Meus dois trechos preferidos do livro. No primeiro, o protagonista, diretor criativo duma agência publicitária, 50 e tantos anos, casado, acaba de transar com a secretaria, de 19 (depois de duas semanas, ele diz, "ela já estava de joelhos no chão do escritório"). Ninguém sabe de nada:
Uma manhã, justo depois dela ter se levantado do chão e voltado à sua mesa na parte externa do escritório, e enquanto ele ainda estava de pé, vermelho, no meio da sala e ajustando-se as roupas, seu chefe, Clarence, gerente da empresa e vice-presidente executivo, abriu a porta e entrou. "Onde é o apartamento dela?", Clarence perguntou. "Eu não sei", ele respondeu. "Use o apartamento dela", Clarence falou severamente e saiu.
O segundo. Este, serio. O protagonista, já com 70 anos, vem de fazer três ligações para consolar três amigos muito doentes:
Se ele tivesse sido consciente do sofrimento mortal de cada homem e mulher que chegou a conhecer durante todos os anos de vida profissional, cada um deles com sua dolorosa história de remorso, perda e estoicismo, de medo e pânico e isolação e pavor, se ele tivesse tido conhecimento de cada pequena coisa que eles perderam que uma vez tinha sido vitalmente sua e de como, sistematicamente, eles estavam sendo destruídos, ele deveria ter ficado no telefone durante todo o dia e até a noite, fazendo outras cem ligações ao menos. A velhice não é uma batalha; a velhice é uma massacre.
2 comments:
Roger! Desculpa não comentar sobre o Philip Roth. Queria mesmo era te agradecer pela palavra exata lá no Montanha. Tinha que ser um “estrangeiro” pra me ensinar como fala minha própria língua! hahaha
De nada Maria! :)
Há outra palavra que seria uma tradução menos exata de spellbinding, mas que tem originalmente o mesmo sentido e é de uso muuuuito comum em espanhol (não sei se se usa tanto em português): encantador.
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