Monday, June 30, 2008

Traduccions de Brasil 49 (A pequena praça, de Sophia de Mello Breyner Andresen*)

Mi vida había tomado la forma de la pequeña plaza
En ese otoño en que tu muerte se organizaba meticulosamente
Yo me agarraba a la plaza porque tú amabas
La humanidad humilde y nostálgica de las pequeñas tiendas
Donde los cajeros doblan y desdoblan cintas y telas
Procuraba volverme tú porque tú ibas a morir
Y la vida toda dejaba ahí de ser la mía
Procuraba sonreír como tú sonreías
Al vendedor de periódicos al vendedor de tabaco
Y a la mujer sin piernas que vendía violetas
Pedía a la mujer sin piernas que rezara por ti
Y encendía velas en todos los altares
De las iglesias que hay en el rincón de esta plaza
Y cuando abrí los ojos y vi fue para leer
La vocación de lo eterno escrita en tu rostro
Yo convocaba las calles los lugares las personas
Que fueron testimonios de tu rostro
Para que te llamaran, para que deshicieran
El tejido que la muerte entrelazaba en ti


*Portuguesa.

Saturday, June 28, 2008

Hoje à noite sonhei com Cesc

Cesc Fábregas é grande. Talvez não seja genial como Riquelme, nem tão soturno, e por isso eu gosto mais do argentino. Mas ele é um dos melhores meias do mundo. (Ele tem outra coisa em comum com Román: O Barcelona deixou escapar os dois, hahshuhauhauhau!)


Uri, Cesc e o colega cabeludo do Uri.

Este é o comercial da Smint. Não atirem contra o mensageiro meu irmão, OK? O Uri fez coisas muito melhores, ele vai concordar. E quem faz publicidade sabe que o cliente é quem manda, e o cliente nem sempre... enfim, deixa pra lá.



O protagonista, óbvio, também fez coisas melhores. E algumas maravilhas eu pude ver no segundo tempo do Espanha-Rússia, quinta-feira passada (que bom que matei o "segundo tempo" da minha aula, hehe). Maravilhas como esta (Cesc não é quem marca, é quem assiste, o "10"):



Sobre o que dizem os jornais do Brasil (pergunta do meu pai), traduzo da Zero Hora:

"La Eurocopa se encamina a la gran final, que hace justicia a la lógica superior de los acontecimientos. Rusia tuvo una actuación vigorosa y llena de talento, pero sucumbió delante de una notable exhibición colectiva de España, con individualidades destacadas y autoritarias. Y fue bueno para la autoestima española, tan perjudicada por los últimos fracasos. (...) La Eurocopa fue un gran evento, que termina este domingo en Viena con un partido de los que no hay que perderse. (...) España llega como favorita, pero tumbar a equipos favoritos y 'equipos sensación' no es ninguna novedad para Alemania."


PS: Jonas, apostar pelos russos... só no basquete! :)

Friday, June 27, 2008

The Swimmer, Cheever and an Odd Writers' Workshop



"The day was lovely, and that he lived in a world so generously supplied with water seemed like a clemency, a beneficence."

(John Cheever, "The Swimmer")

"C'était une merveilleuse journée, et il ressentait comme une faveur, un privilège, le fait de vivre dans un monde si généreusement approvisionné en eau."

(John Cheever, "Le Nageur")

(Envoyé par Clotilde.)


Now, from The New Yorker's report "Hungry Minds", by Ian Frazier:

The Church of the Holy Apostles, at the corner of Twenty-eighth Street and Ninth Avenue in Manhattan, is a church only two-sevenths of the time. The other five-sevenths—every weekday (...) is the largest soup kitchen in New York City. It serves an average of about twelve hundred meals a day.

(...)

I know about the soup kitchen because I am one of the teachers of a writers' workshop that meets there after lunch on Wednesdays in the spring. I started the workshop fourteen years ago, with the help of a grant. I wanted to do something with the soup kitchen because I admired the people there and the way it is run and the whole idea of it.

(...)

Once when I was sitting at my table by the door, a tall, thin, long-faced black man with deep-set eyes made deeper-looking by the hood of his dark sweatshirt stopped at my table. As he was adjusting his clothing for outside, he looked at my sign. "Writers' work-shop!" he said, in a tone indicating that he was not impressed by the idea.

"Yes, we meet every Wednesday at twelve-thirty in the narthex, that little room in the front of the church. Would you like to join?" I asked.

"Uh-uh, no," he said. "I ain't doin' no writers' workshop. I done that shit before."

"Really? You were in a writers' workshop before?"

"Hell yes I was. And my teacher was a better writer than you."

"Oh? What writer was that?"

"John Cheever."


Apparently, the guy had been in a workshop that Cheever taught at the prison in Ossining, back in the seventies. I had met Cheever once, and the guy and I talked about him for a while. I asked the guy what he had learned from the workshop with Cheever, and he said, "Cheever, you understan', he was a brilliant writer. When he wrote something, he always had two things going on at a time. He told us, when you writin', you got this surface thing, you understan', goin' on up here"—he moved his left hand in a circle with his fingers spread apart, as if rubbing a flat surface—"an' then once you get that goin' on, now you got to come under it"—he brought his right hand under his left, as if throwing an uppercut—"come under this thing here that's goin' on up here, you understan'. That was how John Cheever said you write."

"John Cheever had that writers' workshop at Ossining," he continued, "and later he wrote a book about the prison, Falconer, and it was a No. 1 best-seller. I ain't in that book. He got a best-seller from the workshop, and I didn't get shit. I ain't doin' writers' workshops no more."

Complete story

Wednesday, June 25, 2008

Sereias de Fortaleza

(Conto para a Oficina de Criação Literária.)


De manhã, nas dunas

– Com emoção ou sem emoção? – pergunta o motorista do buggy, alargando o sorriso, ao chegar ao topo da primeira duna.
– Hmmm... Com um pouquinho de emoção – responde o turista, de Salvador.
– Sem emoção nenhuma – corrige-o, severa, a namorada paulistana.
O forasteiro não diz nada. Pensa que é assim que as coisas são.

De tarde, na pousada

Mulheres Apaixonadas. Capítulo 124. O homem diz à mulher alguma coisa importante, alguma coisa em seu interesse (que ela deveria ser persistente e gravar as músicas que tem escrito, ou que deveria terminar o livro em que tem trabalhado tanto tempo), e ela olha para ele com olhos bovinos, sem processar o que está escutando, sem ligar a mínima para o que está escutando, porque o que quer – a única coisa que ela quer – é o beijo. Assim, ela fecha os olhos, seus olhos rendidos, e precipita-se sobre os lábios dele. Para obter mais um simples beijo – para continuar beijando-o.

De noite, no restaurante

Fortaleza é uma cidade cheia de europeus feios, de meia-idade, relativamente abastados, chegados com o propósito de ter sexo com meninas brasileiras pobres. Três deles, italianos, estão sentados em uma mesa próxima à do forasteiro. Bronzeados, de cabelo engomado, usam camisas brancas de algodão desabotoadas no colo e não fazem nada exceto rir espalhafatosamente e mostrar seus relógios caros às meninas negras com quem estão jantando – duas meninas muito jovens que simulam pendurar-se de palavras que nem sequer entendem.

De madrugada, no boteco

O forasteiro lembra-se dos italianos ao encontrar, de madrugada, um homem semelhante: um belga careca e com a cara rosada, pingando suor, cujo nome não retém. O homem tem plena confiança em ter sexo com Simone – garota muito magra, morena, de dezoito anos, diz ela – e ridiculariza as meninas com quem está tomando drinques por não saberem nada de Lucky Luke ou Simenon.
Então diz berrando ao forasteiro, indicando-lhe Simone:
– C’est domage son visage!
Espalhadas na cara da menina há algumas marcas de acne juvenil.
Alerta, maternalmente protetoras e expertas, as duas amigas mais velhas fazem com que o belga saia espantado e correndo do bar.

De manhã, na praia

O forasteiro bóia de costas na água, com a esperança de que a corrente o leve perto de onde nadam as sereias. Quase chegando ao seu lado, não levanta a cabeça. Sob a água ouve o cric-cric das pedrinhas do fundo, revoltas pelas ondas, e as gargalhadas delas, que não lhe prestam atenção. Pensa em fazer um movimento engraçado, mas logo desiste. Tudo bem considerado, retorna à areia. Lá outras sereias tomam banho de sol. Pensa em ir até elas, falar para elas. Mas não vai. Fica a olhar àquela que repousa meio erguida na sua frente. Sereia quase nua olhando para o horizonte. O sol deve estar deixando-a cega.

Tuesday, June 24, 2008

Da Folha para vocês 8 (resenha do livro Fieldnotes From a Catastrophe, de Elizabeth Kolbert)

(Reseña de Claudio Angelo, editor de Ciencia.)

Son muy pocas las personas que pueden decir que vieron el fin del mundo y volvieron para contarlo. La periodista americana Elizabeth Kolbert es una de ellas. Y qué historia cuenta: quien todavía tiene alguna duda sobre la dimensión del estrago que el calentamiento global ya está causando debería leer inmediatamente Fieldnotes From a Catastrophe, libro de Kolbert que acaba de ser publicado en Brasil (Planeta Terra em Perigo - O que está, de fato, acontecendo no mundo, ed. Globo, 214 p.).
Quien cree, por otro lado, que la crisis climática puede o va a ser solucionada antes de que sea demasiado tarde tal vez no debería ni abrir el libro: en lugar de ofrecer una visión optimista del futuro de la humanidad, como hace Al Gore, Kolbert prefiere atenerse a los hechos.
Y los hechos son feos.
La americana, que pasó años escribiendo sobre política antes de volcarse en la cuestión ambiental, fue enviada por la revista The New Yorker a recorrer el mundo en busca de evidencias del calentamiento global. Eso fue en 2004, antes de que Gore estrenase su película.
Kolbert viajó de Groenlandia a la Antártica, visitó pueblos de esquimales que tuvieron que trasladarse a otro lugar debido al deshielo marino en el Ártico, vio casas agrietadas por la desintegración del permafrost en Alaska. Y habló con científicos, decenas de científicos. El resultado fue la serie de tres reportajes "The Climate of Man", aumentada y editada en 2005 en Estados Unidos en forma de libro.
Lo que vio la reportera fue el comienzo del fin del mundo como lo conocemos. Tal vez la elevación sin precedentes de los niveles de dióxido de carbono en la atmósfera no sea el momento final de la civilización o signifique la extinción de la especie humana. Pero con certeza el calentamiento global del Antropoceno (periodo geológico marcado por la transformación de la Tierra por el hombre) cambiará la faz del planeta a una velocidad nunca observada.
Cambios climáticos bruscos, explica la autora, siempre los hubo en la historia de la Tierra. Pero la civilización humana, iniciada con la invención de la agricultura, hace 10 mil años, coincidió con un periodo de estabilidad impar del clima, después de la última era glacial.
Del clima benigno dependieron los asentamientos humanos permanentes que dieron origen a las ciudades y, con el tiempo, a la sociedad moderna. Al lanzar gas carbónico en el aire para generar energía y usar vehículos y fábricas, los seres humanos ya están rompiendo esa estabilidad. Y clima inestable significa hambre, guerra y muerte.
Que lo diga el imperio acadio, creado hace 4.300 años en Mesopotamia. Kolbert cuenta que las investigaciones científicas llevaron a la conclusión de que los acadios se extinguieron debido a un cambio climático brusco - natural - alrededor del año 2200 a.C.
"Cogidos por sorpresa, los acadios atribuyeron su suerte a una venganza divina", escribe. "En cambio, las alteraciones climáticas previstas para el próximo siglo pueden ser atribuidas a fuerzas cuyas causas son conocidas y cuya magnitud podemos determinar."
Determinar el tamaño del impacto ha sido mucho más fácil que convencer a los gobiernos a actuar a tiempo de evitarlo. En un capítulo del libro, Kolbert describe en tono de tragicomedia su encuentro con Paula Dobriansky, funcionaria de George W. Bush encargada durante ocho años de bloquear cualquier tentativa de un acuerdo internacional contra emisiones. Dobriansky responde a todas las preguntas de la periodista con la misma frase: "Nosotros actuamos, aprendemos y después volvemos a actuar". Kolbert no necesita muchas palabras y no usa siquiera un adjetivo para calificar la posición del gobierno de su país sobre el tema.
Las críticas, sin embargo, no son sólo contra Estados Unidos. La expansión de las termoeléctricas de carbón en China, relata la autora, anulan "en menos de dos horas y media" el ahorro de energía de una década de la ciudad norteamericana de Burlington, en el ecológicamente correcto Estado de Vermont.
Por su sobriedad, Fieldnotes From a Catastrophe funciona aparentemente como una especie de antídoto contra el alarmismo escatológico de las ONG. Se trata, sin embargo, de mera apariencia. Kolbert expresa sus opiniones por boca de sus entrevistados. Uno de ellos, Robert Socolow, de la Universidad de Princeton, da la puntilla: "Ya trabajé en varios campos en los que había opiniones de legos y opiniones de científicos. Casi siempre los legos están más ansiosos (...). En el caso del clima, los especialistas son justamente los más preocupados".

Sunday, June 22, 2008

Sempre presentes

Eis o que um colega e amigo da faculdade, o Márcio, escreveu em um ensaio sobre criação literária que me deu a ler. Há tempos eu disse alguma coisa parecida a alguns amigos. Se eles acreditaram, eu não sei...

"[Quem escreve] sempre está só, materialmente falando. Quer dizer, os que estão com ele não estão aí fisicamente, mas permanecem em sua mente e em seu coração. Ele sempre está só - apenas fisicamente - e nunca está."


Eu "lutando" com as irmãs Huguet
em uma praia ao sul de Barcelona.

Paranoid Park

"What else can one demand of cinema when it becomes an art? A simple blend (the gest of a body fixed and its state of mind punctuated by a song) that creates a new thought, a formal device. Joyous." (Aguadilu)

Saturday, June 21, 2008

Thursday, June 19, 2008

Conversa entre irmãos

(Breve exercício de aula.)


– Ó pai, você não gostaria de companhia? – disse Natalia, a irmã mais velha.
– Eu já tenho companhia, minha filha – disse o pai –. Tenho o Max...
– Mas não quer morar só com o cachorro...
– Por que não?
– O senhor anda comendo bem? – disse Camila.
– Tanto como quando sua mãe vivia – disse o pai –. Não concordam que a Daniela me trata como um rei?
– A Daniela não vai ser sempre sua assistente. O senhor sabe que está cursando Direito?
– Ela não me falou nada ao respeito...
– Pai, não tem saudade do Damião? – disse o irmão caçula.
– Do Damião? Esse cafajeste? Não! – O homem pensou, e falou: – E mesmo se tivesse. Vocês sabem onde ele foi parar?
Os três irmãos se entreolharam.
– Nesse asilo para velhos impotentes, coitadinho do Damião...

Wednesday, June 18, 2008

Divulgando a literatura em catalão

Hoje no ônibus lembrei dos últimos dois versos deste poema e resolvi que iria traduzi-los. (Estava mais do que na hora, também, de começar a divulgar literatura em catalão.) Per al meu amic Josep (a qui li agradava), e para minha amiga Gabriela Farias (porque sei que vai gostar).


Principis i finals

Un temps, vaig ser una noia de futur.
Podia llegir Horaci i Virgili en llatí,
recitar de memòria tot Keats.
Però, entrant en les coves dels adults,
em van caçar i vaig començar a parir
els fills d'un home estúpid i cregut.
Ara m'empleno el vas sempre que puc
i ploro si recordo un vers de Keats.
Una no sap, de jove, que cap lloc
no és el lloc on podrà restar per sempre.
També s'estranya quan no arriba mai
aquell o aquella en qui trobar descans.
Una ignora, de jove, que els principis
no tenen res a veure amb els finals.


Inícios e finais

Um tempo, fui uma moça com futuro.
Podia ler Horácio e Ovídio em latim,
recitar de memória todo Keats.
Mas, entrando nas cavernas dos adultos,
caçaram-me e comecei a parir
os filhos de um homem burro e convencido.
Agora quando eu posso encho meu copo
e choro se lembro versos de Keats.
Não sabemos, quando jovens, que não existe
um lugar onde poder ficar para sempre.
Também é estranho quando não chega nunca
aquele ou aquela em quem achar a paz.
Ignoramos, quando jovens, que os inícios
não têm nada que ver com os finais.


Joan Margarit

Teamwork



None of these guys is better than the others. It's teamwork. Ubuntu*. I'm glad the Celtics won - destroyed the 1-star team, 131-92 (one star, e ainda fominha: wasn't Magic Johnson there, to teach him to assist?). I'm glad I could see it, living in the same meridian time.

*An African ethic or humanist philosophy focusing on people's allegiances and relations with each other.

Tuesday, June 17, 2008

Para os amigos freelance

Para os amigos freelance. (I especialment per la Tineta, que està entre ser o no ser.) Me desculpem os amigos que não são. Não resisti. É a melhor tira que eu li em muito tempo. :D

Caiu a fita do Senhor do Bonfim

Hoje caiu minha fita do Senhor do Bonfim, a que ganhei do Ronaldo, a Rose e a Rosa no Carnaval de 2007. :( Enganchou-se em um cabide quando pendurava minha calça de pijama... :( Eu me sentia protegido, com esse fita. E meus desejos se cumpriram. :)

Me senti despido quando saí à rua, também. E ainda me sinto.

O Ronaldo escreveu.

Falou, "calma homem, sua fita caiu". Disse que não foi por causa do cabide, e sim "porque já era a hora dela ir". Disse que a fitinha cumpriu com seu papel. Eu concordo. Pede para eu me relaxar, diz que "todas elas tem seu início e seu fim, como todas as coisas". E que é "muito chato se apegar demais as Fitinhas do Senhor do Bonfim".

Mesmo assim, para eu não ficar triste, mandou estas fitas para meu computador. São tantas porque "o computa tem tantas placas, partes, chipes, etc.". Justo. Obrigado, Ro. Tu é massa.



E a Rose disse, hoje: "Entendo que a forma que ela se foi (enganchada no cabide, você praticamente a assassinou!) deve ter sido muito traumática. Mas ela tinha que te deixar mesmo. E essa foi a forma encontrada. Não foi culpa sua. rsrsrsrsr.". A Rose é incrível. Mas ela não sabe. (Bom, essa é uma das condições para ser incrível...)

Monday, June 16, 2008

For the money-mad pirates*

Poema leído en el autobús (aquí en Porto Alegre, ya comenté alguna vez, hay poemas en las ventanas de los autobuses), traduzco:

¿Vale de veras la pena?
Por cada millón ganado
Dos puentes de safena.

(Rafael Vecchio)


*Orson Welles, Citizen Kane.

Para quem não gosta de ler os clássicos

Descobri esta página, engraçada e malvada, para quem não gosta de ler os clássicos. Os clássicos são, segundo os autores do site, livros tijolões tão entediantes quanto "pescar em um lago vazio", e, a metade das vezes, "sem um enredo discernível". Mas eles - os autores e colaboradores do site - estão aqui para dar uma mão.


Lord of the Flies (Não é um tijolão, mas é um clássico.)

(Some boys crash on an island.)
Ralph: We need a fire.
(They make a fire. It goes out.)
Ralph: We need a fire.
(They make a fire. It goes out.)
Jack: Forget the fire. Let's kill each other.
Other boys: Yeah!
(They do.)


The Catcher in the Rye

Holden Caulfield: Angst angst angst swear curse swear crazy crazy angst swear curse, society sucks, and I'm a stupid jerk.


King Lear

Lear: I am senile and old. Flatter me, and I'll write my will.
Regan and Goneril: Daddy, you are way the oh too awesome bomb. We would totally not ever, like, backstab you and take your land.
Cordelia: Dad, if you believe that, you're a fool.
Fool: I can dance. Bye.
Lear: I give everything to the suck-ups.
Regan and Goneril: We're in charge now, pops. Go away and go insane.
(Everyone dies.)


A Midsummer Night's Dream

Hermia, Lysander, Demetrius, and Helena: We're all in love with each other the wrong way around.
(Everyone goes into the woods. They have wacky experiences, pair off correctly, and live happily ever after.)


War and Peace

Lev Tolstoi: History controls everything we do, so there is no point in observing individual actions. Let's examine the individual actions of over 500 characters at great length.


Huckleberry Finn

Goes rafting. Goes home.


... E a minha preferida:

The Collected Works of Virginia Woolf

Life is beautiful and tragic. Let's put flowers in a vase.

Friday, June 13, 2008

Carácter y clase social

Pedro, como buen guionista, está siempre con la vista y el oído atentos y captó esta conversación, que traduzco sin pedirle permiso (se lo pediré después; original en portugués en su blog, link en la columna a la derecha).

"En la parada del autobús, veo a un niño embarazado. Es un niño (aparentemente muy pobre) con una pelota de fútbol debajo de un jersey de lana. Un niño (también pobre) está a su lado, con una mochila en la espalda. El niño embarazado se levanta el jersey y muestra la pelota al niño de la mochila:

- Métela en tu mochila, rápido.
- Está llena.
- Saca lo que tengas dentro que yo cargo tus cosas y pon la pelota en tu mochila, rápido, que viene.
- Está llena, tío.

El carácter es independiente de la clase social."

Tuesday, June 10, 2008

Eu sou uma mulher Almodóvar

Conto que eu vou entregar amanhã na Oficina de Criação Literária. Dedicado à incrível Rose, que foi a primeira em lê-lo e fez algumas sugestões. :p (Nota: HQ = história em quadrinhos = comic.)


- A senhora ainda não acredita, né? - fala de novo o travesti. E a seguir interpreta com voz grave, em um espanhol duvidoso: - "Sho antes era camionero. Luego me hise puta".
A mulher ao lado dele olha ao seu redor mais uma vez - todas as fileiras lotadas -, e logo à direita, para o filho, que tem um HQ no colo e observa as nuvens da janelinha do avião.
- Dessa também não lembra? Era eu! - diz o travesti. - Dez anos mais nova e com mais tetas. - E olha seus próprios seios com cara de resignação, segurando-os por baixo com ambas as mãos.
A mulher se inclina levemente para tapar a visão do filho e lança um olhar furioso ao travesti, que se faz de desentendido.
- Já lhe disse: Pedro e eu, íííntimos.
- Está bem - diz a mulher, bufando, o olhar fixo no encosto do assento da frente.
- Desde os tempos da movida madrilenha - diz o travesti, se esforçando para pronunciar bem a enha. - A senhora sabe, né?, aquelas orgias.
- Faça o favor - pede a mulher, encarando o travesti de novo. Faz-se o silêncio por alguns instantes.
- Ai, mas como a senhora se irrita facilmente - diz o travesti, voltando a vista para o corredor. Faz o gesto de quem vai pegar uma revista do bolso do assento, mas dirige-se de novo à mulher:
- Mulheres à beira de um ataque de nervos, a senhora assistiu?
- Acredito que sim - ela concede.
- Nessa apareço também. De costas, é verdade. Mas juro pela Virgem Maria que sou eu.
- Parabéns - diz a mulher. - Não precisa jurar.
- Não tem como não lembrar - suspira o travesti, pondo os olhos em branco - do boquete no Antonio. Ííííntimos também, o Banderas e eu.
Olhos esbugalhados, a mulher se vira feito uma fera. Fala com os dentes apertados:
- Você não está vendo que tem criança aqui do lado?
- Ai desculpe minha senhora - diz o travesti. E acrescenta, ao ouvido dela: - Mas Virgem Maria, foi tão bom! É só lembrar e ficar molhada.
A mulher olha para o corredor à procura de uma aeromoça. Vira-se para o menino, que parece absorto em seu HQ. Crava os olhos no travesti.
- Senhora não me olhe assim, não seja careta - diz ele.- Olhe, seu filho não está nem aí...
- Se não cala essa boca suja vou gritar, seu filho da...
- Óóótimo, já estou sendo xingada. Eu ainda não falei mal da senhora, viu? E minha vida já é bastante dura assim.
Zangado, o travesti cruza os braços e fica calado. A mulher vira-lhe as costas e passa a mão nos cabelos do filho. Minutos depois, uma aeromoça chega ao lado do travesti com o carrinho das bebidas.
- A senhora vai querer...
- Um suco de laranja, obrigada - diz ele. E inclinando o pescoço, fitando a cara da moça, pergunta: - Adivinho você é de Salvador.
- Mais ou menos - diz a aeromoça, sorridente. - Eu sou de Santo Amaro.
- Puxa - diz o travesti. - Sabe que eu sou íííntima do Caetano?
- Ah, é? Como é isso?
- Pois olhe só, eu sou atriz, pode crer? E já trabalhei com o Almodóvar, conhece, não? Pois ele é ííííntimo do Caetano. Eu é que sou íííntima dos dois!!!
- Mas que maravilha! Depois assinaria um autógrafo para mim?
- Claro! Imagine! - diz se empertigando travesti.
- E o menino, o que esse menino vai tomar? - pergunta a aeromoça.
- Para o menino somente um copo de água, obrigada - responde a mãe.
- E a senhora...?
- Para a senhora - se adianta o travesti - um homem tão macho quanto puder encontrar.
A mulher, o rosto incendiado, se joga em cima do travesti, o agarra pelo pescoço e intenta afogá-lo. A aeromoça pede socorro. O filho, com a água derramada sobre o HQ, olha para sua mãe surpreso, com cara de não reconhecê-la mais.

Saturday, June 07, 2008

Leituras de mestrado

Lendo Roman Ingarden em tarde de chuva. Esse estripar a linguagem para ver o que é - o que "ontologicamente" é - está me parecendo meio absurdo e despropositado. Mas filosofia é assim, não é? Filósofos são que nem crianças...

Traduccions de Brasil 48 (O que você vê?, de Rebeca Matta)



Si sientes y callas quién va a saber
Qué color de azul tú ves?
Yo sé que sé que un día moriré
Que no sé casi nada
Que cualquier cosa puede suceder
Qué color de azul tú ves?

Mira a tu alrededor
Y dime lo que ves
Dime lo que ves
Cierra los ojos
Dime lo que ves

Ya son más de las tres
Y no consigo parar de funcionar
Miro a mi alrededor y veo las luces de la ciudad
Luces que surgen, que se apagan, que pasan ligeras
Cierro los ojos y tengo la sensación de que todo es pasajero

Mira a tu alrededor
Dime lo que ves
Dime lo que ves
Cierra los ojos
Dime lo que ves

Tuesday, June 03, 2008

Macaco tomando banho de água termal

Posto só porque gosto.


Da mostra "AGUA", no Parque del Retiro de Madri até 30 de junho. Foto de Sylvain Cordier.

É um macaco japonês, o símio que mora na latitude mais fria do planeta, a vários graus abaixo de zero e em meio a tempestades de neve. Ele aproveita as águas termais para manter a saúde e esquentar o corpo. Mas não parece que ele está triste?

Monday, June 02, 2008

Most of the Time

About three weeks ago, I got by mail the Original Soundtrack of High Fidelity. Kris sent it to me because we saw that film together, in 2000, and has always said that these songs remind her of our summer in New York.

Now. Apart from making me happy, Kris' present has been very appropriate. Because, as the movie, most of the songs are about breaking up with people we love, and I've had this experience recently.

So, most of the time...

Note: I like the song and the lyrics, not the Eternal Sunshine of the Spotless Mind fan trailer (sorry, fan; I did like the movie). But I couldn't post the most recent video, Dylan's voice has changed a lot since he recorded Oh Mercy.

Fifteen lines (Class of 93 15-Year Party)

(From a letter written to Kris.)

On Friday, people from my High School Class met in Barcelona. Class of 93 15-year party. Some 90 people went, 50% of the Class. And for a month I've been receiving 15-line summaries of all these people's 15 last years of life. Most of them I didn't read, didn't feel like it, I don't know why. I just read the ones from the people I'm still friends with - from my friends, that is. Of course I couldn't have gone even if I wanted. But I didn't want. And I didn't even write my 15 lines, I also don't know why.