Tuesday, July 28, 2009

Monday, July 27, 2009

Baleias em Ipanema (hoje!)


Baleia e filhote nadam em Ipanema e atraem atenção de banhistas
e motoristas que passavam pela região (Folha Imagem).





PS nada a ver: Gisele descabelada:

Thursday, July 23, 2009

Confissões, de Rousseau

Depois de muito olhá-lo na Cultura, um dia comprei este livro como um dever (não era leitura obrigatória*, mas no mestrado tínhamos uma disciplina sobre literatura autobiográfica); o comecei a ler com algum receio; de fato, o achei chato; lá pela página 200, quase o abandonei; e agora só espero a hora de deitar para continuar a devorá-lo.

Vou comentá-lo um pouco quando tenha tempo. E, principalmente, vou copiar alguns trechos (tradução de Rachel de Queiroz e José Benedicto Pinto). Por enquanto, só adicionar que, muito antes de ser citado pela professora da disciplina, foi, para mim, a recomendação de um "defunto". Podem me chamar de idólatra, mas as dicas de Renato Russo não as deixo passar (Anna: seu esporte preferido era a natação). Graças a ele descobri Pato Fu, o Tao Te King, Adélia Prado, e outros livros, bandas, etc. que agora não lembro. (Só não vou ler a Bíblia, que ele leu e releu.) (Até porque meu irmão Ramon me a roubou.)

Fragmento 1, do Livro Quarto:

Esses longos detalhes da minha juventude parecerão muito pueris, e isso me aborrece. Embora tenha nascido homem, a certos respeitos fui criança muito tempo, e ainda o sou em muita coisa. Mas não prometi oferecer ao público um grande personagem: prometi me retratar tal qual sou e, para que me conheçam na idade avançada, é preciso que me tenham conhecido bem na juventude. E como, em geral, os objetos me impressionam menos que as lembranças, e todas as minhas idéias são em imagens, os primeiros traços que se me gravaram na cabeça lá ficaram, e os que se imprimiram depois, antes se combinarem com eles do que os apagarem.

Fragmento 2, do Livro Terceiro:

O padre Gaime [...] pintou-me um quadro verídico da vida humana, da qual eu só tinha idéias falsas. Mostrou-me como, mesmo com um destino adverso, o homem sensato pode sempre aproximar-se da felicidade e correr a favor do vento para a alcançar; e como não há verdadeira felicidade sem sabedoria, e como a sabedoria é indispensável a todas as situações. Amorteceu muito a minha admiração pela grandeza, provando-me que os que dominam os outros não são nem mais sábios nem mais felizes do que eles. Disse-me uma coisa que me volta sempre à memória: é que, se cada homem pudesse ler no coração dos outros, haveria mais pessoas que quereriam descer do que pessoas que quisessem subir.

Fragmento 3, do Livro Segundo:

[A Sra. de Vercellis] gostava que eu lhe mostrasse as cartas que escrevia à Sra. de Warens e que lhe prestasse contas dos meus sentimentos. Ela, porém, não soube avir com acerto para os obter, nunca me mostrando nada dos seus. Meu coração gostava de se expandir, mas só quando sentia que o fazia em outro coração. Interrogações secas e frias, sem nenhum sinal de aprovação, nem de censura a minhas respostas, não me inspiravam nenhuma confiança. Quando nada me significava que minha tagarelice agradava ou desagradava, ficava sempre receoso, e procurava menos mostrar o que pensava do que dizer algo que me pudesse prejudicar. [...] Enfim, para ler no coração dos outros, é sempre um mau processo mostrar-se que se esconde o próprio coração.


Fragmento 4, do Livro Nono:

Sei que me repito, mas é preciso: a primeira das minhas necessidades, a maior, a mais forte, a mais inextinguível, residia toda no coração; era a necessidade de uma convivência íntima, tão íntima quanto o pudesse ser; era por isso, sobretudo, que eu carecia mais de uma mulher do que de um homem, de uma amiga que de um amigo.

Fragmento 5, do Livro Terceiro:

Nunca pude fazer nada com a pena na mão, em frente a minha banca e ao papel. É nos passeios, no meio dos rochedos e dos bosques, é à noite na cama e durante as insônias que escrevo, no cérebro. E pode-se imaginar com que lentidão, sobretudo para um homem inteiramente desprovido de memória verbal, que durante a vida inteira não pode guardar seis versos de cor.

Fragmento 6, do Livro Sexto:

Nos primeiros dias, a curiosidade me tornou indiscreto e [as abelhas] me picaram uma ou duas vezes. Mas logo fizemos tão boa amizade que me deixavam chegar tão próximo quanto eu quisesse, por mais cheias que estivessem as colméias, prestes a soltarem os enxames, que às vezes me cercavam, me pousavam nas mãos, no rosto, sem que nenhuma delas me picasse. Todos os animais cismam com o homem e têm razão. Mas logo que se certificam de que não lhes queremos fazer mal, sua confiança fica logo tão grande, que é preciso ser mais que bárbaro para a ludibriar.


*Deveria ser, como as Confissões de Santo Agostinho, o outro livro fundador do gênero.



PS nada a ver: Hoje acordamos com 4ºC de temperatura: voltei para a cama. Amanhã teremos 0ºC e será o dia mais frio da década em Porto Alegre. Quem diria, sair à rua com luvas. É verdade que há muitos Brasis.

PS nada a ver 2: Caetano Veloso, ontem na Folha: "Por mim, os ingressos todos dos meus shows deveriam ser menos caros, porque o público que tem muito dinheiro é, em geral, muito careta - e eu não sou careta".

PS nada a ver 3: An Ancient Society Faces New Change In Brazil.

Tuesday, July 14, 2009

Mayra Andrade

Eu estava procurando a forma correta de escrever "cabo-verdiana", para o relatório de um curso de poesia africana ao que assisti, e dei com esta cantora, Mayra Andrade. (Como é bom googlear... :) (Essa, a Rose, que conhece tudo, não deve conhecer. ;)

Thursday, July 09, 2009

Um irmão em busca de si, parte e 4



Este vídeo é um presente para meu irmão Uri, que terminou o Camino de Santiago, mas, ao não conseguir adiar o vôo de volta a Barcelona, não pôde caminhar mais uns dias, até Finisterre, como ele queria. Uri, aqui tens o vôo, pelas paisagens quase virgens da Galícia, até o fim da terra, onde espera o mar - ou uma mulher.

Esta é sua crônica:



Sei que parece impossível, sei que muitos não acreditavam em mim, sei que sua fé em minhas pernas não era superior à minha, mas a vida é assim, surpreendente e maravilhosa.

730 km a pé dão muitas histórias, e a palavra escrita não basta. Mas, vou dizer. Neste mês fui benzido mais vezes do que em toda minha vida. Por 300 km caminhei ao lado de Frodo, o portador do anel, deveriam ter visto seus pés. Lavaram e beijaram meus pés como Jesus fez com os apóstolos, fui ordenado cavaleiro da ordem dos Templários, dormi em chãos duros de ginásios e chãos ainda mais duros, de pedra. Caminhei de dia e de noite, sob a chuva e sob o sol, só e em companhia, com hobbits e com bruxas, e enfrentei cachorros e outros animais. Vi uma cabeça aberta ser fechada com grampos. Dansei e bebi e cantei à saúde da vida, dormi em lugares que nunca imaginariam, ouvi sons horríveis produzidos por homens. Conheci pessoas dos cinco continentes. Caminhei 41 km em um dia. Furei minhas bolhas, passei creme em minhas coxas, isso foi o mais perto que estive do sexo. E depois de 31 dias, cheguei a Santiago.

Não virei maluco, não saí dos trilhos. Nunca estive tão são, e o Camino me ensinou que a loucura é o dia a dia que vivemos neste mundo ocidental, que pirou. Não vou fazer discursos. São as ações, não as palavras as que valem. Mas minha vida a partir de agora vai seguir um caminho mais Tao, porque o Camino de Santiago é somente o mais curto dos caminhos que devemos recorrer. Mas é importante, porque é o primeiro.

Minha barriga não sumiu, deve ser genética, porque eu emagreci, e ela segue aqui, tão redondinha, bonitinha, orgulhosa de si. Fiquei bronzeado, mas o bronzeado pelegrino é antiestético, vou ter que ir à praia de manga comprida. Aprendi que não importa quanto tempo a gente fique esfregando sabão, se ao lado, na única privada, 60 pelegrinos defecam. Como caminhar tanto deixa o interior do corpo podre! Posso dizer que The North Face gasta mais em propaganda do que em produtos, e que os Compeed estão superestimados. E já não tenho mais vergonha de entrar na farmácia e pedir dois potes de vaselina, por favor. [Antes tinhas, Uri, irmão?]

O Camino é grande e rico em experiências. Mas não é assim que a vida deveria sempre ser?

Finalmente, é bom lembrar: a vida passa, mas o caminho se faz.


PS nada a ver: Roger índio:




PS 2 nada a ver (divulgando a literatura em catalão):

Monday, July 06, 2009

Last Chance Harvey

Sexta-feira, antes da compra do CD na Cultura, fui com a Anna (ela fez suas compras na Cultura antes: que agendas lotadas!) ver o filme Last Chance Harvey. O filme mais cheio de humanidade e amor que eu vi desde Away From Her. Foi mais uma recomendação do psicólogo Contardo Calligaris, que está sempre ali, na Folha, para falar sobre filmes ou romances que desvelam aspectos dos relacionamentos humanos (vou ver se depois recupero alguma coisa do que ele escreveu). Aqui se fala não só da possibilidade do amor entre um homem e uma mulher de mais de 50 anos, desiludida, ela, e "derrotado", ele, mas também do relacionamento de um homem e sua ex-mulher e, sobretudo, de um pai e uma filha por muito tempo afastados. (O trailer não faz justiça ao filme - quer vendê-lo como uma comédia -, e o título em português, Tinha que ser você, também não.)

Sunday, July 05, 2009

Pelo sabor do gesto

Comprei o novo CD de Zélia Duncan na sexta-feira. A turnê começou este final de semana em Niterói, sua cidade natal, e este vídeo, do primeiro show, foi postado hoje (por "Carmenen"). A música, que dá nome ao CD e à turnê, é uma versão da canção francesa "As-tu déjà aimé?", de Alex Beaupain.