Este post é dedicado à Ana Santos, que me perguntou sobre a teoria de engavetar os textos por uns meses antes de enviá-los para alguma revista ou editora. Bom, ela não falou em teoria, nem é uma teoria: é aquela ideia de se afastar por um tempo dos textos próprios antes da última revisão. Eu lhe disse que a escritora Zadie Smith falava nisso de um jeito bem engraçado e radical, e que segundo ela era melhor deixar os textos guardados por anos, não por meses. Isso está no ensaio "That Crafty Feeling", que é a versão revisada de uma palestra que Zadie Smith deu no curso de escrita criativa da Universidade Columbia em 2008. Ela dividiu a palestra em 10 pontos, e o mais importante é o 8, que trata disso ao que a Ana se referiu.
8. Step Away from the Vehicle
You can ignore everything else in this lecture except number 8. It is the only absolutely twenty-four-carat-gold-plated piece of advice I have to give you. I've never taken it myself, though one day I hope to. The advice is as follows.
When you finish your novel, if money is not a desperate priority, if you do not need to sell it at once or be published that very second - put it in a drawer. For as long as you can manage. A year or more is ideal - but even three months will do. Step away from the vehicle. The secret to editing your work is simple: you need to become its reader instead of its writer. I can't tell how many times I've sat backstage with a line of novelists at some festival, all of us with red pens in hand, frantically editing our published novels into fit form so that we might go onstage and read from them. It's an unfortunate thing, but it turns out that the perfect state of mind to edit your own novel is two years after it's published, ten minutes before you go onstage at a literary festival. At that moment, every redundant phrase, each show-off, pointless metaphor, all the pieces of deadwood, stupidity, vanity and tedium are distressingly obvious to you. Two years earlier, when the proofs came, you looked at the same page and couldn't see a comma out of place. And by the way, that's true of the professional editors, too; after they've read the manuscript multiple times, they stop being able to see it. You need a certain head on your shoulders to edit a novel, and it's not the head of a writer in the thick of it, nor the head of a professional editor who's read it in twelve different versions. It's the head of a smart stranger who picks it off a bookshelf and begins to read. You need to get the head of that smart stranger somehow. You need to forget you ever wrote that book.
PS: Zadie Smith escreveu três romances. O último, On Beauty, é 10. Depois reuniu vários textos de não ficção, entre eles "That Crafty Feeling", no livro Changing My Mind, que eu não li completo. Ela fala sobre alguns escritores, sobre alguns romances, sobre cinema, sobre uma semana que passou na Libéria ou sobre sua família. Dos que eu li, posso dizer que o ensaio mais longo, o último do livro, sobre David Foster Wallace (para ela o melhor escritor de sua própria geração), "The Difficult Gifts of David Foster Wallace", é nota 10 também.
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