Monday, March 30, 2009

Let the system sink

I don't feel like talking about the crisis, but after all I've read and all I've seen, I'm starting to believe that it wouldn't be so bad to see this whole filthy system sink.

Sunday, March 29, 2009

Sobre crítica literária (a causa do novo romance de Chico Buarque)

Chico Buarque, ao contrário de Zé Ramalho (ver post antigo), está na mídia, e a Folha de S. Paulo ontem dedicou três páginas inteiras (com mais letra do que foto, o que é raro) a seu novo romance, Leite Derramado. A crítica de Roberto Schwarz ocupa cinco (!) colunas de texto, e eu a guardei como exemplo do que deve ser uma crítica de uma obra literária. Ela é bem escrita, bem argumentada, detalhada, ordenada, rigorosa, abrangente, esclarecedora, com citações ilustrativas (só as necessárias), etc. Como digo: um exemplo de crítica. E ele considera o livro "ótimo" (isso é coisa do jornal, que no fim coloca a avaliação em uma palavra: ruim, regular, bom, ótimo). Ao lado dessa crítica positiva, está a crítica negativa de Eduardo Giannetti (se bem que no final a avaliação em uma palavra é "bom"). Essa crítica é mal escrita, cheia de clichês, esquemática e preconceituosa. (Não conheço Eduardo Giannetti, mas ao lado de Roberto Schwarz escreve como um aluno universitário.) Enfim, o caso é que eu já pensava em comprar o livro, que é uma saga familiar, quando fui ver, na primeira página do caderno (onde há a simples notícia da publicação), qual era o número de páginas. Pensava que não iam ser menos de 400, pois a história começa com o trisavô do protagonista chegando ao Brasil na comitiva de dom João 6º, passa pela República, etc. e termina com o tataraneto do protagonista, traficante de drogas. E sendo que a obra, segundo Schwarz, é "ambiciosa", com "seqüências e análises memoráveis", com "desdobramentos" e "digressões", com "momentos de crítica social indireta"; e que compõe "um panorama social amplo, de muita vivacidade"; e que é escrita com uma "carpintaria realista e controlada até o último pormenor"; sendo, enfim, tudo isso, achei que o livro podia chegar às 500 páginas. Tem 200. Pensei: Não. É impossível. Não pode ser. Não vou comprar. Tudo isso? Em um livro só 20 vezes mais longo do que esta crítica?

Hoje, no Estado de S. Paulo, Daniel Piza se ocupa brevemente do mesmo livro. Escreve que o personagem principal, o narrador, é desperdiçado "com o modo ao mesmo tempo apressado e monótono da linguagem", que os outros personagens "não ganham vida", que "a galeria humana promete mais do que cumpre". Pior: "Nenhum tema é explorado, implícita ou explicitamente". Ah! Para isso sim!: para isso há espaço em 200 páginas! Mas o que há com Roberto Schwarz, que escreveu essa crítica exemplar? O que significa que o leitor de jornal possa deduzir mais de saber o número de páginas de um livro do que de ler duas críticas? Quantas críticas é preciso ler para não pagar por um livro ruim ou deixar de pagar por um livro bom? O que é uma crítica bem feita, se, no fim, nem essa de Schwarz é? A crítica bem feita está errada e a crítica mal feita está certa? Como assim? Isso não foi nunca assim! (O jornal Zero Hora faz bem ao dedicar um espaço tão limitado às críticas?, se é que essas resenhas mínimas podem ser chamadas disso?)


PS: Quem sabe o texto de Schwarz, que apesar de tudo eu vou guardar, me sirva mais "em si" do que como crítica do livro de Chico Buarque. Porque vai até além do livro, e inclui observações como a seguinte, úteis para um estrangeiro como eu: "Ainda aqui estamos em águas machadianas, onde também a fibra amatória é a exceção que escapa a certo rebaixamento genérico e derrisório imposto pela condição de ex-colônia às elites brasileiras. Como marca local, a desproporção entre a intensidade da vida amorosa e a irrelevância da vida do espíritu é uma caracterização profunda, com alcance histórico, a que o romance de Chico Buarque acrescenta uma figura".

Saturday, March 28, 2009

Para minha amiga Rose, que hoje se forma em Museologia



Demorei horas (sério!) para achar este quadro no Google. Finalmente apareceu esta foto, lá pela página 45 de "Imagens". É minha obra preferida da Fundação Miró, que espero que um dia possas conhecer. Uma das últimas que ele pintou. Um tríptico, três linhas pretas sobre três fundos brancos (tem que clicar para ver melhor). As linhas não fecham, não chegam a tocar as margens (isso é importante, eu li no catálogo :) e representam (segundo o próprio pintor) tudo, ou o infinito, ou tudo o que é possível.

Thursday, March 26, 2009

Sign of the times

Ontem, a escritora Susana Vernieri, que foi entrevistada pelo professor Assis Brasil em seu programa de TV, deu-me de presente um exemplar do livro que está lançando, As grades do céu (pela editora Libretos). É um livro pequenino, com treze contos muito curtos. De uns gostei mais, de outros, menos; de alguns gostei muito mesmo (de "O unicórnio", por exemplo; ou "A bóia"; ou "Classificado"). O início do conto "Da estante", com o qual me identifiquei, me fez sorrir (sorriso triste, né?). O copio a seguir, só o início.


Da estante

Livros. O apartamento de um quarto estava abarrotado de livros.

A melhor amiga alertou:

- Como vais arrumar namorado assim?

- Como assim?

- Assim. O cara entra aqui e dá de frente com essa estante cheia de livros.

Monday, March 23, 2009

Macaco: Brasil 3000

Depois conto a história de Macaco, banda de Barcelona, e desta música, que está triunfando lá (obrigado ao Ramon e a Nelia pela informação ;)

Sunday, March 22, 2009

Anjinho pensativo

Às vezes, quando não sei como continuar, fico olhando para o anjinho pensativo, que à luz da vela parece vivo.

Saturday, March 21, 2009

Eu só queria falar em cultura africana... e agora vou ter de pagar! :o)

Enquanto isso, em Salvador...:


Prof. Marcelo: Oi, querida! Te achei no computador! Hmmm...

Rose: Como assim, querido Professor?

Prof. Marcelo: Estava procurando imagens do Museu Afro, e encontrei fotos de máscaras Gueledés, lá do Museu...

Rose: E lembrou de mim quando viu as máscaras, é? rsrsrs. Que que tem as máscaras?

Prof. Marcelo: Então... Vi as máscaras. As fotos feitas sem minha permissão. E ainda tem ele falando sobre o Jayme Fygura. Com foto e tudo! Tô lendo aqui.

Rose: Ah... Já sei! Você encontrou o blog do Roger.

Prof. Marcelo: Foi você quem levou ele no museu, né? Então vai ter que pagar por ele ter feito as fotos sem permissão. rsrsrs!!

Rose: Não fui eu, não! Oxe! Tá maluco e decidiu me perturbar hoje, assim via celular, né? rsrsrs!!

Prof. Marcelo: Olha! Tem ele falando dos olhos da tua irmã. Onde é que anda esse gringo? Já tinha até esquecido dele.

Rose: Está em Porto Alegre. Na PUC, no mestrado.

Prof. Marcelo: Ah... Tô zoiando o blog dele. rsrsrs.



... Pode zoiar. (O que que é isso?)

Thursday, March 19, 2009

A falácia do charme de fumar

Hoje, caminhando pela Rua da Praia em direção à Praça da Alfândega, vi, em um portal próximo ao Museu do Exército, uma mulher jogando a ponta do cigarro - com aquele disparar do dedo indicador - três metros à sua frente, intentando acertar uma lixeira. E achei tudo nojento: o fato de jogar a ponta do cigarro desse jeito, o fato de não recolhê-la ou pisá-la (caiu no chão), o próprio fato de a mulher fumar. Então pensei: Só um pouco: Achar que fumar é nojento, não é a mídia que o pus em minha cabeça, nestes últimos anos? Vieram-me à mente atores e atrizes de cinema, mas logo viajei no tempo até o colégio: Não era charmoso fumar? Quem fumava não era mais charmoso? Pensei logo em C. e em L. Vendo C. ou L. fumar, cigarro era charme! Então pensei: Só um pouco: C. e L. não eram... as garotas mais bonitas da turma? Claro que eram! Lindérrimas! Então? Não seriam seus cabelos?, seus olhos...? (C. continua linda, e parou de fumar na mesma época que eu, seis anos atrás; com L. perdi o contato.) No caminho de volta, também na Rua da Praia, um jovem jogou, de maneira parecida com a da mulher - longe -, a ponta do cigarro. No seu caso, usando o polegar e o indicador, e sem lixeira à vista. Mais nojento ainda.

Wednesday, March 18, 2009

¿Papa de quién?

El Papa se va a África y continúa negando la utilidad del preservativo para frenar la epidemia de sida. Y ahora ésta, hoy en El País: "El Papa defiende la liturgia católica frente a las 'alegres' celebraciones africanas". Subtitular: "Benedicto XVI expresa en Camerún su preocupación por la diversidad de ritos del continente que provocan 'distorsión'". ¿Por qué no se va a predicar a los pocos fieles que quedan de su Iglesia? ¿Pero el Papa de quién se ha creído que es?


Stencil de la época de la visita de Ratzinger a
Brasil, en homenaje a sus discursos neonazis.

Sunday, March 15, 2009

Domingo

1. Há tanto tempo que estou no Brasil, que por vezes toca uma música (hoje, em um restaurante) e me entra uma saudade que já é de anos atrás - e nem sei de onde ou de quem.



2. O Nando Reis se apresenta junto com a Ana Cañas, daqui a poucos dias, no Anfiteatro Pôr do Sol, na beira do rio Guaíba, onde eu vou correr. Esse dia eu não vou correr. Vou ir lá, sentar na grama e ficar escutando.

3. Esta semana li no jornal ou vi na TV (não lembro) alguém que dizia (acho que era uma velha atriz): "A vida é um drama. Quem diz que é uma comédia não sabe nada da vida. Você até pode dar muita risada, mas não por isso deixa de ser um drama".

4. O Zé Ramalho também vai se apresentar aqui em março. (Mas eu não gosto de shows em teatros, e Porto Alegre não tem nada como uma Concha Acústica ou um Circo Voador.) Engraçado: escutei muito ele em 2003, e depois nunca mais se soube. Foi Dimitri, um suíço que eu conheci em Salvador, apaixonado pela música brasileira, quem me deu a dica. E ontem um tio da Gabriela que também gosta muito dele me disse: "Nunca mais ouviu falar nele porque ele não está na mídia".


Margareth Menezes e Zélia Duncan cantando "Frevo Mulher",
de Zé Ramalho, no Circo Voador, janeiro de 2007.

Friday, March 13, 2009

Traduccions de Brasil 55 (Dançarinos na última noite, de Milton Hatoum, fragmento)

(Del libro A cidade ilhada.)


En casa, Porfiria le pellizcó el brazo al marido: ¿Por qué tanta alegría, amor? Él sacó los dólares de la lata de queroseno (...) y contó su plan: comprarían una granja (...), criarían cerdos y gallinas, plantarían mandioca, frutas.

Ella no estuvo de acuerdo: quería ver a los músicos y bailar.

¿Y nuestro futuro?

Ese dinero no es para el futuro, es para el placer.

Discutieron. Miralvo todavía argumentó: una escopeta para cazar, una canoa, un pequeño motor de popa chino.

¿Y después, amor? Todo eso se termina: el arma, la canoa, el motor. El placer dura una noche, pero el recuerdo es para siempre.

¿Iban a desafiar a la suerte?

Porfiria no se amedrentó: Lo que haremos es divertirnos, eso sí. Suerte es nacer de buena familia y poder estudiar.

Porfiria supo que El Gran Combo de Colombia daría un concierto el día 15 de noviembre. Cuando la empleada reservó una noche en la suite imperial del New Horizon, el gerente le preguntó de dónde había sacado tanto dinero.

Del vientre de una serpiente, 'mano.

(...)

Ordené mil veces este cuarto de reina.

Mañana lavarás platos y paellas, dijo Miralvo.

(...)

Al ver al Gran Combo en el escenario, Porfiria aplaudió de pie, mientras Miralvo todavía se lamentaba por los dólares despilfarrados; pero cuando los músicos gritaron: A bailar, a bailar, ella lo agarró por la cintura y la pareja dio varias vueltas hasta el medio del salón. (...) Ya entrada la noche, algunos huéspedes salieron (...), otros se durmieron acodados en las mesas, pero Porfiria y Miralvo no pararon. Cuando el lago estuvo más negro que el cielo, los músicos anunciaron un bolero para que la pareja bailara apechugado. Tocaron "Toda una vida", y los dos, abrazados, mojados de sudor y placer, bailaron despacio, frente al lago y la selva (...).

Thursday, March 12, 2009

O Alienista, de Machado de Assis (e Para quem não gosta de ler os clássicos 3)

Como um texto envelhece mal quando o estilo não é realista!

(Ainda não consigo entender que alguém considere melhores os contos do que os romances de Machado - como M. Hatoum, por exemplo, domingo em uma entrevista no Estado de S. Paulo.)

¡Rompió mi corazón!




Este conto ou novela satírica (mesmo sendo um texto mais ou menos curto, não um tijolão) é ideal para continuar com a série "Para quem não gosta de ler os clássicos".


O Alienista, de Machado de Assis

Em português: De perto ninguém é normal.
Em espanhol de Argentina: De médico y loco todo el mundo tiene un poco. Che.
Em espanhol de España: De poeta y de loco todo el mundo tiene un poco.
Mais: De genio y de loco todo el mundo tiene un poco.

No sé si es Baires o Madrid

... O Barcelona! (25 de abril, ssshhhhhhht! :o)




PS: Como em Updike, o desejo como motor:
"Lo importante es desear / y no ser un muerto vivo".

PPS: O desejo não só move as pessoas, também move as personagens de ficção.

PS2: Ontem no programa de TV Saia Justa pareceram chegar à conclusão (uma apresentadora apoiando-se em Lacan) de que certo grau de inveja é positivo porque leva ao desejo. O desejo seria uma espécie de reverso da inveja. Não. A inveja é destrutiva e destrutora. O desejo é um sentimento com uma outra origem - mais autônoma.

Wednesday, March 11, 2009

My workplace for 2009

Um poema

menina assanhada
de saia rodada

o vento passa...

calcinha rendada
desavergonhada



(De minha amiga Anna Faedrich.)

Tuesday, March 10, 2009

A Commedia

Um dos, por vários motivos (todos humanos, se dá para entender), colegas mais queridos do mestrado me disse hoje que sua dissertação ia ser sobre o Dante e sobre Boécio. Perguntei-lhe se já tinha lido a Commedia. Me disse que estava lendo-a. Disse-lhe se sabia que a Igreja não aceitou bem a obra, que, não sem razão, tachou de profana. Pois o Dante colocou no topo do Paraíso a Beatriz: no lugar da Virgem, seu grande amor terreno. Pensei para mim (pois a gente estava falando também de amor): tadinho do Dante, nem chegou a comê-la. Mas logo me corrigi: tinha coisas mais importantes a fazer: escreveu a Commedia.


PS: No hauria de perdre ni un segon parlant de l'Església o de religió, però aprofito per informar de la notícia més comentada la setmana passada al Brasil. L'Església Catòlica va excomunicar la mare que va permetre i l'equip de metges que va realitzar l'avortament d'una nena de nou anys violada pel seu padrastre. (El padrastre no, perquè "la violació no és tan greu", va dir l'arquebisbe, i la nena tampoc, perquè "no sabia el que feia".) L'Església sempre indicant-nos el camí... :)

Monday, March 09, 2009

Amizade

Amizade no Brasil é tão difícil!
Os laços de família são fortes demais.

Saturday, March 07, 2009

Still from New York*

(I wrote this more than a month ago; it was to be a post.)

John Updike died last Tuesday [January, 27]. On Wednesday I didn't buy the newspaper, so I only got to know it on Thursday. I'll never again find his pieces of literary criticism in The New Yorker - which I read, regardless of the book or the author he so intelligently and deferentially dealt with. Once, while I spent some months sort of isolated in a house that my parents have in the Pyrenees, I relied on the company of one of his longest and probably best books - maybe least Updikish, too: In the Beauty of the Lilies. I used to read it seated on the grass, against a tree, by the lake. And the very first short story that I ever translated into Spanish, for my own sake, because I thought it was wonderful, was one of his. One about a middle-aged man, single, bitter, at odds with life, who discovers, back in his hometown, in a visit to his old-time optician, that he's still able to fall in love as foolishly as an adolescent. I still haven't found a better title for a short story: "The persistence of desire". That might well be what keep us all alive. "His stories", wrote Lorrie Moore - who is another of my dearest short story writers - "were jewels of existential comedy, domestic anguish and restraint. And his non-fiction!".

*Updike didn't like New York. He only went there when necessary, to visit some friends, or his editor, or to see some art exhibitions.

Flesh and Blood Comics


R. Crumb

Thursday, March 05, 2009

Inici del conte "Encontros na península", de Milton Hatoum

Diumenge passat vaig acabar d'escriure el projecte de tesina i, com sempre que acabo alguna feina, treball de la universitat, conte, etc., em vaig voler fer un regal. Vaig anar a la llibreria Saraiva i vaig comprar l'últim llibre de l'escriptor brasiler (de Manaus) Milton Hatoum: A cidade ilhada. Aquest és l'inici (només l'inici) d'un dels millors contes del llibre (és fàcil de llegir, sembla escrit en català).

O ano é 1980: agosto, muito calor em Barcelona. E pencas de turistas barulhentos, como hordas de bárbaros vindos do Norte. Eu procurava um emprego naquele verão de jejuns forçados; ganhar pesetas com traduções era difícil, mas qualquer serviço seria bem-vindo: balconista de uma mercearia de Gracia, garçom no bairro Gótico ou nas tascas do velho porto mediterrâneo. Então o acaso saiu da sombra e o telefone tocou. Uma mulher havia lido um cartaz no Centro de Estudos Brasileiros: ensina-se português do Brasil. Victoria Soller queria aprender português. Fui vê-la no endereço que me deu: um apartamento num palacete modernista, travessa da avenida Diagonal.

Uma mocinha morena, alta e magra abriu a porta: Fique à vontade. O que deseja beber?

Água, respondi timidamente.

A sra. Soller já vem.

Na sala observei quadros de Miró e Antoni Tàpies e uma gravura do século XIX com a figura de Tirant lo Blanc no palco de uma batalha. Uma sala catalã. Daí a poucos minutos a sra. Soller apareceu: da minha altura, só um pouco mais magra que as mulheres de Monet. E mais bonita que as figuras femininas dos pintores impressionistas. Victoria quis saber quem era eu, e de onde era. Um estudante brasileiro, eu disse. Um ex-bolsista de um instituto de Madri. E acrescentei: Um escritor brasileiro inédito, à procura de um emprego.

Já tens um emprego, ela disse. E só porque és brasileiro.

A pátria me salvou neste verão, pensei. Picado de curiosidade, perguntei por que ela queria aprender o português falado no Brasil.

Não quero falar, ela disse com firmeza. Quero ler Machado de Assis.

Corrigi o que havia pensado: o sentimento íntimo do país me salvou a tempo.

E, para impressionar minha futura aluna, eu disse em catalão: Molt bé. E por que a senhora quer ler Machado?

Tuesday, March 03, 2009

A ciegas

Por fin llega a España Ensaio sobre a cegueira, de Fernando Meirelles - con el título de A ciegas (?). Vale la pena. Aunque sólo sea para ver a Alice Braga. No, en serio: vale la pena, es una buena película, arriesgada y dura. Muestra, una vez más, cómo somos los seres humanos - y, en especial, los hombres. Con una gran actuación de Julianne Moore. Y una increíble ciudad de São Paulo posapocalíptica. Y... Alice Braga :)

Monday, March 02, 2009

Escaping from what?

This is a very interesting story from Friday's New York Times. This girl, Hannah, 23, teacher of Spanish, went running on Riverside Drive*, New York, last August, and was found three weeks later floating on the river Hudson - alive. What happened during those three weeks nobody knows, not even she. Security cameras recorded her in the Apple store, as well as in some Starbucks. For people who like categorizing, psychiatrists call it "dissociative fugue". But reading it I thought it was more amazing than that.

*Try looking at New York City using Google Earth. It's like flying between buildings, over parks and squares...

Sunday, March 01, 2009

Cinema está cada vez pior 3

O cinema continua em estado catastrófico (vejam os últimos Oscar, por exemplo, tirando Milk), mas há anos especialmente bons para o cinema espanhol. São os anos com filmes da dupla Almodóvar & Amenábar, que sempre coincidem, e 2009 - ano II da crise econômica mundial - é um deles. O primeiro estréia Los abrazos partidos, com Penélope Cruz e Lluís Homar, e ainda não tem um trailer digno do nome; o segundo estréia Ágora, com Rachel Weisz. Eu não sabia onde estava metido Amenábar desde Mar Adentro, mas ao que parece não perdeu o tempo, olhem o primeiro trailer do filme (o Sullivan, colega de mestrado, fanático pelas sete maravilhas do mundo antigo, vai vibrar). (Façam click em High Quality, seta no ângulo inferior direito.)