Friday, February 29, 2008

Traduccions de Brasil 44 (As mortes sucessivas, de Adélia Prado)

(Versió millorada...)

Cuando mi hermana murió, lloré mucho
y me consolé deprisa. Tenía un vestido nuevo
y había maleza en el patio donde yo iba a existir.
Cuando mamá murió, tardé más en consolarme.
Tenía una perturbación recién hallada:
mis senos conformaban dos montículos
y quedé muy desnuda,
cruzando los brazos sobre mis senos lloré.
Cuando mi padre murió, ya no me consolé.
Miré retratos antiguos, busqué a conocidos,
parientes que me recordaran su habla,
su modo de apretar los labios y estar seguro.
Reproduje el encogimiento de su cuerpo
en su último sueño y repetí las palabras
que él dijo cuando toqué sus pies:
"Deja, está bien así".
¿Quién me consolará de este recuerdo?
Mis senos se cumplieron
y la maleza en que existo
es pura zarza ardiente de memoria.

Eleições

Notícia do Yahoo!:

"Los políticos Ridao, Herrera y Rivera admiten haber fumado porros." (Para quem não saiba: há eleições ao governo da Espanha no próximo dia 9.)

Isto me intriga. Qual é a relação entre ser político e ter ou não ter fumado baseado? Qual a relação entre a maconha e quaisquer eleições? Qual é o significado oculto de ter fumado maconha?

O Lula já fumou maconha?

Por que não perguntam a eles se já fizeram sexo a três???

Thursday, February 28, 2008

Cinema está cada vez pior

Jurei-me - e jurei para meu irmão Oriol - que não iria ver nenhum dos filmes indicados ao Oscar deste ano (ou similares: isto não é nada contra os Oscar). Porque é um fato: cinema está cada vez pior. Se a TV já é ruim para caramba ("57 Channels and Nothing On", cantava Bruce Springsteen há anos, e acabava fazendo explodir o televisor; eu aqui tenho 100, e é a mesma coisa), o cinema está chegando perto, e aqueles que, como eu, não têm "paciência para televisão", vão acabar não tendo paciência para ir às salas de cinema também. Voltando ao início. Jurei-me que não iria porque sabia que não seriam bons filmes, suspeitava que não seriam bons filmes. Acabei indo claro. Duas vezes. Justificação: depois do almoço, lá pelas 14:30, era isso ou dormir la siesta, e não gosto de dormir durante o dia. Vi Juno. Dei umas risadinhas durante a primeira metade do filme, mas depois me pareceu convencional e até meloso. (O Oriol escreveu que Juno "is pretty good": isso é que é "to lower one's standards", mas talvez seja o que devamos fazer...) E ontem vi No Country For Old Men. (O título até que é bonito, né? É um verso de Keats, ou Yeats...) Deus, que alguém me diga o que tem de bom esse filme. Tinha falado para meu irmão: deve ser pior do que Million Dollar Baby (que também ganhou o Oscar); mas no fundo pensava que podia ser legal. E estava a fim de ver ao Bardem. Bom: depois de meia hora estava querendo que aquilo acabasse, não sabia como me colocar na poltrona, só não sei por que não saí antes da hora. Não fiquei chateado, não, porque o erro foi meu. Minha culpa ter perdido duas horas. Já em casa, fui procurar as críticas no Rotten Tomatoes. Todo o mundo falando maravilhas, inclusive o Scott. Todo o mundo? Não! Meu segundo crítico favorito, Anthony Lane, também não gostou. Ele escreveu: "I found myself in the same predicament with the film as with the book - approaching both in a state of rare excitement, yet willing myself, all too soon, to be more engaged than I actually was". Que no meu português significa: Tédio (Com um T bem grande para os Coen). En fim. A única alegria que o cinema tem me dado ultimamente é o Urso de Ouro à Tropa de Elite. Não percam, lá na Europa.

Wednesday, February 27, 2008

Cidade Baixa (O filme)

Bom, já estou familiarizado com os seios da Alice Braga, huahau hauhaua! Vi ontem Cidade Baixa (em inglês, Lower City), de Sérgio Machado, e tive a sorte que meu laptop não resolveu se desligar em momento nenhum. Gostei. Não tanto quanto esperava, mas é que eu sou muito exigente, e quando o filme estava em cartaz, e eu já queria muito assistir, tinha lido críticas excelentes... Gostei muito da personagem dela, que está ótima, mas não acreditei muito na(s) história(s) de paixão. Não acho que role bastante "química" entre ela e as personagens do Lázaro Ramos e o Wagner Moura. Não sei não. (E essa barriga de cerveja do Wagner? Que coisa menos sexy!) Mas gostei de ver essa parte de Salvador que eu não conhecia, embora algumas coisas as conhecesse, sim, como o mercado ou feira de São Joaquim, ou esses meninos se jogando na água desde o cais ao lado do Mercado Modelo (isso só sai nos créditos finais). Gostei da imagem, da montagem, da música... E fiquei meio desapontado com o desfecho da história. Ah!, e o que mais me interessou foi ver como é hoje em dia essa antiga relação de marinheiros com prostitutas. Essas viagens das prostitutas até os barcos ancorados na bahia, em vez dos românticos passeios dos marinheiros pelos sujos cais dos portos...

Mas, voltando à Alice Braga (sobrinha da Sônia Braga). Eu tinha comprado a revista Bravo! de fevereiro, que por acaso inclui uma reportagem sobre ela. Li-a ontem depois de ver o filme. Alice está triunfando em Hollywood. Fez quatro filmes em um ano, e é a brasileira que, depois da Carmen Miranda, triunfou mais rápido lá. E tudo porque A. O. Scott, do New York Times, falando sobre Cidade Baixa escreveu: "Ela faz o filme".

E Alice continua me perseguindo, porque soube hoje, lendo a Zero Hora, que numa curta-metragem titulada Rummikub que o Jorge Furtado fez para a Internet em 2007 (não sei ainda se dá para ver), aparecem como protagonistas o filho dele, Pedro Furtado, amigo da Gabriela, e... adivinhem quem. Dá para dizer que o Jorge escolhe bem as contracenantes do filho, haha!!! Eu, se não me lembro mal (a encefalite apagou algumas coisas...) até já joguei Rummikub com o Pedro, mas a Alice não estava lá, pena! :))))

Tuesday, February 26, 2008

Anna Karénina

Finalmente acabei de ler esse longo, grande romance de Tolstoi com que meu irmão Oriol me presenteou no Natal. Demorei muito, e li-o aos trancos e barrancos (houveram coisas mais interessantes no meio: Barcelona, os amigos, o Carnaval,...), e por isso, desde já, digo que não sei se minhas impressões são muito confiáveis...

Comecei a leitura emocionado, sem poder parar, achando o livro algo semelhante a uma boa novela de TV (em espanhol, culebrón) -dessas que, segundo alguns cronistas de jornais brasileiros, não existem mais. Reparei no jeito em que Tolstoi usa as expressões faciais e corporais mais sutis para fazer as personagens "falarem", e reparei também no uso das repetições, essa coisa proibida nas oficinas de criação literária: repetição não só de palavras, senão inclusive de expressões no mesmo parágrafo. (Isso não é da tradução espanhola: segundo a revista New Yorker, foi feita há pouco uma ótima tradução ao inglês de Guerra e paz que respeita essas repetições, que haviam sido eliminadas, "corrigidas" pelos tradutores ou editores de versões anteriores.) E vi como Tolstoi vê todas as personagens com o mesmo respeito, todas as ações como compreensíveis, normais, "humanas". E há no livro grandes descrições, por exemplo nas cenas de caça.

Mas... estava querendo acabar esse livro porque tinha uma filona de livros que, se não melhores, certamente iam ser mais frutíferos para mim, tanto no sentido de me dar prazer, quanto de me dar conhecimento (porque os livros servem também, sim, para conhecer um pouco melhor as pessoas e o nosso mundo). O problema com Anna Karénina é que muitas das questões morais apresentadas, convenções, etc. não existem mais, ou existem mas adquiriram outras formas; e, assim, os assuntos centrais do livro ficam meio ultrapassados... Há pouco, com as leituras de seleção ao mestrado, voltei ao costume de marcar passagens, e neste livro, de quase 1.000 páginas, marquei apenas umas dez (muitas mais, é verdade, no final do livro, nos capítulos em que a personagem de Lievin -para alguns alter ego de Tolstoi- fica mais introspectiva). Sendo que quando li Proust na faculdade marcava quase tudo. Para comparar Tolstoi com outro grande escritor do século XIX, eu diria que os romances de Machado de Assis, por exemplo, são muito mais "modernos", têm mais a dizer ao leitor de hoje.

E mais uma: por que Anna Karénina? Anna não é a personagem principal! Há cinco ou seis personagens tão importantes quanto ela! Lievin é mais importante e a ele são dedicadas mais páginas! E é só um dos amigos do irmão de Anna!

El agua según Melville

He encontrado, en un ensayo sobre Melville y Moby Dick (E. L. Doctorow, Creadores), una posible explicación de por qué a algunos nos atrae tanto el mar -o, cuando no lo hay, los lagos y ríos, o hasta las fuentes. Yo, aquí en Porto Alegre, estoy pagando demasiado por mi apartamento... simplemente porque está cerca del río. Dice así:

Melville, ya en el primer capítulo, "Espejismos" [el título ya es parte de la "explicación"...], menciona a hombres en los muelles de Manhattan [¡en Manhattan también me escapaba siempre a ver el río!] absortos en "sueños oceánicos" y aduce la atracción narcisista [ay, ay] ejercida por ríos, lagos y mares, relacionándolos con el agua como "imagen del fantasma inasible de la vida".

Sunday, February 24, 2008

Sonhei que estava na Bahia

Hoje, pouco antes de acordar, sonhei que estava na praça Castro Alves, caminhando em direção à amurada, e, em chegando lá, levava as mãos aos lados dos olhos para protegê-los do forte sol. Então, olhando a Bahia de Todos os Santos, falava: "Que linda bahia!". Sendo que essas palavras cheguei a pronunciá-las.

Perspectiva aérea

Voltando um momentinho à Espanha.

Impressionou-me como meu admirado irmão Ramon recriou, neste auto-retrato fotográfico (ele é fotógrafo), a perspectiva aérea que inventou Velázquez -também admirado, mas nem tanto. :)

Monday, February 18, 2008

Traduccions de Brasil 43 (del poema "Leitura", de Adélia Prado)

(...)

Siempre sueño que una cosa genera,
nunca nada está muerto.
Lo que no parece vivo, abona.
Lo que parece estático, espera.

Ressaca de Carnaval

Neste primeiro vídeo, um bloco de mulheres velhas fantasiadas com vestidos feitos com papel e alumínio de embalagem (de cerveja, café, bolachas, etc.) desfila pelo Pelourinho no dia da "Passarela da Alegria Pernambuco-Bahia":





Neste segundo vídeo, detalhe da decoração carnavalesca do Pelourinho:





PS: Ontem foi a vez do show (gratis) de Alceu Valença, músico pernambucano, no Largo do Pelourinho. Nunca estive em show tão lotado, não dava para mexer um pé. Talvez por isso não curti muito as músicas, ou talvez porque não as conhecia, só tinha ouvido falar no cantor.

Saturday, February 16, 2008

Menina, Céu, Rosa

Criança aqui é muito ligada. Uma menina de uns cinco anos, bonitinha, de cabelo afro (isso quer dizer alguma coisa?) e diadema, estava olhando um banco de peixes sentada junto à borda da escuna que levava à gente de volta do Forte São Marcelo. Quem parecia ser sua tia, tão entusiasmada quanto ela, falou para outra mulher, sentada no centro do barco: "Vem ver os peixiiiinhos!". E esta falou: "Cê é que nem criança...!". E aquela: "Cê tá vendo o que está atrás de você?". E antes de eu me virar para ver o que era isso, a menina bonita falou: "Ó, salvavidas!".


Ontem foi a noite de Céu. Show na Concha Acústica, espaço maravilhoso, não temos nada parecido com isso para música popular em Barcelona, e até a cantora ficou impressionada. Ela é paulista, e seu primeiro CD teve um grande sucesso, há tempos via-o em todas as lojas, mas eu não sabia mais nada. Foi, segundo o Ronaldo, um show nota 10 (segundo eu também, mas eu só me sinto capaz de opinar sobre as letras; quanto à música, fico naquela coisa simples de gosto/não gosto...; posso opinar sobre ela: achei-a linda, simpática e carismática, e meio palhaça). Ronaldo acha que, das banda da Bahia ou das que vieram aqui, são duas as fortes: a da própria Céu e a de Mariane de Castro, que "agitam sem precisar muito das cantoras". Deve ser verdade, porque a intensidade nunca diminuiu, e o público não deixou de dançar nem quando a cantora sumiu atrás do palco. Esta é uma das músicas que a gente ouviu, Ave Cruz (de um show no Rio, mas parece o show de ontem):




E esta é a foto que eu pedi à Rosa num post anterior: uma foto onde desse para ver seu olhar de cobra. Bom, ela me enganou, mandou uma foto onde aparece bonita. Não que ela não seja bonita quando lança esse olhar, mas este não é seu olhar de cobra... (Já viu uma cobra sorrindo?!?)

Friday, February 15, 2008

Vista de Salvador desde 1695 até hoje








(As fotos antigas foram tomadas sem problemas -estava permitido fotografar- no Museu Arqueológico.

Já a atual... Quando acabei de tirar umas fotos de um pescador que estava jogando sua rede no porto e me virei, deparei-me com o olhar fixo de um cara que, parado a um metro de mim, fardado de verde e usando boina, sustinha uma metralhadora com ambas as mãos. "Como o senhor entrou aqui!" Pelo que parece, sem eu saber e sem que ninguém tivesse reparado em mim quando passei pela guarita de entrada (acho que foi isso o que incomodou mais o soldado: a "distração" dele), estava em uma área reservada da Marinha do Brasil. Mas tudo se resolveu bem. ;)

Thursday, February 14, 2008

Trinta e três



Largo de Santana, Rio Vermelho, Salvador. Onde a gente se conheceu há quase cinco anos.

Rose, Rosa, Eliana, Ronaldo e eu.

Quem sabe amanhã encontre as palavras para definir como eles me fizeram feliz essa noite...

A noite começou com o Ronaldo e eu tomando cervejas. Várias. Eu já tinha comido um acarajé, ele também comeu um quando chegou. Conversamos um monte, enquanto uma banda de jovens ia se preparando para tocar. Nos disseram que iam tocar reggae, e que todos eram argentinos, menos a menina, que era portoalegrense. Ela falou que tinha morado na Cidade Baixa (de POA), mas que agora não tinha um lugar de residência fixo. Rodava o mundo junto com a banda. A Rose apareceu lá pelas 9, e depois chegaram a Eliana e a Rosa. A Rosa chegou com um bolo imenso de chocolate, e vinha direto do shopping onde ela trabalha. Gostei muito de ver a mulher de olhar de cobra :p aparecer com esse bolo, porque na verdade eu não tinha certeza se a Eliana e a Rosa iam vir. Mas elas são também minhas amigas, mesmo não participando dessa troca de e-mails tão longos e freqüentes que existe desde há tanto tempo entre a Rose, o Ronaldo e eu. Essa troca, e a sinceridade, e a amizade, é o mais importante. Mas, sendo meu aniversário, eu também ganhei presentes. O presente da Rose eu já o tinha ganho uma noite em que fomos jantar: o terceiro CD da Rebeca Matta (Rosa Sônica) e uma foto-cartão. (A Rose é uma grande escritora de cartões com frases dela, eu invejo a coleção que o Ronaldo tem.) O Ronaldo me deu uma caneta única da loja LDM, um protótipo, numa linda cor vermelha (fizeram uma série de canetas promocionais cor de rosa, mas o Ronaldo acha elas cafonas). (Espero que seu chefe não acesse este blog.) Mas do Ronaldo eu já tinha ganho também tantos livros! Entre os que eu trouxe e os que ele me deu, meu quarto no albergue parece uma biblioteca. E, na noite anterior a essa, ainda me deu dois colares, um com as cores dos orixás (ou seja, todas as cores), e um com as cores dos Filhos de Ghandy (azul e branco; essa eu vou poder levar para os jogos do Espanyol em Barcelona...). A Eliana me deu uma caneca muito linda porque sabe que eu gosto muito de café. E a Rosa, uma cueca comprida de cor azul escura, muito linda também, que eu estou usando como pijama (até agora eu dormia pelado: está um calorão). (Parentese: estou escrevendo no albergue, e na frente fica a escola do Olodum; mas agora, em vez de timbais, da rua chega o som da Legião Urbana :) Cortei o bolo, pedi um desejo, e a gente o devorou (vejam a foto da Rose! :p). Bebemos, conversamos um monte, rimos um monte, principalmente com as frases e as caras "sérias" do Ronaldo e a Rosa, ambos capazes dos mais inesperados comentários, brincalhões, e fomos embora quando na praça, que no início da noite estava lotada, quase não restava ninguém... ("E é só você que tem a cura de meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo o que eu ainda não vi...")

Wednesday, February 13, 2008

Relax

Algumas pessoas em Salvador dizem assim: em vez de "obrigado", "paz e amor".

-Paz e amor!
-Paz e amor.

Tuesday, February 12, 2008

Traduccions de Brasil 42 (Caos, de Rebeca Matta)

Hay siempre una risa, un riesgo,
un minuto diferente en el tiempo
que trae en la mirada un brillo, un movimiento.
Refleja el sol,
que refleja el caos,
refleja el cielo.

Sólo hay un modo de vivir,
con el pecho y el alma desnudos.
Ahí afuera hasta puede llover.
A veces
está frío y oscuro,
pero aquí dentro tiene que haber sol,
aquí dentro tiene que ser día.

Monday, February 11, 2008

Presente da Gabriela



Este é o presente que eu ganhei da Gabriela. Ela diz que é um cartão de aniversário com "influências clotildeanas". :) Eu vejo, também, influências torres-garcianas. :)) E viram essa coisinha na bandeira da Espanha, substituindo o feio escudo? Isso é um Tàpies. :))) A Gabi é uma artista. (Pena que não quer que poste seus quadros...)

E ela (tu, linda, que acompanha sempre meu blog) me deixa =)

Mais uma noite boa no Rio Vermelho

Ontem o Ronaldo, a Rose e eu comemos beiju no largo de Santana, no Rio Vermelho, onde a gente se conheceu... cinco anos atrás. Beiju é feito que nem crèpe, só que a massa é de farinha de tapioca. E depois de experimentá-lo pela primeira vez (eu, de presunto e queijo; eles de queijo e banana) posso dizer que, onde tiver beiju, ninguém precisa de crèpe. É uma coisa muito, mas muito boa...

Depois ficamos sambando num bar. Na verdade, na terraza dum bar. Cheio de meninas bonitas e alguns meninos. Voltando do balcão, onde fui pedir umas cervejas, ganhei um "gostoso!" dum maluco, na orelha, que quase me fez pular. O Ronaldo ganhou um belisco na bunda, também dum garoto. E a Rose, olhares maliciosos de algumas das meninas que nos cercavam. Sem saber, estávamos num bar GLS, de gays, lésbicas e simpatizantes. Tudo bem, nada contra, só que a gente não sabia. O nome da banda?: Samba de Mulher. A música que a banda, composta só por mulheres, claro, cantou no final?: "Samba é pra mulher só, samba é pra mulher só, samba é pra mulher só".

Sunday, February 10, 2008

Campions!

14 anys després de guanyar la Copa d'Europa, i 11 anys després de guanyar l'última Copa del Rei...

... Campions de la Copa del Rei 2008!



Gcies Rudy, Gcies Penya!!!

El meu primer, bé, segon, regal d'aniversari, amb un dia d'anticipació.

Felicitats al papa, a l'Uri, al Jorge, a tota la ciutat de Badalona, a tothom a qui li agrada el bàsquet.

Visca la Penya, i Visca Badalona!!!!!!!!

Encontros com celebridades

Todos estes encontros foram no mesmo dia. Na noite de dia que começou com eu, cedo de manhã, tomando banho de cueca vermelha (!) na praia do Farol da Barra, com três espinhos de ouriço-do-mar cravados no dedão do meu pé.


Celebridade 1. Jayme Figura. Eu conhecia esta fantástica personagem por ter sido entrevistada pela Rose e suas amigas da Faculdade de Museologia, mas até ontem não tinha visto ela. É a celebridade menos célebre e mais exótica, e a única com quem eu consegui me fotografar. A Rose, uma vez, descreveu o Jayme assim: "Artista baiano exótico, essa figura chamada Jayme Fygura é uma obra representativa do movimento de Performance Art, ele é uma obra de arte ambulante, que caminha pelas ruas de Salvador com uma indumentária, no mínimo, estranha". "Muita gente pensa que ele é um louco que gosta de aparecer, um lixo, etc., mas eu sempre o vi como alguém que propositalmente causa reações e expressões diversas nas pessoas, e também está de certa forma gritando para a sociedade através de seus trapos e de sua face coberta." "Não é um louco como pensam." "O Jayme provoca uma sensação muito interessante. A necessidade que temos de olhar nos olhos das pessoas, de perceber pra onde elas direcionam seu olhar... Com o Jayme isso é provocador. A cara toda coberta, mascarado mesmo. E você buscando os olhos dele, imaginando como ele te vê." Eu encontrei o Jayme há três dias, à noite, na praça Quincas, e, excitado, liguei logo para a Rose: "Rose, imagina com quem acabei de cruzar!". Encontrei ele, de novo, há dois dias, dessa vez em plena luz, no Terreiro de Jesus, e parei para lhe dizer que uma amiga minha estava procurando ele para lhe dar o trabalho que sobre ele e outros artistas ela fez. (A Rose não conseguia encontrar ele.) Mas a maior surpresa foi encontrar ele ontem (pela terceira vez em três dias!) ... entrando no café do albergue onde eu estou! A gente tinha combinado de se encontrar na frente da Casa de Jorge Amado, mas liguei para a Rose e falei, vem cá!, tem alguém que você conhece! Aqui um vídeo com ele. E aqui a foto de nós dois:



Celebridade 2. Regina Casé. OK, eu não sou fã dela, mas acho o programa dela, Central da Periferia, que mostra aquilo que acontece nas favelas que os noticiários não mostram, ou seja, tudo o que de bom acontece nas favelas, um programa muito interessante e necessário. (Gostei, especialmente, do programa dedicado à favela carioca onde cresceu o ator Douglas Silva, sobre quem escrevi um post.) Ela estava assistindo ao show do Jota Veloso (e amigos) na praça Pedro Arcanjo, um pátio interior do Pelourinho, lugar pequeno, e eu fui cumprimentá-la e parabenizá-la pelo programa. Achei-a meio seca, o acompanhante dela sorria mais. Mas enfim, na verdade fui cumprimentar ela como treino para parabenizar logo depois a pessoa mais importante que estava lá.

Celebridade 3. Caetano Veloso. Sim, ele, que ficou meio sumido durante o Carnaval, estava lá, assistindo ao show do filho, sentado numa mesa com mais umas oito pessoas, escondidinho atrás da turma que lotava o espaço e dançava de pé. "Será que é ele?", perguntei à Rose. "Acho que é!" "Sério?" "Eu acho! Que saco que a gente não tem uma caneta!" "Eu vou lá ver." "Vai!" "Vou." E lá fui eu. Mesmo pertinho, sabendo já que era ele, ainda duvidei. (Eu sempre fico com medo de confundir uma pessoa com outra.) Então, perguntei a um homem preto, magrelo, vestido de branco e com um chapéu branco esquisito, redondo e plano, sem abas, se aquele senhor era o Caetano. Ele falou que sim, e que ia fazer umas canjas (participar no show). Me aproximei, sorri para ele, e antes de eu esticar o braço, o Caetano já estava meio erguido, sorrindo e estendendo sua mão. We shoke hands! Ho ho ho ho! Cumprimentei-o, falei-lhe que era espanhol, e agradeci-lhe por todas as músicas que ele fez. Foi muuuito querido. Vestia uma camisa de linho azul escura e seus óculos finos; estava com seus cabelos grisalhos, seu bronzeado, e um sorriso de pessoa que ainda se sente jovem. E eu, que não sou um cara de pedir autógrafos ou coisa parecida, fiquei mais feliz que criança de 15 anos.

Celebridade 4. O Rei Momo. Essa pessoa esquisita que me falou que o Caetano era o Caetano e em quem eu não reparei, olhando como estava para o "astro"? Era ele. O Rei Momo deste Carnaval, que pela primeira vez na história do Carnaval de Salvador foi um Rei Momo magro.

Saturday, February 09, 2008

Traduccions de Brasil 41 (Restos, de Ildásio Tavares)

Ildásio Tavares, poeta, novelista, dramaturgo, traductor, es conocido como el poeta de Itapuã. (Itapuã es uno de los barrios costeros más famosos del norte de Salvador.) Además, según el periódico A Tarde, abre semanalmente las puertas de su casa a jóvenes escritores baianos que desean charlar con él o pedir consejos sobre sus textos. Es decir: su casa es una especie de taller de escritura al lado del mar. Y él, otra coincidencia, se parece físicamente al escritor y profesor de creación literaria gaucho Luiz Antonio de Assis Brasil.


Hay un resto de noche por la calle
Que se disuelve en bruma y madrugada

Hay un resto de tedio inevitable
Que se abraza a la tenue mañana

Hay un resto de sueño en cada paso
Que antes de ser se fue, ya no existe

Hay un resto de ayer en la calzada
Que fue día de fiesta y de disfraces

Hay un resto de mí en cada parte
Que nunca pude ser enteramente

Friday, February 08, 2008

Olhar de cobra

Este post é para a irmã da Rose, Rosa, e para a minha irmã, também Rosa.

Para Rosa (Cortês), porque ela tem, segundo a Eliana (e segundo eu, porque eu concordo, porque experimentei-o), olhar de cobra; para Rosa (Cardús), porque ela estuda antropologia, gosta de e vai viajar à África.




Este é o objeto que mais me impressionou do Museu Afro-Brasileiro, na Antiga Faculdade de Medicina da Bahia (gostei tanto que fui lá de novo para fotografá-lo). É uma máscara Guelede, da etnia Yoruba, da República Popular do Benín. É feita em madeira pintada. O painel diz o seguinte: "Os animais representados simbolizam virtudes e comportamentos humanos". E aqui vem o interessante: "A cobra, por sua frieza, está associada à calma, a tranqüilidade, qualidades desejadas para o comportamento das la Mi (mães feiticeras) e das mulheres em geral".

Eu entendo que esse olhar que a Rosa faz tão bem (que pode ser assustador quando dedicado a algum garoto numa noite de samba, por exemplo, ou a alguém que falou alguma coisa sobre a qual ela tem dúvidas, mas que na maioria das vezes é brincalhão, obra de uma grande palhaça, garota muito engraçada a quem este ano eu conheci melhor), pode muito bem ser o olhar de uma pessoa calma e tranqüila. Porque a Rosa é assim, calma, leve, tranqüila; virtudes que não estavam entre as que eu costumava atribuir às cobras...

Ela também é ágil, inteligente, e também como as cobras, de reações rápidas e exatas (e fala rápido; quem diz que baiano fala devagar?), mas essas são já caraterísticas compartilhadas com a sua irmã gêmea, minha querida Rose.


PS: Também interessante: "A máscara é mais do que uma máscara e mais do que a máscara e o vestido: É o próprio mascarado quando se põe em movimento".

PS2: Rosa, faz um olhar de cobra e me manda para eu postar? :D

Thursday, February 07, 2008

Sólo es tuyo aquello que das

Ésta es una de las canciones que tocaron los Lampirônicos la noche del viernes, en Rio Vermelho, después del concierto de Rebeca Matta. (Ronaldo y yo bailábamos y saltábamos como la gente que sale en el videoclip, grabado en el Elevador Lacerda, uno de los símbolos de Salvador, ascensor que comunica la Cidade Alta y la Cidade Baixa.)

Dedicada a todos aquellos que acumulan y acumulan y acumulan bienes materiales. Con amor. :P



Pop Zen

(De Alexandre Leão, Manuca Almeida e Lalado)

Nada de lo que tienes es tuyo
Nada de lo que guardas
Te pertenece o te pertenecerá
Nada de lo que tienes es tuyo
Todo lo que guardas
Pertenece al tiempo que todo lo transformará

Sólo es tuyo aquello que das
Sólo es tuyo aquello que das

Todo aquello que no percibiste
Todo lo que no quisiste mirar
Es como el tiempo que dejaste pasar
Todo lo que escondiste
Todo lo que no quisiste mostrar
El tiempo con tiempo lo va a revelar

Sólo es tuyo aquello que das
Sólo es tuyo aquello que das

Y el beso que diste es tuyo
Y el beso que diste es tuyo

Tuesday, February 05, 2008

Tantas coisas

Pipocão, ontem, na Orla. O Pipocão é o trio do Carlinhos Brown, e é bom por ser um dos poucos que não é pago: todo o mundo pode ir, não há cordas, etc. A gente dançou bastante, e foi divertido, se bem que talvez fosse mais fraco que o ano passado, mais tranqüilo, por haverem menos pessoas: muitas foram para o outro circuito, no Campo Grande.


Carlinhos Brown no Pipocão.

Para ir juntos à orla, marcamos de encontrarmos na ladeira que sobe até a casa da Rose, no Engenho Velho da Federação, mas eu cheguei antes e fui encontrar as meninas na casa delas. Imagina eu, tão branquinho, tão turista, subindo essa ladeira empinada! Lá ficamos conversando a Rose, a Rosa, a Nana (ela é outra das irmãs, não saiu; e lembrou da minha dor nas costas, do ano passado, querida) e o irmão delas, que está com o joelho recém operado. Depois chegou um primo delas, que está azulejando a fachada da casa. E embaixo da ladeira encontramos o Ronaldo e a Eliana, amiga deles (e minha também, depois de dois carnavais...). Nós cinco fomos para a orla. Me senti muito baiano, hehe. E durante a noite achei que essas meninas magricelas e patricinhas do sul e sudeste, ao lado das baianas, têm muita pouca graça!


Igreja da Ordem Terceira de São Francisco.

Isso foi ontem. Anteontem visitei uma igreja, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, com sua fachada barroca de pedra arenisca (a única de pedra arenisca e a preferida da Rose). É que eu sou desses turistas que vem "também para fazer outras coisas". O comentário (abestalhado, dá pra dizer, porque ela usa muito esta palavra) é da Rosa: "Também tem gente que vem para fazer outras coisas". Significando: Há alguns loucos que vem ao Carnaval por motivos que não são ficar com baianas. :o)

Ao meio-dia conversei com uns moleques que estavam pulando na água e pescando peixe pequeno e caranguejo no porto, perto do Mercado Modelo; comi uma moqueca de camarão muito boa num restaurante do mercado; vi a saída do bloco Filhos de Ghandy na rua Chile (esse bloco só de homens, com turbantes, roupa branca e colares de contas brancas e azuis). E jantei em casa da Rose, conversando com ela e a Rosa. O Ronaldo, freelance como eu (bem, ele tem um bom trabalho na livraria e distribuidora LDM; eu ganhei seis ou sete livros dele! :))), foi fazer um trabalho de digitação numa cidade a cinco horas daqui: um contrato para um espanhol que comprou uma casa na costa.


Moqueca de camarão. (Foto de P. Book, Flickr.)

Ah! Fiquei feliz, também, porque uma criancinha achou que eu era daqui. Eu estava na estação de onde saem os barcos para as ilhas da bahia, na frente do mercado, e ela perguntou se eu era o dono daquilo. Aquilo era um posto, do outro lado das bilheterias, de bebidas: um posto meio sujo. Falei que não, e expliquei que eu morava em Porto Alegre, que isso ficava no Sul, etc. Então ela, vendo que eu não era o dono do boteco, apontou para uma garota com uma mala, uma turista sentada num banco, e falou: "Ela é sua?". Que idéia das mulheres têm aqui?

Monday, February 04, 2008

Rio, madrugada de segunda-feira

E isto é o que está acontecendo no Rio...


Escola da Mangueira. Enredo "100 do Frevo, é de perder o sapato. Recife mandou me chamar...".


Escola do Salgueiro. Enredo "O Rio de Janeiro continua sendo...".


Escola da Portela. Enredo "Reconstruindo a Natureza, Recriando a Vida: O sonho vira realidade".

(Todas as fotos são de O Globo.)

Sunday, February 03, 2008

Carnaval no Rio Vermelho

OK, vou escrever rápido, que a Internet aqui está cara e tem muita coisa para fazer. Anedota: Ontem no café da manhã, no albergue, sentou-se na minha frente uma menina alemã. Acabou seu semestre de estudante de "design" (ela falou) em Curitiba, e está voltando para Alemanha. Quando falei que eu morava em POA, outra menina da mesa falou: "Pô, eu também!". Eu: "Bah! Eu moro no Centro". Ela fez sinal de "o Centro é muuuito legal" com a mão, e falou que morava no Centro também, com um sorriso. Eu: "Na Demétrio Ribeiro". A cara dela mudou da noite pro dia, até pareceu assustada: "Como você sabe?????". Eu quis tranqüilizá-la: "Não, eu moro na Demétrio". "Mas eu também!". Eu: "Que altura na Demétrio?". Ela: "Na volta do Gasômetro". Eu: "Bah, eu tambéeem!". A menina e eu moramos na mesma quadra. Mas eu nunca tinha visto ela, lá no meu bairro. Então a alemã falou alguma coisa parecida com "el mundo es un pañuelo"...

Agora já sei o que eu posso mandar para o "Irritando Fernanda Young". O que realmente me irrita? PASSAGEM DE SOM. Depois de dançar desde as seis até as doze, a gente teve que esperar duas horas até o último show, para ouvir à Mariene de Castro (samba) num palco montado na praia do Rio Vermelho. DUAS HORAS. Os ambulantes acabaram as águas, as cervejas, o Ronaldo gritando para o cara do som: "Esquece a guitarra, porra!". O show foi legal, ela tem um vozarrão, e a gente que ficou sambou bastante, mas a maioria já estava mais pra lá que pra cá.

Antes disso, Ronaldo e eu assistimos ao melhor show que eu já vi aqui em Salvador, talvez no Brasil. Num palco bem pequeno, também no bairro do Rio Vermelho, onde está tendo um Carnaval alternativo, cantou a Rebeca Matta. Eu tenho dois CD dela, gravados pela Rose, mas só ontem entendi por que a Rose adora ela. É que eu nunca tinha visto ela AO VIVO. Ela ARRASOU. Ela é um furacão, essa baixinha. O avesso da Fernanda Takai. O lado escuro da Fernanda Takai. Cantou várias músicas do Tom Zé, alguma de Caetano, as suas. E a gente não parou nem um momento de cantar e pular junto com ela (e com a banda, muito boa). Aconteceu aquela coisa da "sintonia total". (Rose, você perdeu!). Vou botar aqui uma música dela, mas não é a mesma coisa, não é a mesma coisa não. (Esqueci o nome da banda de rock baiana que tocou depois, que também arrasou: logo coloco aqui.) (Lampirônicos.)

Saturday, February 02, 2008

Dia de Iemanjá

Ontem à noite sambei com o Ronaldo e a Rose na Praça Quincas Berros d'Água, no Pelourinho.

Hoje de manhã, na Praia do Rio Vermelho, fui abençoado e joguei uma rosa no mar para Iemanjá.


Foto de M. Chandras

Friday, February 01, 2008

Una altra crònica d'un viatge d'anada

Enèsim viatge al Brasil. (Aeroport de Lisboa, dins l'avió.) Aquesta vegada, amb visat d'estudiant. Casualitat: a l'avió Barcelona-Lisboa hi anava la noia que me'l va fer, la noia del consulat. Ens hem trobat quan ja havíem aterrat (no hem viatjat junts com l'última vegada amb l'Anna). Anava amb un noi, està de vacances i va a passar el Carnaval a Rio. És de Brasília, fas dos anys que és a Barcelona, i per la mena d'estudis que fa, o feina que té, no ho he entès bé, només s'hi pot estar tres anys més. És atractiva, ja m'ho va semblar al consulat, però no típicament atractiva, i avui, vestida d'esport, encara m'ho sembla més. Però és sèria i parla poc.

No estic tan animat com altres vegades. En part, perquè em sembla que no m'he acomiadat bé dels amics. D'alguns, ni me n'he acomiadat. (De la família sí, és clar: cada vegada més units.) A la Mercè l'hauria volgut trucar, no n'hi ha prou amb un e-mail després del seu dibuix. A l'Àlex també l'hauria d'haver trucat. I a altra gent. No m'agrada agafar el telèfon, i no sé si és una cosa a superar o a deixar estar. La Montse diu que no passa res, que si no em ve de gust no cal que ho faci. Però jo no ho dec tenir tan clar, si no ara no estaria intranquil. "La màquina sentimental i la intel·lectual funcionen amb missatges xifrats", deia ahir un en una carta un lector d'El País. Potser aquest desànim té a veure amb coses relacionades amb la Gabriela. O potser simplement tinc són. O gana. O set. No sé què és, però no és greu, em penso. A Salvador m'esperen el Ronaldo i la Rose, que no saben que hi vaig, serà una sorpresa, com l'última vegada, i només veient-los m'animaré. Podria ser que m'animés abans i tot.

M'he fixat que la gent evita mirar-se directament a la cara. A la sala d'espera; a l'autobús que ens ha portat fins a l'avió... I m'ha semblat molt trist, el símptoma d'alguna cosa trista. (No de la "decadència d'Occident", perquè pel que sé a Orient també passa, i de manera més marcada; la diferència és que allà, en alguns països, és una mena d'imposició.) Algunes noies maques s'estan asseient a prop meu. Potser em somriuran. I alguna hostessa potser em diu alguna cosa o fa un somriure no del tot fals. També s'asseuen a prop meu alguns italians amb els caps mig rapats. I una parella de gays a la meva dreta, a l'altra banda del passadís. No tinc ningú al costat, encara em podré estirar! (...) Millor encara: seu al meu costat un nen; un nen brasiler que deu tenir menys de tres anys. No seu ben bé al meu costat: hi ha un seient buit, després el nen, i després el pare. (...) El nen és maco, d'ulls grans i llavis gruixuts, i es comporta i no diu res. Darrere meu, en canvi, tres catalans de poble (un cert tipus de català de poble) no paren de xerrar, riure escandalosament i dir tonteries, amb un accent que podria ser del Penedès, tipus Z. (qui m'entén ja m'entén). Per què són tan ruquets aquests joves de poble? Per no sentir les tonteries, ni com es burlen de les hostesses, ni expressions com "encara queda catxu", escolto música amb el meu nou reproductor mp3. Em pensava que no el faria servir, o que només faria servir la gravadora, que per això el vaig comprar, però ara veig que el podré fer servir "a la contra", per no sentir a segons qui o segons què.

He dormit molt, sempre amb els auriculars posats, he llegit alguns capítols del llibre que portava, pocs, m'he animat i ja gairebé som a Salvador. Haver escrit aquesta mica m'ha anat bé...

(...)

Fa tres hores que sóc dins un autobús. Les primeres dues, dret, tots apretats com sardines. Després més bé. Però sembla que el conductor no sap on va, no sap accedir al Centre, i la gent s'està irritant o pitorrejant d'ell. N'hi ha un que es comença a enfadar, que de moment dóna indicacions però potser acabarà agafant el volant. Realment, la ciutat està col·lapsada. Sort que no he agafat un taxi. M'és igual l'hora que arribi. Mentre arribi... Ara ja sóc feliç.