Monday, December 03, 2012

América del Sur (Reminder: Volver)

Postei este vídeo de Vincent Urban no FB. Mas quero deixá-lo aqui para não perdê-lo. Nem perder o comentário que o Giovanni fez. Nem esquecer.

Nem esquecer de voltar, quero dizer. Esquecer, como? Eu fiz uma parte dessa viagem, com a Gabriela, em 2005, há quase oito anos. Mas quero mais.




Eu comentei: "Esto es 'solo' el telón de fondo. Faltan imágenes de la flora y la fauna más diversas del planeta; de las grandes ciudades y de la herencia precolombina. Y, sobre todo, de sus gentes, la mayor riqueza de América del Sur".

O Giovanni, amigo boliviano, de La Paz, comentou: "Soy feliz de haber nacido en este continente vasto, lleno de colores, historias y leyendas heredadas de un pasado casi místico. Con gente generosa y que se esfuerza cada día para construir un futuro promisorio. Sus selvas son mi música, sus desiertos mi paz, las estrellas me traen mis sueños y su gente es mi corazón. Viva mi América".

Saturday, December 01, 2012

Os pulmões de aço de Nêmesis

Este post é em especial para o Leo Wittgenstein Wittmann e para o Sérgio Berenguer Lulkin III. O Leo insistiu para que eu lesse Nêmesis e foi quem há pouco me disse que Philip Roth parou de escrever  Nêmesis é, portanto, o seu último romance; o Sérgio também leu o livro e com ele tentamos adivinhar o que era o "pulmão de aço", tão citado, mas nunca descrito, pelo narrador (quem é? ;).

Nêmesis se passa num verão dos anos 40 em que a cidade de Newark  e todo o estado de Nova Jersey, e outros estados  é assolada por uma epidemia de poliomielite. A personagem principal é Bucky Cantor, jovem professor de educação física. Ele é quem cuida dos garotos que jogam beisebol no pátio de uma escola, durante as férias. Vários desses garotos pegam a doença e são levados para hospitais, onde alguns morrem. Sobre os que vão para o hospital, os garotos do pátio não sabem nada com certeza. Somente que podem estar com o corpo meio ou totalmente paralisado ou serem colocados dentro de algo chamado "pulmão de aço". Esse "pulmão de aço" indefinido é o que os garotos mais temem, mais até do que ter o corpo imobilizado ou morrer. (Há outro fator angustiante no romance, outra indefinição: ninguém sabe, e o narrador não chega a contar, como a doença se transmite.)  

Não sei se o Leo pesquisou o que era um pulmão de aço. O Sérgio e eu falamos sobre isso, mas não chegamos a saber exatamente o que era, nem o procuramos. Teria sido, fácil, na internet, mas imagino que estávamos empolgados demais com a leitura como para parar e pesquisar. Há uns dias eu soube, por acaso. Entrei numa livraria e dei de cara com um livro intitulado Pulmão de aço. Vi que o livro tinha fotografias, e lá estava ele. Entendi o porquê do terror dos garotos de Bucky Cantor. Não comprei o livro, talvez o compre, mas tirei uma foto (nunca fiz isso antes): 

Também tirei uma foto da legenda dessa foto, que diz: "Hospital Rancho Los Amigos Respiratory Center, o maior centro de tratamento respiratório para casos de pólio do mundo na década de 1950, próximo a Los Angeles: pulmões de aço resultaram na criação das UTIs".

Essas crianças têm todo o corpo metido nesses cilindros e, dentro deles, estão imobilizados. É aterrorizador. E me espantou, porque mais do que uma ajuda parece um tormento, ver esses espelhos inclináveis que eles têm para ver seu próprio rosto, que é tudo o que podem fazer. O horror é indescriptível, a foto diz tudo.

Mais tarde, me perguntei por que o narrador de Nêmesis nunca descreve o que é o pulmão de aço. É proposital, demonstra o talento de Roth. O Sérgio e eu ficamos a nos perguntar, inquietos, o que podia ser aquilo que tanto medo dava aos garotos. Isso é o que o autor queria. E essa ignorância nossa tinha o seu paralelo no não saber dos próprios protagonistas, os garotos ainda não infectados que brincam no pátio da escola: eles "ouviram falar", sabem "mais ou menos", "algumas pessoas dizem" que os doentes ficam dentro de um "pulmão de aço", imobilizados, talvez para sempre. Mas não sabem exatamente o que é, de que se trata, daí o terror.

A história que conta o livro que não comprei, Pulmão de aço, de Eliana Zagui, também é terrível. Sinopse (copio do site da Cultura): "Eliana chegou ao Hospital das Clínicas de São Paulo aos dois [!] anos de idade, em 1976, com poliomielite, paralisada do pescoço aos pés e quase incapaz de respirar. Foi colocada no pulmão de aço, máquina usada para recuperar o aparelho respiratório, mas não apresentou evolução significativa. Os médicos avisaram aos pais da menina que ela teria pouco tempo de vida. Eliana ainda vive no hospital [36 anos depois!]. Em Pulmão de Aço ela conta como fez para sobreviver aos prognósticos e se tornar uma artista que pinta quadros com a boca". Na capa do livro, também o espelho, para mim apavorante.