Tuesday, September 22, 2009

Meu amado pai


Do Ramon, 2000.


De Oriol Sais, 1989.


Do El País, 1998.


De um desenhista de Les Rambles, 1998.

Friday, September 18, 2009

O mal-estar na civilização, de S. Freud

"A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós; proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas. (...) Existem talvez três medidas desse tipo: derivativos poderosos, que nos fazem extrair luz de nossa desgraça; satisfações substitutivas, que a diminuem; e substâncias tóxicas, que nos tornam insensíveis a ela. Algo desse tipo é indispensável."

Derivativo poderoso seria a criação artística, a atividade científica ou até o trabalho, quando é livremente escolhido.

Satisfação substitutiva seria, por exemplo, a leitura, ou a contemplação da obra de arte.

Substâncias tóxicas, bom... eu estou fumando.

Tem a religião, mas para Freud é "uma paranóia coletiva". Ele fala bem da filosofia budista, que busca a ausência de desprazer, a felicidade da quietude.

Segundo Freud, o problema do "momento" de felicidade ou prazer, mais comum, é que é uma "manifestação episódica", que não se prolonga; que deriva de um contraste, e não de um "estado de coisas".

Sobre o amor... "A modalidade de vida que faz do amor o centro de tudo, que busca toda satisfação em amar e ser amado" talvez se aproxime mais da meta da felicidade. Porém "nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor".

Mas há esperança! "Não existe uma regra de ouro que se aplique a todos: todo homem tem de descobrir por si mesmo de que modo específico ele pode ser salvo. (...) É uma questão de quanta satisfação real ele pode esperar obter do mundo externo, de até onde é levado para tornar-se independente dele, e, finalmente, de quanta força sente à sua disposição para alterar o mundo, a fim de adaptá-lo a seus desejos. Nisso, sua constituição psíquica desempenhará papel decisivo, independentemente das circunstâncias externas."


Wednesday, September 16, 2009

Longe

A Rose :) me enviou o novo videoclipe do Arnaldo Antunes :)) Do novo CD, que saiu agora :))) Mas eu já conhecia esta canção! Foi a que a Anna :) filmou no show que ele fez em Porto Alegre! Showzão que eu perdi! :(

Friday, September 11, 2009

Diada Nacional

Hoje é o Dia Nacional da Catalunya - como o passado dia 7 foi o Dia do Brasil. Compartilhar de um Dia Nacional seria, usando palavras de Freud dedicadas à religião (mas que sem dúvida ele deve ter dedicado, também, ao nacionalismo, equiparado a ela pela psicanálise), compartilhar de uma "paranóia coletiva". Então, eu estou fora - sempre fora. Como cidadão da Catalunya, da Espanha, da Europa, do Rio Grande do Sul e do Brasil (sem esquecer a importância, talvez maior, de meu ser barcelonês e portoalegrense), digo que podem enfiar esses dias nacionais no **. "Pode ser / pode ser bom / e pode ser / pode ser não". :)

Monday, September 07, 2009

My workplace for 2009 (3)



Embora eu seja influenciável, não é pelo que escreveram Nietzsche e Rousseau que coloquei os papéis na vertical: é para ter uma visão de conjunto e poder ler em voz alta.

Thursday, September 03, 2009

De pé

Também para a dissertação, estou lendo Ecce Homo, de Nietzsche. E me fez sorrir esta coincidência com Rousseau. (Também gostei de outra coincidência: Paloma, amiga do mestrado está lendo o mesmo livro.)

Rousseau, que escrevia passeando, escreve: "É nos passeios, no meio dos rochedos e dos bosques, que escrevo, no cérebro".

Nietzsche, que escrevia num atril (isto é o que me ficou das aulas de filosofia no colégio :), escreve: "Ficar sentado o menor tempo possível; não dar crença ao pensamento não nascido no ar livre, de movimentos livres - no qual também os músculos não festejem".

Wednesday, September 02, 2009

Bem que eu queria ir (notas de uma vida fóbica), de Allen Shawn

Há dias que queria comentar este livro, sobre o que já escrevi alguma coisa. O comprei no Botequim das Letras, a segunda vez que eu fui lá. A primeira vez, quando achei o livro por acaso, a atendente não sabia o preço, o livro acabava de chegar; ligou para a dona, a ligação caiu; então, sem preço, não pude comprá-lo. A segunda vez, a dona estava ali. Tirou o livro do bolso, disse que esteve lendo o prefácio e que lhe parecia muito bom. Essa dona é uma mulher jovem, uma guria, e então já gostei dela (uma dona de livraria que lê os livros!), mas gostei mais ainda quando, dias depois, a vi sendo entrevistada em uma TV local. Disse que na sua livraria (que é muito pequenina) só tinha livros escolhidos: de ficção, ensaios, algo de psicologia, algo de crítica literária; e que não tinha auto-ajuda, por exemplo, nem best-sellers (só alguns: Leite derramado, ela tinha; as mulheres, aqui como no Leblon, entram loucas nas livrarias pedindo o leite derramado do Chico (hihi, essa piada não é minha, é do Simão)).

Gostei do livro, cujo autor é músico e um grande fóbico (tem fobia de quase tudo). Mas esperava que fosse mais autobiográfico e menos informativo (tinha essa expectativa e o comprei porque tem a ver com a pesquisa para minha dissertação, como as Confissões de Rousseau): é metade-metade. Talvez meio repetitivo, e não especialmente bem escrito (ou será a tradução?; li muitos "eu", "eu", "eu", os "I", "I", "I" que em inglês são necessários, mas em português ou espanhol não), porém muito interessante. Bom para quem queira saber como as fobias têm as raízes na infância - para isso, além de sua própria experiência, o autor usa Freud - e como algumas tem origens remotas, nos primeiros homo sapiens (porque eram "medos úteis": medo da escuridão, dos espaços abertos ou fechados, etc.) - para isso ele usa Darwin. A psicanálise e as técnicas da psicologia cognitivo-comportamental não o curaram, mas o aliviaram, fizeram sua vida possível, ele diz (ele conta de maneira engraçada como foi levado com um grupo de pessoas com claustrofobia e medo de voar ao hangar de um aeroporto e metido em um avião em manutenção). Fala pouco em neuropsiquiatria, achei isso em falta (ele escreve: "Pelo menos até os dias de hoje não existe ressonância magnética no mundo que possa olhar para o cérebro e analisar as conexões neuronais para determinar quais [fobias] existiam no útero, quais se formaram aos três anos de idade e quais se criaram no mês passado"). Finalmente, achei estranho que só falasse em egocentrismo no posfácio, quando pede desculpas ao leitor: acaso o egocentrismo não está presente nas fobias e neuroses em geral?

Alguns trechos (escolhidos:):

Em geral, o agorafóbico sofre de uma culpa terrível por todas as ocasiões e oportunidades perdidas ou estragadas por suas reações e pelas ausências ou partidas inexplicadas que feriram suas relações.

No que se refere à confrontação dos riscos normais da vida, há decerto muita verdade no velho conselho de voltarmos imediatamente a montar o cavalo que nos derrubou. Uma experiência que rapidamente contradiz um trauma pode ajudar o cérebro a se curar com ainda mais velocidade.

[Segundo Freud] as carícias que recebemos quando bebês e continuamos a buscar em formas mais maduras quando crescemos podem nos ajudar a sobreviver. (Mais recentemente, o psicanalista francês Didier Anzieu escreveu sobre o "eu-pele" (le moi-peau) e a importância de sermos acariciados, dizendo que o afeto físico é um reforço essencial do "eu".)

Quando hábitos de evitação e ansiedade persistem por muito tempo, eles se tornam parte de você, como a dor crônica. O cérebro se acostuma às conexões, e elas se consolidam. O impressionante, no entanto, é que mesmo o cérebro adulto pode construir conexões completamente novas. As antigas podem se desfazer - se a pessoa estiver pronta a desfazê-las - e por fim, com muito trabalho, podem ser substituídas.