Sunday, November 30, 2008

Sobre literatura


Max

"Publishers may or may not figure out how to make money again (it was never a good way to get rich), but their product has a chance for new life: as a physical object, and as an idea, and as a set of literary forms."

(...)

"There’s reading and then there’s reading. There is the gleaning or browsing or cherry-picking of information, and then there is the deep immersion in constructed textual worlds: novels and biographies and the various forms of narrative nonfiction — genres that could not be born until someone invented the codex, the book as we know it, pages inscribed on both sides and bound together. These are the books that possess one and the books one wants to possess."

(...)

"Forget about cost-cutting and the mass market. Don’t aim for instant blockbuster successes. You won’t win on quick distribution, and you won’t win on price. Cyberspace has that covered.
Go back to an old-fashioned idea: that a book, printed in ink on durable paper, acid-free for longevity, is a thing of beauty. Make it as well as you can. People want to cherish it."


("How to Publish Without Perishing", James Gleick, NYTimes.com)


PS: OK, it is a message to my creative writing group that I might be trying to pass.

Thursday, November 27, 2008

Wednesday, November 26, 2008

De Profundis. Valsa lenta

Adorei esta mensagem poética na tela do computador do cibercafé:

"Usuário logado em uma outra estação."

Depois de três cafés (agora pedi um chocolate), estou mesmo em uma outra estação.

"Longe, longe
Estou em outra estação..."

Saturday, November 22, 2008

Post de l'Alex Atala sobre el Ferran Adrià (en català)

Ola, em dig Alex Atala i no sog catalá, pro he aprej la guingua am er Ferran Adrià, er millor cuiner der mong. La meva cuguina te mej sentit dejprej da cuneja aquet mojtru de la cuguina catalana i der mong. No meng puc ublida dar mumeng que er Ferran i er seu cumpanh Arzak van desambarca ar Brasil. Vaj cumansa a viura ung soni. Primer vaj tancar er restaurant D.O.M. per ansanha ers sabors arsapsionals dar Brasil ar doj mejtras. Vaj fer turu, ung fruit dar mar der mangue, am ung aspecta raru, com da llumbriga de 60 centimetrus. Vaj ubri ung trong que vaj purta de l'Amajona, ong hi havia ung turu, i ers doj mejtra ej van tira a sobra per fer fotus, vulien agafarlu, mangarsel diretameng del trong. Tambe vaj fer servi una fruita quej diu cagaita, quej ung nong molt divartit an catalá. Va ser er supar dar secle, er mumeng mej brillant de la meva caguera. I dejprej vam anar cap a l'Amajonia. Imajinat, trej apajunats per la cuguina, nung avió, passar cuatra diaj a l'Amajonia. Ells dijcutegan molt, aj barallan i dejprej aj riuan. Semblen ers guermans Marx. Quan er Juan Mari vol irrita er Ferran, diu: "Er Senhor de la cuguina molecular!". Ai quem piju!



Atala, Adrià i Arzak a Belém, Pará.

Thursday, November 20, 2008

Dia nacional da consciência negra



Ontem (19/11/08) na Folha de S. Paulo:

O trabalhador negro (preto e pardo) ganha apenas cerca da metade do que o não-negro (branco e amarelo) recebe na Grande São Paulo. São R$ 4,36 por hora, em média, contra R$ 7,98, segundo pesquisa realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese.

Quanto maior o nível escolar, maiores as disparidades. O rendimento real do indivíduo negro que não concluiu o ensino fundamental é de R$ 3,44 por hora, e o do não-negro, R$ 4,10 - uma diferença de 19,2%.

Já na comparação entre duas pessoas que terminaram a universidade o abismo atinge 40%: o negro recebe R$ 13,86 por hora e o não-negro, R$ 19,49. O levantamento foi realizado em 2007, mas os valores tiveram correção monetária até julho.

(...)

O indicador "mais preocupante", diz Patrícia Lino Costa, coordenadora da pesquisa, é o que mostra a distância entre os ganhos dos negros e dos não-negros que fizeram faculdade. O restrito acesso à escola é uma das principais causas da desigualdade no mercado de trabalho, mas, para quem conseguiu superá-la, o preconceito acaba sendo o pior obstáculo, afirma. Uma vez contratado por uma empresa, o trabalhador negro não consegue galgar posições e subir na carreira, daí a sua renda ser inferior à dos brancos que sobem na hierarquia, diz ela.

"Os negros não conseguem sequer entrar em um cargo mais elevado. Entre um engenheiro negro e um branco, certamente prefere-se contratar o branco, achando que o negro não é capaz", afirma José Vicente, reitor da Unipalmares.

(...)

Por isso, de acordo com os especialistas, a redução das disparidades começa na educação fundamental, para que as crianças aprendam desde cedo a lidar com as diferenças. Para Vicente, as cotas em escolas técnicas e nas universidades ajudam, porém deveriam ser uma "verdadeira política de Estado, e não fruto apenas da boa vontade de um grupo de reitores". As empresas, por sua vez, estão aumentando os seus programas de inclusão, diz Costa.

"O problema é a velocidade do avanço. No Brasil, que se orgulha da sua miscigenação, números como esses de renda e emprego são chocantes. Os EUA, onde até 50 anos atrás um negro não podia beber água no mesmo bebedouro de um branco, acabaram de eleger um negro presidente. Falta seriedade ao nosso governo", diz Vicente.


PS: Em Espanha, dia de celebração da morte de Francisco Franco.

Tuesday, November 18, 2008

Traduccions de Brasil 54 (No aeroporto i O que é isso, de Pato Fu)

Y el chico del rayo X del aeropuerto
Ve perfectamente bien
Todo lo que creo que me conviene llevar
Me mira de medio lado
Y dice:

¿Qué es eso
Que brilla tanto
En mi rayo X?
Por favor dígame

Es una carta
Una carta de amor

Él dice que está tan triste y solo

Me pide por favor que vuelva

No,
Hay otra cosa
Por favor,
El monitor.

Oh, es una caja,
Son mis discos,
Disculpe
Déjeme ir

Es una carta
Una carta de amor

Es una carta
Una carta de amor







¿Qué es eso?
Un rompecabezas
¿Qué es eso?
Es todo el saber
¿Qué es eso?
Un nunca me olvides
¿Qué es eso?
Un ser o no ser
¿Qué es eso?

¿Qué es eso?
Palabras cruzadas
¿Qué es eso?
El bien contra el mal
¿Qué es eso?
Tónica cambiada
¿Qué es eso?
Un no haber final
¿Qué es eso?

¿Qué es eso?
Una encrucijada
¿Qué es eso?
Una casi muerte
¿Qué es eso?
Un montón de nada
¿Qué es eso?
O falta de suerte
¿Qué es eso?

¿Qué es eso?
Un sueño confuso
¿Qué es eso?
La tele apagada
¿Qué es eso?
Juguete sin uso
¿Qué es eso?
Memoria borrada
¿Qué es eso?




PS:Brinde.

Saturday, November 15, 2008

O título do filme é horrível e o subtítulo também..., então... Sobre o filme do W. Allen que se passa em Barcelona (extended)



Opiniões conflitantes sobre o filme que estreou ontem no Brasil. A crítica (norte-)americana gostou muito (críticas especialmente positivas na New Yorker e no NYT). A crítica européia gostou pouco. A crítica espanhola e catalã não gostou. Meu irmão Uri, há um ou dois meses, quando viu o filme, escreveu um e-mail tão cheio de xingamentos (ele geralmente escreve e-mails com xingamentos, mas esse tinha xingamentos demais por linha :) que eu (uma pena, porque estava engraçado) resolvi não reproduzi-lo aqui (e olha que meu irmão tem um Woody Allen em papel machê, de 50 cm, no antigo quarto dele); uma jornalista de El País escreveu um artigo também xingando o diretor (mas essa está meio doidona). A Gabriela, que viu o filme ontem aqui no Brasil e que adora Barcelona, achou o filme muito bom. Enfim, eu respeito todas essas pessoas e opiniões (excetuando a da doidona), então... só assistindo! Por enquanto, há uma opinião unânime (inclusive meu irmão, que não gosta dela, concorda, e isso me deixa feliz, porque faz parte de uma velha briga entre nós): a Penélope arrasa com tudo e com todos. A outra coisa é que eu gosto do cartaz... e então posto o cartaz.


PS: Ah, para os amigos de Barcelona: Segundo a Zero Hora o filme é 4 (de 5) estrelas; segundo a Folha de S. P. é "bom", com altos e baixos.


PS2: Já posso opinar. Tive a sensação de estar vendo um bom filme de um diretor principiante. Ou uma boa história provavelmente escrita às pressas. A segunda parte é melhor. Não achei paixão nas cenas de sexo (só no beijo da Penélope à Scarlett). Algumas frases sobre o amor me pareceram meio bobas. Uma Barcelona mais real e intensa é a de Todo sobre mi madre (estou comparando só a imagem da cidade, se for comparar os filmes, ai). Achei as dúvidas das personagens, ou talvez a forma de serem expressadas, próprias de pessoas mais novas do que as representadas (se bem que a gente não muda muito, né?). É para ser um filme triste (segundo o diretor) e isso eu só o percebi no final (na cena do aeroporto), não permeia o filme, que às vezes parece não saber bem o que é. É difícil construir uma história verossímil com três atores tão conhecidos? (Eu não consegui deixar de ver eles.). Por que caralho aparece o Joel Joan?


PS3: O psicólogo Contardo Calligaris viu o filme e gostou, achou-o leve, bem-humorado e, no final, triste. Considera-o "um pequeno tratado do amor paixão", e diz que os espetadores "terão o prazer (ou desprazer) de se reconhecer em algum lugar do leque de experiências amorosas que o filme apresenta - um leque pequeno, mas do qual escapamos pouco".

Com exemplos do filme, ele faz considerações interessantes sobre o amor-paixão.

"1) Os casais que se amam de paixão, cujos parceiros parecem ser feitos um para o outro, em regra, acabam tentando se matar (Juan Antonio e María Elena). É porque, se o outro me completa e vice-versa, o risco é que nenhum de nós sobreviva à nossa união - ao menos, não como ente separado e distinto (...).

2) Por sorte ou não, o amor-paixão é raro. A maioria de nós vive relações menos 'interessantes' e menos fatais - relações em que a gente se preocupa em criar os filhos, decorar a casa, ganhar um dinheiro (Vicky e Doug) (...). Detalhe: nesses casais 'normais', ao menos um dos parceiros vive com a sensação de que sua escolha amorosa é resignada, fruto de um comodismo medroso (...).

3) Os que parecem não idealizar o amor paixão passam o tempo se protegendo contra ele. Deve ser por isto que a normalidade amorosa pode ser insuportavelmente chata: porque ela exige a construção esforçada de defesas contra a paixão (Doug).

4) A paixão não é uma coisa que a gente possa encontrar saindo pelo mundo como um turista da vida (Cristina). Pois não basta esbarrar na paixão; é preciso encará-la quando se apresenta".

"Para mim", escreve Calligaris na Folha, "a mais 'patológica' de todas as personagens do filme é Cristina. Sua aparente abertura para a vida ('Ela não sabia o que queria, mas sabia o que não queria', narra a voz em off) é apenas uma versão 'bonita' e literária de sua 'insatisfação crônica' (diagnosticada por María Elena, com razão). Nisso, Cristina é muito próxima da gente: ela consegue brincar com a paixão, mas sem perder a ilusão da liberdade ou o sonho do que ela poderia encontrar na próxima esquina. Por isso, sua voracidade é a do turista: tira muitas fotos pelo mundo afora, mas será que ela se deixa tocar pela vida?".


PS4: Cristina, em letra de The Smiths:

Sad veiled bride [Vicky], please be happy
Handsome groom, give her room
Loud, loutish lover, treat her kindly
(Although she needs you more than she loves you)

I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real
And you even spoke to me and said:

"If you're so funny
Then why are you on your own tonight?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight?
If you're so very good looking
Why do you sleep alone tonight?
I know because tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they are in each other's arms"


PS5: Well, I don't want to be a "Cristina", but I want to be a "sad veiled bride" less. That would also explain why there are so many Cristinas.


PS6: Eu adoro quando a Penélope afirma, meio gritando, meio chorando, irritada por ter se dado conta disso tão tarde, nos braços de Juan Antonio e em frente de uma Cristina desconcertada: "Cómolosabíacómolosabíacómolosabía!!". (Certo que foi idéia dela!)

Wednesday, November 12, 2008

Divulgando a literatura em catalão 3

E meu colega de Oficina do ano passado, o Tiago, continua a ler Mercè Rodoreda! Leu La plaça del Diamant, A praça do Diamante, e achou "sensacional", "demais". A boa literatura não sabe de fronteiras, nem de línguas. E que vergonha, eu não li (ainda) esse romance. Roger preconceituoso: achei que La plaça... não podia ser melhor do que Mirall trencat, quando é, simplesmente, diferente - muito diferente, segundo o Tiago (e segundo a própria autora: eu soube por ele agora). E aplausos para a Planeta do Brasil (da todo-poderosa editora Planeta, de Barcelona), que está escolhendo com critério os livros que traduz e publica aqui.


PS: Sinopse no site da Livraria Cultura: Na Barcelona da década de 1930, Colometa, balconista de uma loja de doces, leva uma existência banal ao lado do pai. Durante um baile na praça do Diamante, Colometa conhece Quimet, um jovem impetuoso que se tornará seu marido. Com ele tem dois filhos e passa a criar pombos. A Guerra Civil toma de assalto a cidade, a aos poucos o universo de Colometa se desintegra. O marido parte para a luta, a comida acaba e os pombos representam um jugo insuportável.

Gabriel O Pensador, Festa da música tupiniquim



... E no andar lá de cima
Um dos donos da festa
Tá na boa, tá em paz
Tá tocando um violão
"Festa estranha com gente esquisita
Eu não tô legal, não agüento mais birita"...

Friday, November 07, 2008

Traduccions de Brasil 53 (Os dois lados, de Murilo Mendes)

Los Dos Lados

A este lado está mi cuerpo
Está el sueño
Está mi novia en la ventana
Están las calles gritando con luces y movimientos
Está mi amor tan lento
Está mi ángel de la guarda
Que a veces se olvida de protegerme
Está el mundo llamando a mi memoria
Está el camino hacia el trabajo

Al otro lado hay otras vidas viviendo mi vida
Hay pensamientos serios esperándome en la sala de visitas
Está mi novia definitiva esperándome con flores en la mano
Está la muerte, las columnas del orden y del desorden


(Enviado por Bel. :)

Tuesday, November 04, 2008

Give me hope...

At my university in Porto Alegre nobody seems to care - nobody has ever mentioned this election, not a single student or teacher (nor anybody has ever mentioned the world economic crisis yet, by the way - I guess we are all so very occupied with literature - sigh) but tonight is going to be a historic night. (I'll celebrate with myself. :)




E que maravilha a capa da New Yorker!