuuito antigo que eu não tinha visto. Não importa. O que aconteceu foi que apareceu o Joey Tribbiani e pensei, Putz, É O PERRY SMITH!!! Posso ter sido influenciado pela capa (feia?) do livro, que é um fotograma do filme Capote (Perry é o cara do meio, entre os policiais -quem não sabia agora já sabe: ele é preso :o), mas acho que não; acho que, tirando o sentido do humor, porque o Perry é ingênuo, e inculto -se bem que muito inteligente-, mas nunca faria uma piada, vi no Joey a personagem descrita nas páginas do livro. Perry é um dos dois assassinos e aquele a quem Capote dedica mais atenção, mais tempo, e é uma personagem que já não vai sumir da minha cabeça (e isso é raro que aconteça, raro até com os melhores romances). Dick é o colega dele, um cara muito diferente, e, esse sim, piadista. E depois tem o investigador principal. E o pai da família assassinada. E deu. Deu porque as outras personagens, umas 100, são todas secundárias, têm menos espaço e ficam pouco tempo na mente do leitor: são os vizinhos e amigos da família Clutter, os investigadores, os familiares dos criminosos, as pessoas que estes conhecem na sua longa fuga, advogados, presos. Com os cenários acontece uma coisa parecida. A cidadezinha do estado de Kansas onde o crime acontece e recriada vividamente, mas são fugazes (não esquemáticas) as descrições dos lugares visitados pelos fugitivos no seu longo périplo (que os leva até o México, até Nevada, até Florida...).

Tudo bem. Se existe um romance perfeito, é este. Com tudo o que isso tem de bom é de ruim. De ruim, tem que pode parecer frio demais. De bom tem tudo o resto. A escrita é a que eu mais gosto, realista, com atenção ao detalhe, com uma procura da objetividade máxima, sem intromissões do narrador. E só pra completar a informação: como falou um professor muuuuuuuito chato que eu tive no primeiro ano de faculdade (digo o nome? não digo), este é o romance que inaugura o novo jornalismo, que é aquele que explica as noticias como quem escreve um romance e que é a marca da revista The New Yorker. E outra, uma coisa que eu gosto muito: este romance, como The Great Gatsby, foi escrito com a colaboração dum editor, o editor dessa revista. Agora os editores se dedicam ao marketing e nem lêem os originais que publicam; há um tempo, animavam, empurravam os escritores a escrever bons livros; e há ainda mais tempo, quase que dá pra dizer que escreviam junto com seus autores, conversando, trocando montes de cartas com eles. Saudade desse tipo de editor...

Este é o romance ideal para quem não entende o crime. Como alguém pode cometer um crime. Neste caso, um quádruplo assassinato com premeditação. Neste ano, um menino foi arrastado por um carro pelas ruas do Rio de Janeiro durante sete quilômetros. Ficou destruído. Dele só restaram os ossos e a pele em tiras. Foi uma tragédia que os cariocas demoraram em superar -ficaram dias sem nem poder tocar no assunto. Eu cheguei ao Rio sete dias depois disso ter acontecido. E mais tarde, já em Porto Alegre, fiquei indignado com uma coisa. E é que três ou quatro semanas depois desse crime brutal, os mais sérios jornalistas do país ainda se referiam aos criminosos com palavras como "monstros" ou "inumanos". É obvio que não eram isso. E também, que acreditar nisso só leva a não entender nada e a não poder prevenir crimes futuros. A sangue frio ajuda a entender como uma pessoa chega a cometer um crime. E até a sentir simpatia por essa pessoa. E olha que o autor não pretendia isso, senão descrever o que aconteceu da maneira mais objetiva possível. É um livro bom, também, para entender a brutalidade da pena de morte (ups, estou revelando tudo!; mas quem não leu já viu o filme, né?). Mas isso a maioria das pessoas já sabem. Só esses loucos do meio-oeste dos Estados Unidos não entendem. Ontem os texanos comemoraram o assassinato do preso número 400, bem faceiros.

A tradução espanhola é perfeita. Parece um livro escrito diretamente em espanhol. E um detalhe. Tem meia dúzia de frases cafonas. Quem ia dizer isso de Capote! Mas num livro de 400 páginas isso é uma anedota. E outra: depois do juízo, o autor parece começar a se interessar menos pela história. Mas isso também não é tão importante. Livro indispensável para entender como uma pessoa pode se destruir desde a infância. E indispensável para os estudantes de jornalismo. E não sei como a Maria coloca os corações no final das suas resenhas, mas a este livro, eu dou todos.


Lido em espanhol.

Sunday, August 19, 2007

Traduções ao português 4 (Thanks for the Dance, de Anjani, L. Cohen e J. Lissauer)

(Pode ouvir aqui.)


Obrigada pela dança
Lamento que estejas cansado
A noite apenas começou
Obrigada pela dança
Tenta parecer inspirado
Um dois três, um dois três um

Uso uma rosa no cabelo
Meus ombros estão nus
Tenho usado este traje
Desde sempre
Aumenta o volume
Serve todo o vinho
Para na superfície
A superfície é legal
Não precisamos ir mais profundo

Obrigada pela dança
Ouço que estamos casados
Um dois três, um dois três um
Obrigada pela dança
E que o bebê que eu levei
Era quase uma filha ou um filho

E não há nada a fazer
Exceto se perguntar se tu
É tão inútil como eu
E tão decente

Estamos unidos no espírito
Quadris unidos
Unidos no pânico
Nos perguntando se
Temos chegado a algum tipo
De acordo

Foi legal foi rápido
Eu fui a primeira eu fui a última
Na fila no
Templo do Prazer
Mas o verde era tão verde
E o azul era tão azul
Eu era tão eu
E tu era tão tu
A crise foi leve
Como uma folha

Obrigada pela dança
Tem sido um inferno, tem sido um agito
Tem sido genial
Obrigada por todas as danças
Um dois três, um dois três um

Thursday, August 16, 2007

Wednesday, August 15, 2007

Traduccions de Brasil 34 (Pais e filhos, de R. Russo)



(Renato dá um show neste vídeo.
)

Ninguna de estas canciones exige mayor presentación. Están ahí, como si ahí hubieran estado desde siempre. Son canciones incorporadas al inconsciente colectivo, de las que la gente canturrea sin saber por qué -son clásicos.

Arthur Dapieve



Estatuas y cofres
Y paredes pintadas
Nadie sabe qué pasó
Ella se tiró de la ventana del quinto piso
Nada es fácil de entender.

Ahora duerme:
Es sólo el viento ahí afuera.

Cógeme en brazos
Voy a huir de casa
¿Puedo dormir aquí con vosotros?
Tengo miedo
Tuve una pesadilla
Sólo volveré después de las tres.

Mi hijo tendrá nombre de santo
Quiero el nombre más bonito.

Es preciso amar a las personas como si no hubiera mañana
Porque si te paras a pensar,
En realidad no lo hay.

Dime cómo es que el cielo es azul
Explícame la gran furia del mundo.

Son mis hijos quienes cuidan de mí
Yo vivo con mi madre pero papá me viene a visitar
Yo vivo en la calle, no tengo a nadie
Yo vivo en cualquier lugar
Viví en tantas casas que ya ni me acuerdo
Yo vivo con mis padres.

Es preciso amar a las personas como si no hubiera mañana
Porque si te paras a pensar,
En realidad no lo hay.

Soy una gota de agua
Soy un grano de arena
Dices que tus padres no te entienden
Pero tú no entiendes a tus padres.

Culpas a tus padres de todo
Y eso es absurdo
Son niños como tú.
¿Qué vas a ser
Cuando seas mayor?

Traduccions de Brasil 33 (Tempo perdido, de R. Russo)

Cada día al levantarme,
Ya no tengo el tiempo que pasó
Pero tengo mucho tiempo:
Tengo todo el tiempo del mundo.

Cada día antes de acostarme,
Recuerdo y olvido cómo me fue el día:
"Siempre adelante
No hay tiempo que perder".

Nuestro sudor sagrado
Es mucho más bello que esta sangre amarga
Y tan seria
Y salvaje.

Mira el sol de esta mañana ceniza:
La tormenta que llega es del color de tus ojos castaños
Así que abrázame fuerte y dime una vez más
Que ya estamos distantes de todo:
Tenemos nuestro propio tiempo.

No me da miedo la oscuridad,
Pero ahora deja las luces encendidas.
Lo que fue escondido es lo que se escondió,
Y lo que fue prometido, nadie lo prometió.

Ni fue tiempo perdido;
Somos tan jóvenes.


Renato siempre al rescate cuando estoy triste...! =)

(Traducido escuchando The Boy With The Thorn In His Side. El ídolo tenía sus propios ídolos, y uno de ellos era Morrissey.)

(Nunca había traducido esta canción, pero ha estado siempre en la columna de links.)

Agosto en Barcelona

Me da igual lo que piensen quienes odian todo lo que viene de Estados Unidos. Cuando llega el verano y todo Barcelona excepto el centro se convierte en un desierto, y tengo que caminar kilómetros para encontrar un quiosco donde comprar el periódico, y las viejecitas me paran en la calle para preguntarme dónde pueden comprar el periódico y dónde pueden ir a comer un croissant y tomar un café, y cuando todo el mundo cierra y ni se molesta en poner un letrero con información en la puerta, o abre y cierra al tuntún, un día sí, otro no -¡qué lejos, que lejísimos está Barcelona de ser una metrópolis como Londres, París o Nueva York!-, cuando todo eso sucede, nos quedan esos pequeños oasis llamados Starbucks Coffee, con café, con donuts y croissants y muffins de todo tipo, con los periódicos del día, con mesas para trabajar, sofás para leer novelas, música bajita y camareros amables -¿les obligan a ser amables?, ¿es política de la empresa?; me da igual: lo son-, siempre abiertos.

TV

Aqui na Espanha o verão é tri porque ninguém vê TV. Os apresentadores ruins estão em ferias e agora só trabalham os muito ruins ou os que estão aprendendo a ser ruins. E a gente lê.

Tuesday, August 14, 2007

Good Things


W. Haase Wojtyla


There is only one thing better than running and then having a cold shower while emptying a full bottle of water from the fridge.

Sunday, August 12, 2007

Zing Boom

Adoro essa palhaça, adoro ela quando ela não é cool.
Ela conseguiu me animar (obrigado, Ronaldo, pelo envio).
E que comentários hilários, haha!



thisstrongheart (10 hours ago)

the lyrics on bjorks website say "zing boom"
(Reply)

springlemon5 (13 hours ago)
no its zing boom wami!!!!!! younut head !
(Reply)

SolitudexInside
(19 hours ago)
i sure its you blow a fuse SIMPLE
(Reply)

thisstrongheart
(20 hours ago)
nopes its defintely "ZING BOOM" and "WOW BAM"
(Reply)

wynniejay
(1 day ago)
i was sure she was saying simple...
(Reply)

horrorpopsjess
(2 days ago)
Zig boom
(Reply)

Josmery16
(2 days ago)
i'm pretty sure it's ZING, BOOM!
(Reply)

Brittany0414
(2 days ago)
i think its you blow a fuse SIGBOOM
(Reply)

Egyptianhound
(2 days ago)
this is an uktra-random song and video
ahahahahhahaha
(Reply)

Friday, August 10, 2007

Traduções ao português 3 (do romance The Human Stain, de Philip Roth)

Não o Deus hebreu, infinitamente solitário e escuro, com a monomania de ser o único deus que existe, quem não tinha nem terá nunca nada melhor a fazer do que preocupar-se dos judeus. E não o perfeitamente desexualizado homem-deus cristão e sua mãe incontaminada e toda a culpa e a vergonha que inspira um caráter sobrenatural excelente. Em vez deles, o Zeus grego, embrulhado em aventuras, de expressividade vívida, caprichoso, sensual, entregue, exuberante, qualquer coisa menos só e oculto. Em vez da deidade judeo-cristã, a mancha divina. Como diz a fantasia do nosso orgulho desmesurado, estamos feitos à imagem de Deus, sim, mas não do nosso..., senão daquele dos antigos gregos. Deus vicioso. Deus corrompido. Um Deus da vida se jamais existiu. Deus à imagem do homem.














O gralho é uma das personagens do livro, tão interessante e complexa quanto as outras.

Tuesday, August 07, 2007

Traduções ao português 2 (do romance Everyman, de Philip Roth)

Meus dois trechos preferidos do livro. No primeiro, o protagonista, diretor criativo duma agência publicitária, 50 e tantos anos, casado, acaba de transar com a secretaria, de 19 (depois de duas semanas, ele diz, "ela já estava de joelhos no chão do escritório"). Ninguém sabe de nada:

Uma manhã, justo depois dela ter se levantado do chão e voltado à sua mesa na parte externa do escritório, e enquanto ele ainda estava de pé, vermelho, no meio da sala e ajustando-se as roupas, seu chefe, Clarence, gerente da empresa e vice-presidente executivo, abriu a porta e entrou. "Onde é o apartamento dela?", Clarence perguntou. "Eu não sei", ele respondeu. "Use o apartamento dela", Clarence falou severamente e saiu.

O segundo. Este, serio. O protagonista, já com 70 anos, vem de fazer três ligações para consolar três amigos muito doentes:

Se ele tivesse sido consciente do sofrimento mortal de cada homem e mulher que chegou a conhecer durante todos os anos de vida profissional, cada um deles com sua dolorosa história de remorso, perda e estoicismo, de medo e pânico e isolação e pavor, se ele tivesse tido conhecimento de cada pequena coisa que eles perderam que uma vez tinha sido vitalmente sua e de como, sistematicamente, eles estavam sendo destruídos, ele deveria ter ficado no telefone durante todo o dia e até a noite, fazendo outras cem ligações ao menos. A velhice não é uma batalha; a velhice é uma massacre.

Sunday, August 05, 2007

ihateharrypotter.com

... the same useless tangents that don't relate to the rest of the book...

Hoje, domingo de noite, agosto, sem nada pra fazer, meu irmão Oriol sugeriu ver um filme lixo. Eu não queria ir, ele insistiu. Falou que, sendo um programa lixo, a noite devia incluir uma janta no McDonald's que tem perto do cinema. Assim seria trash movie + trash food. McDonald's + Harry Potas. Para embotar as nossas mentes e os nossos corpos de vez. Eu, louco, fui. Acho que é porque achei legal comer um Big Mac com meu irmão.

3 horas depois... (ou foram 6?):

A próxima vez que o Uri queira fazer um programa basura, vou dizer a ele que prefiro comer cinco Big Mac seguidos e ficar como uma vaca do que ver um Harry Potter. Juro, aos 45 minutos eu queria ir embora, teria ido embora se tivesse estado sozinho. Pena que não comentei isso com ele, porque acho que ele teria ido embora também. Três filmes seguidos da época mais chata do Bergman teriam sido menos pesados de ver.

Saí pensando em criar um ihateharrypotter.blogspot, mas imaginei que já existiria. Existem vários, e gostei deste aqui (nele se fala de McDonald's também!). O autor diz algumas das coisas que eu acho, e as diz dum jeito muito mais razoável do que eu seria capaz. E dá dicas de bons livros de literatura fantástica pra ler. (Dois deles eu ganhei uma vez de presente da minha amiga Kris: thank you.)

Wednesday, August 01, 2007

Traduccions de Brasil 32 (Ih, mais fone, de Ivan Lessa)

Yo y un pequeño círculo exclusivo, cult y emblemático formamos el que es el último bastión contra el teléfono móvil.

Somos todos provectos. Todos de un tiempo, para citar al cronista Rubem Braga, que a su vez citaba a otra persona, en que todas las neveras eran blancas y todos los teléfonos eran negros.
Abríamos la nevera blanca y de ella sacábamos una cerveza fría, de chapa oscura, cogíamos el teléfono y llamábamos a un amigo o a la novia, y ahí nos quedábamos, charloteando.
Último bastión, digo. Pues nos llamamos a nosotros mismos el Último Sebastián, ya que es necesario que alguien en alguna parte impida que esa perla onomástica caiga en el olvido.

¿Qué tenemos contra el teléfono móvil?

Respuesta simple: no es sólo hartazgo de todas esas personas que andan diciendo bobadas con ese aire idiota por la calle, aparentemente en animada conversación consigo mismas, como si fueran, no sólo bobas, sino también locas de atar.
El teléfono móvil sólo está justificado como instrumento en manos, boca y oído de agentes inmobiliarios o vendedores de "crack".
Sabemos, como dictan las encuestas y el sentido común, que el 98% de todas las llamadas son absolutamente inútiles, innecesarias, derroches de dinero.
Sabemos más -y en este punto reside nuestra actitud superior-, mucho más.
Sabemos que toda esa charla es la manera que la humanidad tiene de gritar su soledad, de proclamar al margen de sus dependencias lo insoportable de su silencio interior, la falta de asunto de su alma.
Por eso nosotros, último bastión, nos apiadamos de la humanidad.
No vamos a salvar las ballenas, no podemos impedir las emisiones de dióxido de carbono, no sabemos qué hacer para impedir el deshielo de los casquetes polares. Sin embargo, a pesar de los disgustos y fastidios que envuelven la vida por todos los lados, sentimos todavía (antes sentíamos más) algo de lástima.
Una penita, digamos. De todos nosotros. De la gente joven e indómita que un día, hace mucho tiempo, cuando los animales todavía hablaban, fuimos: muy mozos y muy necios, idealistas de medio pelo y sin un duro en el bolsillo, seguros de que la humanidad podía y debía salvarse, fuera a través del pseudocientificismo marxista o de la fe en una (como decíamos entonces) "cosa mayor".
Sí, así es. Nos dolían los dientes sólo de pronunciar la palabra religión.
Juventud, mocedad.
Están por todas partes, esos aparatitos. Reproduciéndose como ratas.
Con ellos se habla, se sacan fotos, se graban vídeos, se naufraga en Internet, se intercambian desafueros por e-mail, se inventa un lenguaje nuevo para decir cosas viejas, se ven peliculitas y peliculotas, se oye o se ve lo que no debería haber sido nunca dicho o mostrado.
"¡Alelados!", grita desde el otro lado de la calle el anciano caduco.
Y ahora llega el iPhone.
De él y con él se habla mucho. Y se hacen muchas otras cosas. Todas vergonzosas o impúdicas.
Llegó primero, como siempre, a Estados Unidos. Hay gente que durmió en la calle para ser la primera en comprarlo.
Nos llega ahora al Reino Unido y, es de creer, a toda Europa.
Los suplementos informáticos de los periódicos van llenos de consideraciones y pálpitos.
Un palique de lo más técnico de gente lega en la vida. Eso es lo que quería decir: quien usa celular, o alguno de sus congéneres, modelos avanzados u obsoletos, es gente lega en la vida, en el vivir.
Vivir se hace en directo, ahí encima en el trapecio, y sin red de ningún tipo: ni arriba, para comunicarse, ni abajo, para frenar la caída.
Pero hay más, y es peor: vivir lo hace uno solo.
Puedes llamar al otro tanto como quieras, que el otro no está allí. A fin de cuentas, no hay otro. No lo había cuando marcábamos el número en el teléfono negro, no lo hay cuando subimos la ladera hablando y riendo solitos.
El otro, por más que tú lo busques, no atiende, no tiene contestador automático, no deja recados.
Nunca hubo un otro. Nunca lo habrá. Sigue buscando en los libros, las películas, la televisión, los bares.
No hay otro, repito e insisto. No hay nadie. Tal vez ni siquiera tú.
He aquí una posible sorpresa: el Último Sebastián puedes ser tú. Olvida el teléfono móvil. No hay nadie en ninguno de los dos lados de la linea.
Habla solito a voluntad. Bajito, por favor. Para que lo sepan el mínimo de personas.