Here you'll find comments and stories about my stay in Brazil; translations of Brazilian songs, poems, short stories and pieces of news; photographs. Also, some film and book reviews. In Spanish, Catalan, Portuguese and English.
Sunday, December 28, 2008
Livros que ainda não li
Ciente de que o prazer sexual é um ingrediente fundamental para uma vida plena e preocupado com a saúde de todos nós, meu irmão Uri aproveitou a noite de Natal para presentear aos homens e às mulheres da família com os livros El Hombre Multi-Orgásmico e La Mujer Multi-Orgásmica, respectivamente. São livros que, supostamente, têm alguma coisa a ver com o Tao Te Ching, que ele andou lendo. (Aliás, minha irmã ganhou o Tao Te Ching também: será que ela está mais avançada???) O editor deve estar feliz da vida, pois o Uri nem sequer pensou em comprar La Pareja Multi-Orgásmica (também no mercado) para os casais. Mas tudo bem, melhor assim, um livro para cada um. Isso provavelmente está no Tao: Nada é para sempre etc e tal.
Saturday, December 20, 2008
Para Rose, no dia do seu aniversário
Quero muito você, Rose.
E para Rosa. :) "Você sorriu e disse: 'Eu gosto de você também'".
Friday, December 19, 2008
Não brota o fruto e nem a flor*
Alice Smeets (AP)
Foto vencedora do prêmio Unicef 2008. Menina em favela de Porto Príncipe, Haiti, julho de 2007.
Serve de novo aquela frase de Freud, de O futuro de uma ilusão: "Não é preciso dizer que uma civilização que deixa insatisfeito um número tão grande de seus participantes e os impulsiona à revolta não tem nem merece a perspectiva de uma existência duradoura".
*Legião Urbana, "L'avventura".
Tuesday, December 16, 2008
Na Polícia Federal
Nas duas últimas semanas estive três vezes na Polícia Federal, em Porto Alegre, para renovar meu visto. E cada dia, por cada estrangeiro ou gaúcho que estava lá para questões burocráticas, havia 20 machões (20, sem exagero, eles são chamados de vinte em vinte) para registrar sua arma (ou armas). O Presidente Lula tentou passar uma lei pró-desarmamento em 2005, mas o projeto foi derrubado em referendo - por uma estreita margem no Nordeste, e por uma amplíssima, absurda e vergonhosa margem no Sul, onde eu estou. A sociedade civil, com a retrógrada revista Veja à frente, liderou o movimento contra a lei, e o resultado do referendo permitiu que o brasileiro pudesse continuar comprando livremente armas (como se o Brasil fosse um desses Estados atrasados do centro-sul dos Estados Unidos). E aqui estão eles, gaúchos machos, registrando suas armas aos montes, com o objetivo, suponho, de proteger suas famílias ou suas lojas. Armas que serão roubadas de suas casas e usadas por bandidos para assaltar ou assassinar (prévio riscado do número de série, pelo qual nem o cafajeste aqui ao meu lado nem o bandido poderão ser identificados) ou por eles mesmos para matar a mulher ou o vizinho em alguma briga estúpida.
Monday, December 15, 2008
We Really Should Do These Things More Often 2
The Iraqi journalist, Muntader al-Zaidi, 28, a correspondent for Al Baghdadia, an independent Iraqi television station, stood up about 12 feet from Mr. Bush and shouted in Arabic: “This is a gift from the Iraqis; this is the farewell kiss, you dog!” He then threw a shoe at Mr. Bush, who ducked and narrowly avoided it.
As stunned security agents and guards, officials and journalists watched, Mr. Zaidi then threw his other shoe, shouting in Arabic, “This is from the widows, the orphans and those who were killed in Iraq!” That shoe also narrowly missed Mr. Bush as Prime Minister Maliki stuck a hand in front of the president’s face to help shield him.
(NYTimes.com)
(WRSDTTMO1)
Sunday, December 14, 2008
Natal em Porto Alegre 2
Zero Hora
Pena que eu não fui ontem, no dia da estréia da iluminação. Morando tão perto! Qualquer dia destes eu vou. (Que linda a usina de verde!)
Saturday, December 13, 2008
Esaú e Jacó, O mundo à minha procura III, Conta-Corrente I
Mais livros.
Pela presença excessiva da voz do narrador, mais exagerada do que em qualquer outro de seus romances de maturidade, aqui dá para ver como, para Machado de Assis, o mundo pode ser um teatro e as pessoas - as personagens -, títeres (em uma visão do mundo que, segundo um crítico literário, coincide com a do filósofo Schopenhauer). Essa presença excessiva chega a ser enfadonha, em opinião compartilhada por vários colegas. Mas o estilo é sempre incrível.
Terceiro volume de uma autobiografia romanceada de Ruben A., escritor português. Monólogo interior sem fim, texto verborrágico, com muitas metáforas, barroco, quase rococó, de ritmo rápido... Mas nada que disfarce o pouco interesse do enredo: um professor de "francês comercial", no Porto, compra uma casa e pensa no passado (onde há um Belzebu - o pai? -, uma namorada que termina o relacionamento com ele, um amor platônico, e não sei mais o quê).
Este eu não vou comentar. Vergílio Ferreira também é português, e Conta-Corrente também é um livro autobiográfico, neste caso escrito em forma de diário. Só vou citar um fragmento que achei bem interessante sobre Fernando Pessoa. (Eu gosto muito de Pessoa, mas Vergílio Ferreira tem uma crítica a fazer.)
P. 62:
Eça de Queirós foi quase a minha juventude; Pessoa, mais tarde, a minha quase obsessão. [...] É um "grande". [...] Mas depois de lhe escriturar a grandeza, gostaria de arrumar este problema: em que medida a sua originalidade não é muitíssimas vezes um arranjo curioso de banalidades? Dizer, por exemplo, "os olhos que têm o sono que não tenho" é dizer que se tem sono e se não pode dormir; dizer "se te queres matar, porque te não queres matar" é dizer "se te queres matar, porque não te matas?" [...]. Decerto, a maneira também é conteúdo; mas é um conteúdo em maneira e não em si com o quanto necessário à sua manifestação. E de tal modo isto é maneira, que é extraordinariamente imitável (e imitado) - o que não pode acontecer com uma originalidade de fundo. [...] Aliás, repito, seria interessante um confronto sistemático de Pessoa com Eça, de quem ele disse muito mal e em cujos bolsos meteu às vezes a mão. Por exemplo, é citada até à náusea a frase de Pessoa "a minha pátria é a língua portuguesa". Mas isto está na carta IV do Fradique: "Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade". [...] O que é freqüente nele é não dizer nada de novo, excepto no que há de imprevisto e desmultiplicado na maneira de dizer. A ver se arranjo exemplos.
Pela presença excessiva da voz do narrador, mais exagerada do que em qualquer outro de seus romances de maturidade, aqui dá para ver como, para Machado de Assis, o mundo pode ser um teatro e as pessoas - as personagens -, títeres (em uma visão do mundo que, segundo um crítico literário, coincide com a do filósofo Schopenhauer). Essa presença excessiva chega a ser enfadonha, em opinião compartilhada por vários colegas. Mas o estilo é sempre incrível.
Terceiro volume de uma autobiografia romanceada de Ruben A., escritor português. Monólogo interior sem fim, texto verborrágico, com muitas metáforas, barroco, quase rococó, de ritmo rápido... Mas nada que disfarce o pouco interesse do enredo: um professor de "francês comercial", no Porto, compra uma casa e pensa no passado (onde há um Belzebu - o pai? -, uma namorada que termina o relacionamento com ele, um amor platônico, e não sei mais o quê).
Este eu não vou comentar. Vergílio Ferreira também é português, e Conta-Corrente também é um livro autobiográfico, neste caso escrito em forma de diário. Só vou citar um fragmento que achei bem interessante sobre Fernando Pessoa. (Eu gosto muito de Pessoa, mas Vergílio Ferreira tem uma crítica a fazer.)
P. 62:
Eça de Queirós foi quase a minha juventude; Pessoa, mais tarde, a minha quase obsessão. [...] É um "grande". [...] Mas depois de lhe escriturar a grandeza, gostaria de arrumar este problema: em que medida a sua originalidade não é muitíssimas vezes um arranjo curioso de banalidades? Dizer, por exemplo, "os olhos que têm o sono que não tenho" é dizer que se tem sono e se não pode dormir; dizer "se te queres matar, porque te não queres matar" é dizer "se te queres matar, porque não te matas?" [...]. Decerto, a maneira também é conteúdo; mas é um conteúdo em maneira e não em si com o quanto necessário à sua manifestação. E de tal modo isto é maneira, que é extraordinariamente imitável (e imitado) - o que não pode acontecer com uma originalidade de fundo. [...] Aliás, repito, seria interessante um confronto sistemático de Pessoa com Eça, de quem ele disse muito mal e em cujos bolsos meteu às vezes a mão. Por exemplo, é citada até à náusea a frase de Pessoa "a minha pátria é a língua portuguesa". Mas isto está na carta IV do Fradique: "Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade". [...] O que é freqüente nele é não dizer nada de novo, excepto no que há de imprevisto e desmultiplicado na maneira de dizer. A ver se arranjo exemplos.
Friday, December 12, 2008
Ah, e eu...
... pessoalmente também tenho o que comemorar. Terminou meu primeiro ano de mestrado. :) E olha como eu me sinto:
Hehe. Estava querendo postar no blog essa obra de arte do Banksy por qualquer motivo. :p
Hehe. Estava querendo postar no blog essa obra de arte do Banksy por qualquer motivo. :p
Wednesday, December 10, 2008
Duas grandes notícias
Ontem, 9 de dezembro de 2008, depois de cinco anos (5!), a Gabriela formou-se em Direito. E com A. (De Aleluia.)
Ontem, 9 de dezembro de 2008, depois de nove meses (9!), nasceu o filho da Raquel.
Ontem, 9 de dezembro de 2008, depois de nove meses (9!), nasceu o filho da Raquel.
Tuesday, December 09, 2008
Toda cura para todo mal
- Tem cura para a solidão?
Fernanda T.:
- Ai Roger, não leve tudo ao pé da letra!
Fernanda T.:
- Ai Roger, não leve tudo ao pé da letra!
Sunday, December 07, 2008
Divulgando a arquitetura de Catalunha
Porque nem tudo é Gaudí. :)
Ramon Cardús
Edifici de Gas Natural, de Enric Miralles e Benedetta Tagliabue.
Ramon Cardús
Edifici de Gas Natural, de Enric Miralles e Benedetta Tagliabue.
Saturday, December 06, 2008
A casa dos espelhos e A rainha dos cárceres da Grécia
Romance de Sergio Kokis sobre a vida de um pintor exilado em um país da América do Norte – supostamente o Canadá – e sua infância e adolescência no Rio de Janeiro; sobre a pobreza e a miséria em todas suas facetas; sobre a educação e formação do indivíduo, a persistência das lembranças, a construção da identidade, a desumanização, o desenraizamento.
Com muitos seios, bundas, cheiros, cores, sexo, sonhos, buscas. Mas também com mortos, mendigos, afogados, prostitutas, famintos, crianças disformes, cadáveres anônimos.
OK, falta um coração para o máximo (segundo o sistema de cotações de Maria, Rainha da Suécia - como Sergio Kokis, carioca "exilada"). Mas é que cinco corações eu guardo para meu descobrimento do ano, Osman Lins (ai, espanhol ignorante), de quem li A rainha dos cárceres da Grécia.
O livro de Osman Lins não é sobre rainhas, nem sobre cárceres, nem sobre a Grécia (ainda bem que não é nada disso, eu estava com medo quando o comprei). É sobre um escritor que intenta contar o romance que sua amante falecida escreveu e não publicou. Metaficção, então. Mas (atenção!) surpreendentemente não chata. Muito pelo contrário: várias histórias de amor intensas, uma incrível recriação do Recife de hoje e do passado e de seus habitantes, e uma humana descrição das dificuldades e os prazeres da escrita.
PS: Ambos os livros estavam na lista da disciplina da professora de literatura da PUCRS Ana Mello, a quem agradeço por tê-los escolhido. (Mas Angústia, de Graciliano Ramos, não precisava. E aquele outro do Cony, também não.)
PS2: Todos os livros de Kokis podem ser lidos em francês - ganharam todos os prêmios possíveis no Canadá, devem ser bons. Le pavillon des miroirs foi o único traduzido ao português. De repente não traduziram os outros por ele descrever um Brasil... não muito bonito?
Com muitos seios, bundas, cheiros, cores, sexo, sonhos, buscas. Mas também com mortos, mendigos, afogados, prostitutas, famintos, crianças disformes, cadáveres anônimos.
OK, falta um coração para o máximo (segundo o sistema de cotações de Maria, Rainha da Suécia - como Sergio Kokis, carioca "exilada"). Mas é que cinco corações eu guardo para meu descobrimento do ano, Osman Lins (ai, espanhol ignorante), de quem li A rainha dos cárceres da Grécia.
O livro de Osman Lins não é sobre rainhas, nem sobre cárceres, nem sobre a Grécia (ainda bem que não é nada disso, eu estava com medo quando o comprei). É sobre um escritor que intenta contar o romance que sua amante falecida escreveu e não publicou. Metaficção, então. Mas (atenção!) surpreendentemente não chata. Muito pelo contrário: várias histórias de amor intensas, uma incrível recriação do Recife de hoje e do passado e de seus habitantes, e uma humana descrição das dificuldades e os prazeres da escrita.
PS: Ambos os livros estavam na lista da disciplina da professora de literatura da PUCRS Ana Mello, a quem agradeço por tê-los escolhido. (Mas Angústia, de Graciliano Ramos, não precisava. E aquele outro do Cony, também não.)
PS2: Todos os livros de Kokis podem ser lidos em francês - ganharam todos os prêmios possíveis no Canadá, devem ser bons. Le pavillon des miroirs foi o único traduzido ao português. De repente não traduziram os outros por ele descrever um Brasil... não muito bonito?
Por que falo como eu falo
"Agora penso sempre em uma língua estrangeira. Porque com o tempo todas as línguas se misturam. (...) Muitas vezes a palavra exata não me vem à mente, ou me vem em uma outra língua. (...) Se fico à vontade, as frases saem lógicas (...). Algumas formas de expressão ou o uso da gíria num contexto inadequado às vezes podem chocar meus interlocutores, que entretanto não reagem, por causa de minhas boas intenções. Há casos em que pretendo realçar uma expressão e o faço de maneira inusitada, o que destrói o efeito desejado. (...) Não se pode estar preocupado com isso a cada momento, senão o raciocínio se interrompe, a cabeça divaga e perde-se o fio da meada. Há tantas coisas a dizer que a forma deve se manter em segundo plano. Frequentemente tenho a impressão de ir muito depressa, como se tivesse de me expressar com urgência."
Sergio Kokis*, A casa dos espelhos
Eu ia fazer um pastiche com esse trecho do romance em que o autor reflete sobre o fato de se expressar em uma língua estrangeira. Mas o texto está tão bem escrito e é tão preciso, tão exato - me reconheço tanto nele - que não pude adicionar nada. Só direi que esse chocar meus interlocutores, sobretudo por querer me expressar com urgência, já me trouxe algum problema. Me desentendi com uma professora até ao ponto de abandonar sua disciplina, por exemplo. (Mas, também, como era chata essa disciplina.)
* Sergio Kokis, carioca, mora no Québec desde 1969, nunca mais voltou ao Brasil e escreve em francês.
Sergio Kokis*, A casa dos espelhos
Eu ia fazer um pastiche com esse trecho do romance em que o autor reflete sobre o fato de se expressar em uma língua estrangeira. Mas o texto está tão bem escrito e é tão preciso, tão exato - me reconheço tanto nele - que não pude adicionar nada. Só direi que esse chocar meus interlocutores, sobretudo por querer me expressar com urgência, já me trouxe algum problema. Me desentendi com uma professora até ao ponto de abandonar sua disciplina, por exemplo. (Mas, também, como era chata essa disciplina.)
* Sergio Kokis, carioca, mora no Québec desde 1969, nunca mais voltou ao Brasil e escreve em francês.
Friday, December 05, 2008
Sobre o tempo
Pode crer?
Saio de Porto Alegre no último dia da Primavera e chego em Barcelona no primeiro dia do Inverno.
Viverei no céu dois solstícios.
PS: Será o dia do aniversário da Rosa e da Rose. Dois sóis. Acho que pedirei champanhe no avião.
Saio de Porto Alegre no último dia da Primavera e chego em Barcelona no primeiro dia do Inverno.
Viverei no céu dois solstícios.
PS: Será o dia do aniversário da Rosa e da Rose. Dois sóis. Acho que pedirei champanhe no avião.
Thursday, December 04, 2008
Internacional, Campeão da Copa Sul-Americana 2008
Contra Estudiantes de La Plata. A Argentina, 0-1. A Porto Alegre, ahir, 1-1 a la pròrroga.
Saudações coloradas!
(Entre el Joventut, l'Espanyol i l'Inter, moltes alegries, aquests anys al Brasil!)
(I records als amics del Bar$a, que saben bé de quin equip parlo! Huhauahua!)
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