Friday, December 30, 2011

2012

De Los enamoramientos, último romance de Javier Marías, última leitura de 2011:

"Él sabía reír, lo hacía con fuerza pero con sinceridad y simpatía, nunca como si adulara ni en actitud aquiescente sino como si respondiera siempre a cosas que le hacían verdadera gracia y fueran muchas las que se la hicieran, un hombre generoso, dispuesto a percibir lo cómico de las situaciones y a aplaudir las bromas, por lo menos las verbales. Quizá era su mujer quien se la hacía, en conjunto, hay personas que nos hacen reír aunque no se lo propongan, lo logran sobre todo porque nos dan contento con su presencia y así nos basta para soltar la risa con muy poco, sólo con verlas y estar en su compañía y oírlas, aunque no estén diciendo nada del otro mundo o incluso empalmen tonterías y guasas deliberadamente, que sin embargo nos caen todas en gracia. El uno para el otro parecían ser de esas personas; y aunque se los veía casados, nunca sorprendí en ellos un gesto edulcorado ni impostado, ni tan siquiera estudiado, como los de algunas parejas que llevan años conviviendo y tienen a gala exhibir lo enamoradas que siguen, como un mérito que las revaloriza o un adorno que las embellece. Era más bien como si quisieran caerse simpáticos y agradarse antes de un posible cortejo; o como si se tuvieran tanto aprecio y querencia desde antes de su matrimonio, o aun de su emparejamiento, que en cualquier circunstancia se habrían elegido espontáneamente  no por deber conyugal, ni por comodidad, ni por hábito, ni por lealtad siquiera  como compañero o acompañante, amigo, interlocutor o cómplice, en la seguridad de que, fuera lo que fuese lo que aconteciera o se diese, o lo que hubiera que contar o escuchar, siempre sería menos interesante o divertido con un tercero. Sin ella en el caso de él, sin él en el caso de ella. Había camaradería, y sobre todo convencimiento."


Meus desejos de um 2012 cheio de amor. (Esse tipo ou qualquer outro. Mas esse vale por mil.)

Thursday, December 22, 2011

Felicitats, Ana! (Dos mesos!)

A filha do Ramon e a Nelia, minha sobrinha, fez ontem dois meses. É um tesouro, é incrível. Eu ainda não quis chegar perto dela, pois carrego um forte resfriado, no Rio tomei banho de mar um dia que não devia, depois de um temporal. Mas daqui a pouco, no Natal, vou enchê-la de beijos, não vou soltá-la. Vai ser o Natal mais feliz.

Na foto, com sua bisavó Montserrat (de 91 anos):

Wednesday, December 21, 2011

Tuesday, December 20, 2011

Sobre a Faculdade de Letras da PUCRS, 2

Nota: Apaguei alguns trechos deste post porque tive a mais esclarecedora e linda conversa possível com a professora e coordenadora Ana Mello. Só sinto não tê-la tido meses atrás. Me refiro a uma segunda conversa, de hoje, dia 21. Na primeira, ontem, ela me disse, entre outras coisas, que meu projeto era "muito abrangente e requeria amplos conhecimentos de várias áreas". Como na letra de Tom Zé, parece que estejam me explicando para me confundir, me confundindo para me esclarecer. Algo assim devo estar fazendo eu, também, com quem lê o blog. Portanto, o assunto fica por aqui, não haverá mais posts - até porque não foi nada agradável escrever estes - e já vou escrever e-mails pessoais para explicar tudo um pouco melhor aos amigos e amigas.



Não costumo responder comentários anônimos - é esquisito não saber com quem se fala. Mas seu comentário ao post anterior, senhor ou senhora anonymous, pareceu-me inteligente, me fez pensar e achei que devia respondê-lo. (O outro comentário anônimo sei mais ou menos de quem é; não sei exatamente, não sou bom para adivinhar essas coisas, mas seu autor ou autora deve estar entre três ou quatro pessoas muito queridas que conheço.)

Não sei se meu ego precisa ser "amansado", como você diz. Nem sei como ele está, se alto demais ou baixo demais. Ele oscila muito, hehe. E uma "perda" ou um fracasso como esse, assim como a frustração e a raiva, poderiam (espero que possam) me servir para ir em frente com mais força, sim.

Também não tenho grandes objetivos acadêmicos (não vou me tornar um PhD triste, pode deixar). Queria fazer o doutorado para ganhar uma bolsa integral (sim, confesso), já que, sendo estrangeiro, é difícil encontrar um trabalho para me sustentar no Brasil; queria fazê-lo para, no futuro, ser professor, poder passar meus conhecimentos de literatura, e minha paixão pela literatura, aos alunos; e queria realmente realizar meu projeto, quem me conhece sabe como chegou a me empolgar. Não quero me sentir nenhum "Super Acadêmico" (Deus me livre) e não tinha certeza de ficar entre os primeiros na seleção, mas tinha essa esperança, sim, achei que tinha chances: além de pelo próprio projeto, por minha boa colocação e minha nota média no mestrado e por ser o único candidato que o escritor e professor Assis Brasil, que se afastou um pouco da PUCRS ao se tornar secretário de Cultura, quis orientar, empolgado com o projeto também. Por tudo isso, não estar entre os doze aprovados me deixou triste e confuso (meu ego sobe e desce, mas não virei burro de um dia para o outro). Mais uma vez para não comprometer ninguém: um professor da faculdade me disse, no mestrado: "Teu lugar não é na PUC". Mas eu queria que fosse.

Para deixar você menos triste, querido anônimo: ontem tomei café com uma amiga francesa, formada em história da arte em Paris e casada com um catedrático que dá aulas na França há trinta anos e ela me disse: "Na França é exatamente igual". Essa coisa "triste" e "ridícula" não é exclusiva da academia brasileira, é uma característica da academia em geral, um mundo fechado, estanque, conservador, muitas vezes dominado por professores medianos e seu instinto de auto-preservação (isso vale para muitos outros "mundos", eu sei). Então, não: não pretendo ir para a USP ou para os Estados Unidos como me pareceu estar sugerindo esse alguém da PUC, nem voltar para a Europa. Além do que, gosto demais do Brasil. Ubi bene ibi patria, diz o professor Assis.

Meu ego está "ferido", certo, pode-se dizer assim. Mas a ferida não é somente pessoal. Há um pouco de sangue quixotesco em minhas veias, no sentido de que gosto de "desfacer agravios, enderezar entuertos [y proteger doncellas :)]". Se as pessoas às que acontecem coisas como a que aconteceu agora comigo, ou que percebem como uma faculdade não é suficientemente boa, calam, como as coisas poderão melhorar? Havia alunos muito inteligentes no mestrado. Alguns colegas se indignavam tanto ou mais do que eu quando, por exemplo, uma professora dava aula sobre a vida de Nélida Piñon sem ter lido nunca um romance dela (é o único exemplo que darei, há muitos mais, pode acreditar). Alguns colegas se indignavam tanto ou mais do que eu quando alunos mais fracos (não culpados de nada, "they haven't had the advantages that you've had") apresentavam textos - textos que todos os outros alunos, supostamente, também tínhamos lido - limitando-se a ler trechos ou parafrasear, sem aportar nada de sua leitura pessoal, sem dar início a nenhuma discussão. Dos trabalhos destes vinte alunos, disse-me certa vez uma professora, só dois são publicáveis.

Nessa época do mestrado cheguei à conclusão de que deveria aguentar, ficar na minha, focar na dissertação. Afinal de contas, eu era (sou) formado numa boa universidade européia, eu era (sou) europeu; e como mais de um professor me disse, não devia exigir muito à universidade. Por que não? De novo: se ninguém exige mais, quando é que as coisas vão mudar? Mas depois soube que isso não era exato, eu não me sentia desapontado por ser europeu. Um bom amigo gaúcho, formado em filosofia na PUCRS, era muito mais crítico do que eu com respeito à sua faculdade, e uma amiga formada em psicologia também. Eles fizeram com que eu, o europeu, o catalão da Faculdade de Letras, me sentisse mais legitimado para criticar minha faculdade brasileira.

Se tivessem me dado a chance, eu teria gostado de fazer alguma coisa, não importa quão mínima, para que o nível da faculdade melhorasse. Acho que os alunos (os doze que foram aprovados para o doutorado, por exemplo) poderiam, deveriam fazê-lo. (Lembro-me agora de uma colega que estava triste porque sabia que escrevesse o que escrevesse, pesquisasse mais ou pesquisasse menos, teria sua dissertação aprovada: para que me puxar, dizia.) "O que acontece na PUCRS", você diz, anônimo, "é exatamente o que acontece em outras grandes universidades brasileiras e que a certa pessoa escreveu pra você. É triste. Mas é verdade, cara. Aliás, chega a ser ridículo". Mas a universidade vai se construindo, não tem porque permanecer como está, não tem porque ficar tudo igual.

Publiquem, diziam os professores mais graúdos nas reuniões dos alunos da pós-graduação: publiquem tudo, publiquem muito, qualquer coisa, e não esqueçam de colocar logo o que publicarem em seus currículos lattes. O objetivo era conseguir mais bolsas da Capes e do CNPq. Ao sair dessas reuniões, eu dizia aos amigos: mas por que "qualquer coisa", por que "muito"? O mais importante não é a qualidade do que se publica? Mais bolsas para fazer o quê?

Saturday, December 17, 2011

Sobre a Faculdade de Letras da PUCRS, 1

Aprovados Doutorado em Teoria da Literatura 2012 (Por ordem de classificação)

1.Camila Canali Doval
2.Alexandre Costi Pandolfo
3.Fernanda Borges Pinto
4.Milena Hoffmann Kunrath
5.Cátia Rosana Dias Goulart
6.Sara Hartmann
7.Giselle Molon Cecchini
8.Lilian Ramos da Silva
9.Aline Conceição Job da Silva
10.Adriana Emerin Borges
11.Joseane Camargo
12.Taiane Porto Basgalupp


A lista saiu ontem e eu não estou nela :( Nem bolsa integral, nem parcial, nem nada (nem sequer meu nome numa listinha de suplentes). Sinto raiva, frustração e tristeza. Já falei com uma das pessoas que acompanharam de perto a preparação de meu projeto. Quando tenha falado com as outras, vou postar suas opiniões aqui.

Por enquanto, escrevo algo que certa pessoa (não quero comprometer ninguém) me disse tempo atrás, de utilidade para alunos que pensem em fazer doutorado nessa faculdade: não dá para apresentar nenhum projeto cujo conteúdo possa estar acima da capacidade intelectual dos professores, porque isso os coloca numa posiçao desconfortável, os "ameaça"; para ser aceito é preciso "baixar o nível", fazer concessões, etc. Naquele momento, saber isso (que me foi confirmado por outras pessoas depois) me deixou triste, pois as universidades, na maioria de países, tendem a procurar a excelência (inclusive vão à procura de alunos estrangeiros, quando necessário), mas resolvi seguir, até certo ponto, esses conselhos. Pelo visto, estavam muito bem fundamentados; e, pelo visto, era para serem seguidos ao pé da letra.

Enfim, parabéns aos alunos medíocres que foram aprovados e parábens, sobretudo, aos não medíocres (tenho certeza de que há alguns - que eu conheça, a Camila, por exemplo).


PS: Obrigado à Anninha por me escutar neste momento difícil. (Te peço desculpas.)


PS2: "Eles passarão, eu passarinho", me escreveu a Bel: "Adiante! O romance!". :) Pois é, e no hay mal que por bien no venga, Bel, querida.

Friday, December 16, 2011

Rio (no news, good news)

Indo embora do Rio, onde, como sempre, tenho sido feliz.

Este é um presentinho da Bel: "Conhecendo você, não só vai se amarrar na música como se apaixonar perdidamente pela cantora/compositora (Clarice Falcão, filha do João e da Adriana Falcão)".

Nestes dias passados aqui com ela - e com a Karyn, e com o Pedro -, ela também me escreveu: "O Rio te ama. E as cariocas também!". :)

Sunday, December 11, 2011

Despedida em grande estilo

Assistindo, em Canoas, à peça Os náufragos da louca esperança, do Théâtre du Soleil, em companhia do Sérgio, o João, a Marinella e a Noemia. Com sarau posterior, em que o ator Maurice Durozier cantou até uma rumba catalana. :)






Saturday, December 10, 2011

De mudança

Liberando o apartamento. Enchendo caixas e caixas e mais caixas de livros, ao som dos grandes Andrés, Johansen, etc., enquanto o kindle me olha quieto, de cima da mesa, com seu sorrisinho.

-Sha sé que sós el futuro. Ahora cashate. Boludo.

Thursday, December 08, 2011

Projeto de tese defendido com paixão! :)

Obrigado de novo (como escrevi depois da entrega) aos amigos e amigas que me ajudaram e me deram força nas últimas semanas, meses, e hoje até quase o último minuto! (E que teriam estado na torcida, mas não estiveram simplesmente porque a defesa não foi pública!) Seja qual seja o resultado final, OBRIGADÃO!!!

Tuesday, December 06, 2011

Mary Poppins e Destino

Meu irmão Uri gosta de colaborar no blog, e eu gosto de que ele goste e colabore (as pessoas gostam também, o Sérgio é fã). Só que às vezes me manda umas coisas nada a ver. Sobre a penúltima que mandou, por exemplo, eu lhe disse que era bonita mas não tinha a cara do blog (e expliquei o que era isso de "a cara"): é isto aqui, uma viagem pelo nosso belo planeta, "a time lapse sequences of photographs taken by the crew of expeditions 28 & 29 onboard the International Space Station from August to October, 2011" de uma altura de uns 350 km. ("Que bonic que és tot de lluny.")

Sobre a última (objeto deste post), eu lhe disse que não curtia muito Walt Disney nem Dalí. De Walt Disney, adoro The Jungle Book, e de Dalí gosto pouco, blame it on Súnion ICC again, nossa escola de 2º grau. (Mas não, retifico: se existe algum consenso entre ex sunionitas, ou sunionitas full stop, uma vez sunionita, sunionita para sempre, é que tivemos a melhor formação em história da arte. Inclusive os que tinham algum tipo de rancor da pessoa, adoravam o professor de arte - que... não gostava muito de Dalí, fazer o quê.) (Lembrando: um post sobre Súnion ICC foi um sucesso aqui no blog, sobretudo pelo debate que gerou, em "Comentários". Ainda hoje, vez por outra alguém entra no blog procurando no Google "brasileño que habla mal de Súnion" ou coisas semelhantes: aqui. Pode ser que nunca mais me deixem visitar minha querida ex escola.) Voltando: essa última contribuição do Uri é o curta-metragem Destino, que os dois artistas - Walt Disney e Dalí - fizeram juntos, que a mim quase não me diz nada, mas vou ter que postar, posto abaixo. Isto porque meu irmão, diante de minha indiferença, reivindicou a genialidade de Walt Disney com um e-mail surpreendente e desmesurado (como sempre) sobre... Mary Poppins (!), e esse sim, eu devo compartilhar. Está em catalão, não faço a tradução porque as "grandes palavras" que ele emprega se entendem muito bem (se são ou não apropriadas, não sei dizer). (Está ficando confuso, este post...)

"L'amic Walt Disney no només era un gran creador i un gran 'il·lusionista', sinó també un gran 'rojillo', usease un tio d'esquerres i idealista, i com a mostra et diré que Mary Poppins sempre m'ha semblat una pel·lícula socialista i anticapitalista (que no comunista), una peli avançada al seu temps que proposa una societat millor i més justa (amb valors com l'ecologia, la solidaritat, el reciclatge i la felicitat per crear un món més sa) i denuncia, per exemple, la fragilitat del sistema financer, que estem veient avui dia i que els amics argentins, entre altres, ja van viure en sus carnes fa uns anys. Ah, sí, i amb una gran defensa del que parlàvem fa uns dies: que la follia no és sempre un símptoma de malaltia, sinó sovint un sistema de defensa de la gent intel·ligent davant l'absurd de la societat actual. A més, la peli va ser feta de manera tan brillant que l'home la va colar davant la cara de tothom, en plena caça de bruixes ianqui, i va fer que els putos pre-neoliberals portessin els seus fills a veure-la com bojos. És una gran peli i una gran mostra d'intel·ligència per saltar-se la censura. Si vols un dia t'explico fil per randa en què baso aquesta teoria i et prometo que mai més veuràs Mary Poppins com l'havies vist fins ara. Open your eyes bro, open your eyes."

Para eu não ficar preocupado, o Uri termina o ditirambo com o PS "não estou louco". E tudo isso (já disse) para defender Walt Disney e Destino, não Mary Poppins (que, provavelmente, não terei a chance de rever, sorry bro), porque o link que ele mandou foi o do curta-metragem de Disney e Dalí. Curtam os gênios: (<-- sério.)




PS: Mais interessante para mim é que o Uri me informa que está reformando um pouco seu apartamento e instalando uma "follidutxa", "(...) d'aquestes amb chorros de massatge que donen moooooooolt de joc!". Follidutxa = folladucha = em português não fica bonito, seria chuveiro para tre###, mas acho que também não precisa de tradução, porque só vai poder ser curtida (a follidutxa) pelas amigas catalãs do Uri que possam estar lendo este blog e que estejam interessadas em a) meu irmão e b) os experimentos aquaginásticos (se bem que ele tem algumas amigas mineiras aí em BCN, o malvado).


PPS: Ready?

Sunday, December 04, 2011

"Seja feliz", (um pouco de autoajuda com) Marisa Monte



Música e letra: Dadi, Marisa Monte e (claro :) Arnaldo Antunes.

Curta a vida = (em espanhol) disfruta la vida.

Tuesday, November 29, 2011

"Natural Selection", by Baba Brinkman

I like this pro-science rapper!




Lyrics:

"Whoever is lead to believe that species are mutable, will do good service by
conscientiously expressing his conviction, for only thus can the load of prejudice by
which this subject is overwhelmed, be removed."
Charles Darwin, Origin of Species

So, what do you know about Natural Selection? Go ahead
And ask a question and see where the answer gets you
Try bein' passive aggressive or try smashin' heads in
And see which tactic brings your plans to fruition
And if you have an explanation in mind, then you're
Wastin' your time, 'cause the best watchmaker is blind
It takes a certain base kind of impatient mind
To explain away nature with "intelligent design"
But the truth shall set you free
From those useless superstitious beliefs
In a literal Adam and Eve, and that Edenic myth
'Cause their family tree is showin' some genetic drift
Take it from this bald-headed non-celibate monk
With the lyrical equivalent of an elephant's trunk
It's time to elevate your mind-state
And celebrate your kinship with the primates

The weak and the strong, who got it goin' on?
We lived in the dark for so long
The weak and the strong, Darwin got it goin' on
Creationism is dead wrong

"The view which most naturalists entertain...namely that each species has been
independently created, is erroneous."
Charles Darwin, Origin of Species

Okay, it's time to reveal my identity
I'm the manifestation of tens of millions
Of centuries of sexual selection, best believe
I'm the best of the best of the best of the best
Of generations of competitive pressure genetically
But don't get upset, 'cause we've got the same pedigree
You and I will find a common ancestor eventually
If we rewind geological time regressively
And I could say the same for this hibiscus tree
And this lizard and this flea and this sesame seed
And if you still disbelieve in what your senses perceive
Then I could even use this rhyme as a remedy
'Cause there's so much variation in the styles in this industry

And differential survival when the people listening
Decide what they're into and what really isn't interesting
You could thrive like Timberlake on a Timberland beat
Or go extinct like Vanilla Ice and N'Sync
It's survival of the fittest, but fitness is a tricky thing
It changes from place to place and from winter to spring
But the real question in this social-scientific simile
Is heredity, whether we inherit our techniques
From our predecessors, or invent them independently
But then we're talkin' memes and that's a different thing
Richard Dawkins can I get a proper definition please?

The weak and the strong, who got it goin' on?
We lived in the dark for so long
The weak and the strong, Darwin got it goin' on
Creationism is dead wrong
The weak and the strong, who got it goin' on?
Whoever leaves the most spawn
The weak and the strong, Darwin got it goin' on
Creationism is erroneous

I hear some people complain, like "I don't wanna be an ape!
I never came from monkey DNA!
I believe God made me in a day - Jesus saves!"
Yeah, he's great, but stop bein' afraid
To use the reason "he" gave you to let science solve
Some giant problems and find some final results
I think it's time for y'all to let your minds evolve
And listen to a different kind of silent call
The kind that comes from pine trees and not Pinesol
I'm talkin' about the mystical vision that Einstein saw
Wondering at the infinite depth of divine thought
And realizing that scripture can never define God
'Cause if there is a personal God, then he's been jerkin' off
So why would he bother designing an albatross
Especially when natural selection does such an excellent job
Just by balancing benefits and costs?
I say banish God into the gaps
If he can't help us understand the simplest facts
I want a relaxed God of infinite naps
We'll be all right without him, just give us a chance

The weak and the strong, who got it goin' on
We lived in the dark for so long
The weak and the strong, Darwin got it goin' on
Creationism is dead wrong

Nova Nova York

Eis eu aqui roubando algumas fotos do blog da Marinella, da etapa nova-iorquina de sua viagem, para mostrar aos leitores deste adublinaportoalegre - que não fala de Dublin mas fala às vezes de NYC - como estão as obras do World Trade Center. Brigadu Marinella.





















Nota: Ninguém aprendeu nada com a crise. Agora já nem é World Trade Center, que sugeria que havia um trade a fazer, um intercâmbio de produtos, supõe-se, uma economia produtiva e tal. Agora é diretamente World Financial Center, para quem não produz nada e enriquece comprando e vendendo papéis.




























Esta última foto é do terminal do ferry a Staten Island, que, quando eu o peguei, simplesmente não existia, havia só uns guichês e as pessoas esperavam na calçada:


Monday, November 28, 2011

O céu sobre os ombros

Não vi ainda, mas acho que é muito bom. A Camila também acha. Já está em cartaz.

A Dilma e eu

A Dilma e eu, descobri, temos uma coisa em comum (além de ser de esquerda, a favor do aborto, a favor das cotas e a favor do desarmamento): tomamos Toddynho de madrugada (eu, em geral, lá pelas 5 h).

Do diário da Dilma:

"15 de outubro_Fiquei morrendo de medo quando vi no jornal que o Toddynho quase matou não sei quantas crianças. Todo dia eu tomo um de madrugada. Acordo com aquela fome e faço uma boquinha com goiabada e um Toddynho, às vezes dois. Minha tia fica de olho. Quando ela pergunta, me faço de morta e digo que servi para o Gabriel. Ela finge que acredita."


PS nada a ver: Hoje sonhei que a Europa estava em guerra. Não exatamente em guerra, mas com tanques na rua.

Saturday, November 26, 2011

Madame Bovary, de Gustave Flaubert

Semanas atrás li Madame Bovary. Precisava ler em francês porque tinha uma prova e fazia muito tempo que não usava essa língua (depois, feita a prova, vi que não teria precisado, a prova foi uma bobagem, mas tudo bem), e os outros dois livros que comecei a ler antes de Flaubert, por um motivo ou outro, não me empolgaram (romances recentes: Le dictateur et le hamac, de Daniel Pennac, e Volkswagen Blues, de Jacques Poulin, presentes de duas amigas muito queridas). Minha história com Flaubert vem de longe, de quando na faculdade li Flaubert's Parrot, de Julian Barnes (li em espanhol, na tradução de Anagrama, El loro de Flaubert). Foi o melhor livro que li na disciplina de Literatura Contemporânea, sem dúvida o melhor livro "novo" (posterior a 1980) que a gente leu lá - não só para mim, vários colegas começamos a devorar outros livros de Julian Barnes, Before She Met Me, A History of the World in 10½ Chapters,... Enfim: graças a El loro de Flaubert, que trata da vida e as opiniões do escritor, da correspondência com Louise Colet, de suas filias e fobias, da redação, mais do que de Madame Bovary, do conto "Un cœur simple", achei que conhecia bem o autor, e inclusive escrevi um ensaio sobre Flaubert e a Normandia. Mas, tirando Trois contes, o fato é que eu não tinha lido nada, e as duas vezes que peguei Madame Bovary o abandonei, entediado, depois de 20 ou 30 páginas. Desta vez (semanas atrás) estava disposto a superar esse tédio inicial e seguir em frente, e a surpresa foi ficar empolgado desde o começo. Para mim é um romance mais moderno que Anna Karénina, por exemplo, que também li não faz muito e trata de temas parecidos, talvez porque os dilemas morais de Anna são (pareceram-me) de um tempo passado, não fazem muito sentido hoje, enquanto o que leva Emma Bovary à infelicidade é bem atual. (Só não é atual a falta de cenas de sexo: não há sexo em Madame Bovary, é tudo elipse, uma pena.) Não vou tentar fazer uma crítica, só copio uns trechos significativos, dos que gostei especialmente.


Sobre o matrimônio:

Un jour qu'en prévision de son depart elle faisait des rangements dans un tiroir, elle se piqua les doigts à quelque chose. C'était un fil de fer de son bouquet de mariage. Les boutons d'oranger étaient jaunes de poussière, et les rubans de satin, à liséré d'argent, s'effiloquaient par le bord. Elle le jeta dans le feu. Il s'enflamma plus vite qu'une paille sèche. Puis ce fut comme un buisson rouge sur les cendres, et qui se rongeait lentement. Elle le regarda brûler. Les petites baies de carton éclataient, les fils d'archal se tordaient, le galon se fondait; et les corolles de papier, racornies, se balançant le long de la plaque comme des papillons noires, enfin s'envolèrent par la cheminée.


Sobre o amor:

Quant à Emma, elle ne s'interrogea point pour savoir si elle l'aimait. L'amour, croyait-elle, devait arriver tout à coup, avec de grands éclats et des fulgurations, - ouragan des cieux qui tombe sur la vie, bouleverse, arrache les volontés comme des feuilles et emporte à l'âbime le cœur entier. Elle ne savait pas que, sur la terrasse des maisons, la pluie fait des lacs quand les gouttières sont bouchées, et elle fût ainsi demeurée en sa sécurité, lorsqu'elle découvrit subitement une lézarde dans le mur.


Mais sobre o amor:

Mais, par ce renoncement, il la plaçait en des conditions extraordinaires. Elle se dégagea, pour lui, des qualités charnelles dont il n'avait rien à obtenir; et elle alla, dans son cœur, montant toujours et s'en détachant, à la manière magnifique d'une apothéose qui s'envole. C'était un de ces sentiments purs qui n'embarrassent pas l'exercice de la vie, que l'on cultive parce qu'ils sont rares, et dont la perte affligerait plus que la possession n'est réjouissante.


Sobre o fim do amor:

Le lendemain fut, pour Emma, une journée funèbre. Tout lui parut enveloppé par une atmosphère noire qui flottait confusément sur l'extérieur des choses, et le chagrin s'engouffrait dans son âme avec des hurlements doux, comme fait le vent d'hiver dans les châteaux abandonnés. C'était cette rêverie que l'on a sur ce qui ne reviendra plus, la lassitude qui vous prend après chaque fait accompli, cette douleur, enfin, que vous apportent l'interruption de tout mouvement accoutumé, la cessation brusque d'une vibration prolongée. [...] Cependant les flammes s'apaisèrent, soit que la provision d'elle-même s'épuisât, ou que l'entassement fût trop considérable. L'amour, peu à peu, s'éteignit par l'absence, le regret s'étouffa sous l'habitude; et cette lueur d'incendie qui empourprait son ciel pâle se couvrit de plus d'ombre et s'effaça par degrés.


Sobre a plenitude:

Jamais Mme Bovary ne fut aussi belle qu'à cette époque; elle avait cette indéfinissable beauté que résulte de la joie, de l'enthousiasme, du succès, et qui n'est que l'harmonie du tempérament avec les circonstances. Ses convoitises, ses chagrins, l'expérience du plaisir et ses illusions toujours jeunes, comme font aux fleurs le fumier, la pluie, les vents et le soleil, l'avaient par gradations développée, et elle s’épanouissait enfin dans la plénitude de sa nature.


Sobre a persistência do desejo (este trecho me emocionou: em 97 também usei os Jardins du Luxembourg para tentar esquecer alguém):

Souvent, lorsqu'il restait à lire dans sa chambre, ou bien assis le soir sous les tilleuls du Luxembourg, il laissait tomber son Code par terre, et le souvenir d'Emma lui revenait. Mais peu à peu ce sentiment s'affaiblit, et d'autres convoitises s'accumulèrent par-dessus; bien qu'il persistât cependant à travers elles; car Léon ne perdait pas toute espérance, et il y avait pour lui comme une promesse incertaine qui se balançait dans l'avenir, tel qu'un fruit d'or suspendu à quelque feuillage fantastique.


Sobre o pensar mal de quem amamos:

Elle le détestait maintenant. Ce manque de parole au rendez-vous lui semblait un outrage, et elle cherchait encore d'autres raisons pour s'en détacher: il était incapable d'héroïsme, faible, banal, plus mou qu'une femme, avare d'ailleurs et pusillanime.
Puis, se calmant, elle finit par découvrir qu'elle l'avait sans doute calomnié. Mais le dénigrement de ceux que nous aimons toujours nous en détache quelque peu. Il ne faut pas toucher aux idoles: la dorure en reste aux mains.


Sobre o desejo de absoluto:

N'importe! elle n'était pas heureuse, ne l'avait jamais été. D'où venait donc cette insuffisance de la vie, cette pourriture instantanée des choses ou elle s'appuyait?... Mais, s'il y avait quelque part un être fort et beau, une nature valeureuse, pleine à la fois d'exaltation et de raffinements, un cœur de poète sous une forme d'ange [...]. Oh! quelle impossibilité! Rien, d'ailleurs, ne valait la peine d'une recherche; tout mentait! Chaque sourire cachait un bâillement d'ennui, chaque joie une malédiction, tout plaisir son dégout, et les meilleurs baisers ne vous laissaient sur la lèvre qu'une irréalisable envie d'une volupté plus haute.


Sobre o adultério:

Ils se connaissaient trop pour avoir ces ébahissements de la possession qui en centuplent la joie. Elle était aussi dégoutée de lui qu'il était fatigué d'elle. Emma retrouvait dans l'adultère toutes les platitudes du mariage.




Sunday, November 20, 2011

Fótons emaranhados

Da reportagem de Bernardo Esteves, na revista Piauí de outubro, sobre o físico Luis Davidovich, professor na UFRJ e um dos nomes de referência da área da mecânica quântica.

Encantei-me com este parágrafo:


No romance Os Irmãos Corsos, de 1844, Alexandre Dumas contou a história de dois gêmeos que, separados pela vida, permanecem unidos por uma ligação misteriosa, de teor telepático. A dor que um deles sente na Córsega é experimentada pelo outro no continente. Na física quântica, ocorrem fenômenos semelhantes, que desafiam o bom-senso. Ao ser disparado contra um cristal, um feixe de laser pode gerar pares de partículas que os físicos chamam de fótons gêmeos, ou emaranhados. Nesse estado, continuam a se comportar como se fossem um objeto único, mesmo depois de se separarem. Qualquer ação sofrida por um deles se reflete no estado do outro, ainda que estejam distantes milhares de quilômetros. E difícil fugir à esfera do sobrenatural quando se imagina tal emaranhamento no plano microscópico. O próprio Einstein, quando vislumbrou o fenômeno num trabalho teórico, chamou-o de "ação fantasmagórica a distância".


PS nada a ver: © da nova foto da cabeceira do blog também Ramon.

Saturday, November 19, 2011

Ou seja...

... passo duas horas mexendo no design do blog, até achar bonitinho, e daí vou ver como fica no Explorer e aparece tudo fora de lugar! Iiiih! Não mexo mais! Oficialmente: este blog é para ser visto com o Firefox.


PS: O mar é © Ramon.

Wednesday, November 16, 2011

Sunday, November 13, 2011

Sobre les retallades sanitàries a Catalunya...

... (no és el primer cas, altres tenen menys repercussió, com a màxim una carta al director del diari). Portaveu de Sanitat, conseller de Sanitat, conseller d'Economia, president: sou uns fills de puta
  


Fallece una mujer con aneurisma tras deambular por cuatro hospitales

La familia atribuye la muerte a los recortes en sanidad y se querella contra responsables del Vall d'Hebron - La paciente tardó 65 horas en ser operada

PERE RÍOS - Barcelona - El País, 13/11/2011


Una mujer de Girona afectada de un derrame cerebral (aneurisma) realizó un periplo por cuatro hospitales públicos de Cataluña durante 65 horas hasta que fue intervenida. En este tiempo, entre el 7 y el 10 de septiembre de este año, la paciente sufrió dos nuevos sangrados que agravaron su estado y falleció al cabo de seis días de ser operada.

La familia ha presentado una querella en los juzgados de Barcelona contra el gerente del hospital Vall d'Hebron y contra el jefe del servicio de neurocirugía de ese centro, a los que imputa un delito contra los derechos individuales de los ciudadanos, por no garantizar la atención sanitaria de la paciente, y otro de denegación de asistencia sanitaria al que están obligados esos profesionales. La Generalitat de Cataluña, titular de los cuatro hospitales por los que pasó la mujer, defiende su actuación y considera que la paciente recibió el tratamiento que necesitaba y que no se produjo ninguna disfunción. El hospital Vall d'Hebron ha declinado hacer cualquier valoración al conocer que la familia estudiaba emprender acciones legales. La querella ha sido redactada por el abogado Rafael Núñez en nombre del marido y de las dos hijas de la fallecida, Natalia y Carmen Fuertes.

El aneurisma es una dilatación arterial del cerebro que pone al paciente en una situación de emergencia, según señalan los expertos. El índice de mortalidad ronda al 50% antes de la hospitalización y de los que son atendidos, depende del tratamiento que reciban y del tiempo que se tarde en ello. Según datos del departamento de Salut de la Generalitat, fallecen el 40% de los enfermos a las 24 horas de sufrir la dolencia, al cabo de 72 horas la mortalidad afecta al 46% y a los seis meses alcanza el 60%. Se calcula que esta afección afecta a entre el 1 y el 2% de los occidentales.

Los hechos de este caso se iniciaron la madrugada del pasado 7 de septiembre, cuando María del Carmen Mesa Nozal, de 65 años, se despertó con un intenso dolor de cabeza y pérdida de consciencia, dos de los síntomas habituales del aneurisma. Fue trasladada desde su domicilio de la localidad gerundense de Tossa de Mar al hospital de Blanes, donde ingresó a las 5.10. A la vista de esos síntomas y la imposibilidad de tratarla en un centro con recursos limitados como aquel, la derivaron al hospital Josep Trueta, la referencia sanitaria en la provincia de Girona. Allí ingresó a las 10.17. Se le realizaron varias pruebas y se concluyó que sufría un "aneurisma de arteria comunicante anterior roto con extensión a parénquima y coágulo intraventricular", según el parte asistencial.

Según la querella, los médicos del Josep Trueta explicaron a los familiares la urgencia de la operación, pero advirtieron de que no podían realizarla porque ese hospital "se encontraba afectado por la reciente reordenación de los servicios establecida desde el departamento de Salud de la Generalitat [popularmente conocida como política de recortes sanitarios]", según especifica el texto. Tras esa reorganización, el protocolo aplicable "obligaba a tratar este tipo de patologías agudas (con sangrado) en el centro de referencia fijado en el mapa sanitario, en este caso, el hospital Vall d'Hebron" de Barcelona, según la querella.

La paciente llegó en ambulancia a ese tercer hospital a las 17.29 del 7 de septiembre, con un diagnóstico que determinaba un grado cuatro en la tabla de Fisher, el más grave de todos. Este baremo cuantifica la afectación de la hemorragia subaracnoidea, que es como se denomina el aneurisma. Ingresó en la UCI y se le realizaron nuevas pruebas, pero no fue intervenida "porque los quirófanos del hospital del Vall d'Hebron estaban cerrados", dice la querella. Los neurocirujanos dijeron a la familia que la operación se haría al día siguiente.

Ese hospital dispone de 39 quirófanos ordinarios y seis de urgencias. Según la querella, desde el pasado abril "habían dejado de funcionar por la tarde los quirófanos ordinarios que en el hospital del Vall d'Hebron venían haciéndolo desde hacía más de una década". Esta circunstancia, "unido al hecho de haber pasado dicho hospital a ser centro de referencia en Cataluña en situaciones de urgencia como la presente, provocó el colapso asistencial que imposibilitó prestar la asistencia urgente que esa tarde necesitaba la señora Mesa", dice la querella.

La mañana del 8 de septiembre la paciente fue trasladada sedada a quirófanos para realizarle una embolización, consistente en un sellado para impedir el ingreso del flujo de sangre arterial y detener el derrame. No pudo llevarse a cabo por falta de medios, según el informe de epicrisis del hospital Vall d'Hebron que acompaña la querella. "En la sala en que podemos realizar la angiografía no disponemos del sistema road mapping por lo que no se puede realizar el tratamiento endovascular" se dice.

La querella considera que "la precariedad de medios quedó evidenciada" y se vulneraron así los derechos cívicos de la enferma, al no poder ser atendida. La familia cree que en ese momento se la debería haber trasladado, pero los médicos no lo hicieron y aplazaron la operación para el día siguiente, 9 de septiembre. La tarde del día 8 la mujer sufrió dos nuevos sangrados y los médicos informaron a la familia del riesgo.

El 9 de septiembre la operación tampoco se realizó porque no había quirófanos y fue entonces cuando se la trasladó al hospital Clínic de Barcelona "dado el riesgo de nuevo sangrado", según el informe médico del Vall d'Hebron. Al final la intervención se produjo a las 23.34 del día 9. El parte médico del Clínic recuerda que ingresó "al no ser posible tratamiento endovascular" en el centro del que procedía. A las 12.32 del 10 de septiembre volvió al Vall d'Hebron y falleció el día 16.

Un portavoz del departamento de Salud de la Generalitat explicó que el caso "no presenta ninguna anomalía ni particularidad fuera de lo que es habitual en estos pacientes". También dijo que la mujer "estuvo atendida en todo momento de acuerdo con la gravedad de su enfermedad" y que "en ningún caso la muerte se puede atribuir a una posible falta de personal o de recursos para atenderla adecuadamente".



Cronología del caso
- Hospital de Blanes. Ingreso a las 5.10 del 7 de septiembre con pérdida de conciencia y palidez. Derivación.
- Hospital Josep Trueta de Girona. Ingreso a las 10.17. Diagnóstico de aneurisma. Derivación.
- Hospital Vall d'Herbon de Barcelona. Ingreso en la UCI a las 17.29. La operación se aplaza al día siguiente por falta de quirófano. La mañana del día 8 se vuelve a aplazar la intervención para el día siguiente por falta de medios. Esa tarde y noche la paciente sufre dos nuevos sangrados. El día 9 se aplaza otra vez la operación por falta de quirófano. Derivación.
- Hospital Clínic de Barcelona. Intervención quirúrgica a las 23.34 del día 9. Traslado.
- Hospital Vall d'Hebron de Girona. Ingreso a las 12.32 del día 10 y fallecimiento el día 16.


Más: El "tijeretazo" que no cesa.


Y en El País de hoy (14/11/1011): "Mi madre no pudo luchar por su vida porque no había quirófanos": Rafael Núñez, el abogado que ha redactado la querella presentada en los juzgados de Barcelona, lleva más de 20 años defendiendo los derechos de los pacientes. Pero explica: "Nunca habían llegado a mi despacho unos hechos tan dantescos que pudieran ser constitutivos del artículo 542 del Código Penal". Este precepto se refiere a la autoridad o funcionario público que, a sabiendas, impida a una persona el reconocimiento de los derechos cívicos que prevén la Constitución y las leyes, que es lo que cree, según Núñez. "A esta mujer se le ninguneó de una manera reiterada el derecho básico a la protección de la salud por parte de quienes tenían la responsabilidad de prestarlo", explica.
El letrado explica que "la prueba de la buena salud de nuestro sistema sanitario es que no existen sentencias que reconozcan la vulneración del derecho cívico a recibir asistencia hospitalaria". En su opinión, "eso indica la enorme gravedad del hecho denunciado y del riesgo actual de que se convierta en un hecho ordinario". En este caso dice que ha optado por la vía penal y no la civil, porque "más allá de las posibles indemnizaciones, tenemos interés en aportar una pequeña cuota de compromiso social para que se respeten las leyes y se preserve el sistema sanitario público vigente".


¿Te has visto afectado por los recortes?


PS: Artur, president: a ti te tendría que operar el cirujano Banderas.

PS2: La noticia, es normal pero vale la pena decirlo, no ha salido en La Vanguardia, el periódico de la derecha nacionalista catalana que está en el gobierno, y salió tergiversada en la p#ta TV3, la televisión pública de Catalunya.

Friday, November 11, 2011

Hoje eu não saio, não

(Mas se estivesse no Rio, eu saía.)


Letra e música de Arnaldo Antunes, Marcelo Jeneci, Betão e Chico Salem.

Sunday, November 06, 2011

La piel que habito, de Pedro Almodóvar

Tá, vou dar minha opinião sobre o filme de Almodóvar, tentando não estragar a história a quem não o assistiu, sem me puxar muito (porque daqui a pouco começa o jogo do Espanyol, que quero ver) e sem nenhuma intenção de irritar meu irmão Uri (que, mesmo assim, talvez fique irritado). O filme não é uma obra mestra, mas é a obra de um mestre. Não é uma obra mestra, nem ganhará prêmios, porque é um filme de gênero: como filme de gênero (de suspense) é uma obra mestra (as poucas críticas positivas veem no filme uma reflexão sobre a identidade individual, ou a identidade sexual, etc., grandes conceitos: mas não, eu acho que é "só" uma história de suspense, ou terror psicológico). [Escrito dois dias depois, com o filme deixando pouso: ele é, sim, também, sobre a identidade individual e sexual.] Em Álmodovar eu confio, sempre; com ele eu me deixo levar onde ele quer. Por isso eu me senti angustiado, por isso esqueci que estava assistindo a um filme e esqueci, inclusive, que estava numa sala cinema. A amiga com quem assisti não conseguiu: talvez porque pensou demais, ou por querer se defender do que via, manteve uma distância, e na saída me disse: "isso [que a história conta] ainda não é possível" (esse "ainda" também me angustiou, hehe); entretanto, ela conseguiu pensar sobre o estar num outro corpo. Os críticos espanhóis não têm a boa fé da minha amiga, ou a minha: eles, simplesmente, não toleram, não suportam o sucesso internacional de seu conterrâneo, e parece que vão ao cinema não de olhos e mente abertos, senão com uma caderneta e uma caneta, prestes a anotar o primeiro erro que consigam enxergar.

O caso de Carlos Boyero, crítico de cinema do El País, é patológico. Ele tem fobia a Almodóvar, ou almodovaritis; talvez seja um homossexual não assumido, ou teve alguma experiência traumática na adolescência com algum travesti, sei lá. Em 2009 já escreveu (ou já fez, porque ele nem sabe escrever - desconfiem de qualquer crítico de cinema ou literário que não saiba escrever) uma crítica destrutiva de Los abrazos rotos. Almodóvar não dá mais bola, mas esse ano escreveu uma carta ao jornal lamentando que tivesse um crítico tão ruim; pedindo críticas cinematográficas não necessariamente positivas, é claro, mas sim inteligentes, razoadas, escritas sem preconceitos. (El País tinha o melhor crítico de cinema da Espanha, Ángel Fernández Santos, mas ele morreu; depois houve mudanças, colocaram um tal Borja Hermoso, muito inepto, como editor de Cultura, e esse Hermoso colocou seu amigo Boyero, outro inepto, como crítico.) Boyero não só tem preconceitos, quanto os expõe sem nenhum pudor no próprio texto. A crítica de La piel que habito começa assim: "En la estratégica, sofisticada y abrumadora campaña de promoción con la que Pedro Almodóvar arropa cada una de sus pretendidamente trascendentes películas, desde que surge el proyecto hasta su estreno comercial, sin prisas y sin pausas, administrando implacablemente el tipo de publicidad que necesita en cada momento su mimada criatura...". Mais adiante, escreve: "No he tenido oportunidad de revisar esta película desde que la padecí hace varios meses en la última edición de Cannes. Recurro por ello a la hastiada memoria". E finalmente se refere ao diretor com a expressão "este hombre" ("las últimas obras de este hombre"). Enfim, eles passarão, eu passarinho.

Antonio Banderas está perfeito em seu papel de cirurgião plástico, e Elena Anaya, como vítima, também. A crítica espanhola viu neles (especialmente, nele) inexpressividade, hieratismo, atuações ruins; a crítica norte-americana, mais inteligente, percebeu que "Mr. Banderas and Ms. Anaya are excellent, though neither has been directed to seduce like some of the director’s past memorable characters". É claro que não. Ele não vai seduzir ninguém: é um cirurgião louco, obsessivo; e ela também não, pois está sofrendo a pior tortura. A casa onde tudo acontece, uma mansão linda, decorada com obras de arte, com a mobília de que Almodóvar gosta, muito colorida e tal, é mais angustiante (OK, talvez eu me angustiei demais: a crítica do NYT fala em "an air of unease", "an unsettling vibe", algo mais leve que a angústia), por exemplo, do que o casarão gótico de Los Otros, de Amenábar, e isso só um mestre do cinema consegue (entretanto, o filme remete ao melhor Amenábar, o de Abre los ojos). Como também só um mestre consegue mexer com o espectador com um simples plano de umas mãos abrindo o envelope onde estão as luvas de látex de um cirurgião e colocando-as (não há cenas do cirurgião cortando em fatias a carne da mulher, não precisa). (O mais incrível que ele consegue eu não posso dizer sem entregar o filme - é muito sutil, está nos olhos e o movimento do corpo de Elena.) O Tigrinho, uma personagem (brasileira!) que aparece na primeira parte, é um fofo, um cara engraçado e, ao mesmo tempo... o mais violento da história. Há muitos tipos de violência no filme. Mas a história também tem momentos de humor, frases para rir ("quiere un coño!"; "es que la tiene muy grande"), cenas muito engraçadas (a dos vibradores) e até slapstick, necessários para o espectador não sufocar. E logo há frases daquelas típicas dos filmes de Almodóvar, que ficam ressoando enquanto a história é contada, dando-lhe um sentido ainda não desvelado (e que depois ficam para sempre na memória): em Todo sobre mi madre era aquele "Un tranvía llamado deseo ha marcado mi vida", dito por Cecilia Roth no início; aqui é "La has hecho demasiado parecida con ella", dito por Marisa Paredes quando o espectador ainda não sabe a quem esse "ella" se refere. O filme tem várias cenas inesquecíveis (eu vou lembrar deste filme, bem mais do que de Los abrazos rotos ou inclusive Volver), como a do estupro terrorífico da filha do cirurgião, ou essa da preparação da cirurgia que já contei, ou a cena final. O final é um happy end terrível (e com isso não estrago nada, porque quem já viu um happy end terrível?). Por último, mesmo para quem não goste de Almodóvar, ou para quem não se deixe levar pela história, o filme é uma aula de cinema: o diretor usa todos os recursos da arte, montagem, fotografia, música, saltos no tempo (com o tempo ele faz o que quer), etc. com uma naturalidade assombrosa. Os únicos defeitos que eu vi estão em algumas cenas em que o cirurgião fala, fora de sua mansão, com seus colegas, que são filmadas sem muita preocupação, com diálogos simples e uma fotografia que difere da do resto do filme; é uma pena, parece que Almodóvar não está nem aí para essas cenas, mas é que o interesse da história também não passa por elas.


PS: Ah, esqueci de dizer e é importante (surpreendente, eu diria): nos filmes de Almodóvar, e neste também, as personagens TRANSAM. Não como nos de quase todos os diretores do cinema atual, onde eles ficam um em cima do outro e só.

Wednesday, November 02, 2011

Twitt (pós-festa do Zé)

Escutando a voz balsâmica da Fernanda Takai para me recuperar da noite de ontem. Não tenho mais idade para balada. Descansa coração.


Para um europeu...

... que mora há quase sete anos no Brasil, Europa pode ser muito exótica.

Isto é um McDonald's em Amsterdã Gant:

















Isto é um albergue em Amsterdã:





















Isto é o banheiro de um albergue em Amsterdã:





















(Estou chocado, não consigo comentar.)


Mais fotos da viagem da Marinella no seu blog.

Friday, October 28, 2011

Ana: uma semana

A Ana cumpre hoje uma semana. :p E como seu avô está inundando o Facebook com fotos dela, me sinto livre para postar uma aqui. É a que eu mais gosto (espero que se torne a oficial), tirada apenas minutos depois de nascer. Ela ainda está com um traço de sangue mal lavado. Linda Ana.


Friday, October 21, 2011

21 d'octubre de 2011: ha nascut l'Ana!

Olhos grandes (de golfinho), mais azuis que os do Ramon e amendoados como os da Nelia; já bem abertos quando a colocaram nos braços da mãe, toda desperta, mostrando a língua. Cabelo castanho, pálpebras grandes, sobrancelhas fininhas (mas está com um gorro de lã, nova moda hospitalar). 50 cm, 3,4 kg. "Assistir foi heavy", disse o pai, mas não desmaiou e até fez um videozinho (só não quer fotos da filha na internet - por enquanto OK). (Logo foi para a rua com o Uri para fumar.) Falei com todos: os novos pais, os novos tios, os novos avós (falta telefonar às bisavós). Não serei o tio preferido, de tão longe: vou ser o tio do Brasil. "Vais levar ela para todas as cidades legais brasileiras, e dar presentes exóticos." "Sabes Aninha?, tu tens um tio que mora aqui no Brasil." "Bebezona linda que é a tua sobrinha." "Tu já eras muito amada e esperada." Tenho a foto que não posso postar (e a visão distorcida): nunca vi um bebê mais lindo.


PS: Isto eu posso postar. Onde a Ana vai morar. Um macaco louco, um gorila branco que grita, um tubarão e uma cobra cascavel. Bem-vinda!

Thursday, October 20, 2011

Ana?

Sem notícias de Barcelona.

A Ana não quer sair do útero materno. Parece que lá está muito bem.

Era para ter saído ontem. Hoje também não saiu, quem sabe amanhã.

Ou então está esperando para ser Escorpião, como o pai.


PS: Para Ana, NirvanA. In Utero:



Cobain dedicated "All Apologies" to his wife and their daughter. The songwriter told his biographer that while the lyrics had nothing to do with his family, the song's mood (which Cobain summarized in the words "Peaceful, happy, comfort") was intended for them.

Tuesday, October 11, 2011

Story of an Artist, by Daniel Johnston

Outra música de Daniel Johnston, enviada pelo Uri ("veus com és un tiu brillant!!!!"). Maravilhosa.

Friday, October 07, 2011

... Zero! End of the final countdown!

(My final countdown. There's another, infinitely much more important countdown going on.)

E não entreguei o projeto de doutorado. :(

:)

O último dia para a entrega passou a ser segunda-feira, e ainda vou dar uma revisada. :p

Coisas que eu posso compartilhar:

Que ficou muito bom (acho). Que agradeço desde já a ajuda importantíssima, querida e desinteressada da Marinella, do Sérgio e do meu orientador.

Thursday, October 06, 2011

Rosa, menina Rosa

Recebi agora a notícia, direta do Mali (bem, indireta, através dos meus pais): minha irmã tirou 10 na disciplina que lhe faltava... e já é formada em Antropologia! Felicitats, guapa! Ela já é uma "mulher duas faculdades", hehe. Esta música é para ti, do teu irmão mais velho, que se orgulha de ti e te ama muito.

Wednesday, October 05, 2011

O que é ISSO?

(Acabei de receber por e-mail.)


Experimente o Café Mestrado e Doutorado PUCRS

O Café Mestrado e Doutorado PUCRS é a perfeita e surpreendente combinação de gengibre, leite, mel, café expresso e açúcar mascavo.

Servido quente, o contraste da camada de café com a de mel forma a silhueta que representa as etapas da construção intelectual durante o Mestrado e o Doutorado da PUCRS.

Experimente esta delícia do Z Café e explore as fronteiras do conhecimento na PUCRS.


(Pena. Não vou poder degustar esse "café intelectual" porque lá com quem vou mais é com a Marinella, que hoje viaja. :)

Saturday, October 01, 2011

Ainda beeeeem!

Depois de cinco (!) anos de espera...

... postado há cinco dias em seu canal no YouTube...

... o primeiro vídeo, a primeira música do novo CD da Marisa Monte!!!

ADOREI! Linda música, linda letra,... e com a Spanish touch!


Monday, September 26, 2011

True love will find you in the end, by Daniel Johnston

Essa é a música que estava procurando ontem. Está no filme Medianeras (não percam, isso eu já disse num post anterior, agora digo com mais propriedade, depois de assisti-lo :), é escutada e cantada pelos protagonistas, Mariana (Pilar López de Ayala, falando porteño e mais linda do que nunca) e Martín (o argentino Javier Drolas, ótimo); cantada pelos dois ao mesmo tempo, mas de diferentes lugares. A música é de Daniel Johnston, músico e artista plástico norte-americano, e as imagens do vídeo são do documentário sobre a vida dele, The Devil and Daniel Johnston, não de Medianeras.




Eu não sabia nada de Daniel Johnston, procurei na Wikipedia e achei o seguinte:

Daniel Dale Johnston (born January 22, 1961) is an American singer, songwriter, musician, and artist.

Johnston was the subject of the 2006 documentary The Devil and Daniel Johnston. He currently lives in Waller, Texas.

Johnston has been diagnosed with bipolar disorder, which has been a recurring problem throughout his life.

He began recording Beatles-inspired music in the late 1970s on a $59 Sanyo monaural Boombox, singing and playing piano and chord organ.

Johnston's musical work gained some notoriety when he moved to Austin, Texas. Johnston began to attract the attention of the local press and gain a following augmented in numbers by his habit of handing out tapes to people he met. Live performances were well-attended and hotly anticipated.

In 1988, Johnston visited New York City and recorded 1990 with producer Kramer at his Noise New York studio. It was released in 1990 on Kramer's Shimmy-Disc label. This was Johnston's first experience in a professional recording environment after a decade of releasing home-made cassette recordings. His mental health further deteriorated during the making of 1990.

Interest in Johnston increased when Kurt Cobain was frequently photographed wearing a T-shirt featuring the cover image of Johnston's album Hi, How Are You which music journalist Everett True gave him. In spite of Johnston being resident in a mental hospital at the time, a bidding war to sign him ensued. He refused to sign a multi-album deal with Elektra Records because Metallica was on the label's roster and he was convinced that they were possessed by Satan and would hurt him. He also dropped his manager who brokered the deal, because Johnston believed he too was possessed by Satan. Ultimately he signed with Atlantic Records and released Fun, produced by Paul Leary of Butthole Surfers in 1994.

In 1990, Johnston played at a music festival in Austin, Texas. On the way back to West Virginia on a small, private two-seater plane piloted by his father Bill, Johnston had a hypomanic episode believing he was Casper The Friendly Ghost and removed the key from the planes ignition and threw it out of the plane. His father, a former Air Force pilot, managed to successfully crash-land the plane, even though "there was nothing down there but trees". Although the plane was destroyed, Johnston and his father emerged with only minor injuries. As a result of this episode, Johnston was involuntarily committed to a mental hospital.

In 2004, he released The Late Great Daniel Johnston: Discovered Covered, a two-disc compilation. The first disc featured many artists, such as Tom Waits, Beck, TV on the Radio, Jad Fair, Eels, Bright Eyes, Calvin Johnson, Death Cab for Cutie, Sparklehorse, Mercury Rev and The Flaming Lips covering songs written by Johnston. The second disc featured Johnston's original recordings of the songs.

His artwork is shown in galleries such as in London's Aquarium Gallery and New York's Clementine Gallery, and both in the 2006 and the 2008 Liverpool Biennial. Currently his work is being exhibited as "The Museum of Love" at Verge Gallery in Sacramento, California.

Sunday, September 25, 2011

The Missing Piece, by Shel Silverstein

I used to have a friend ("I used to" because we are no longer in touch) who once, in New York, where we first met, took me to a children's bookstore - Books of Wonder, it still exists. I don't know what I was looking for, but she started getting excited at the view of some books she was very familiar with, books she had grown up reading. And she kept finding them, and commented each and every one to me while putting them in my hands. One was Bridge to Terabithia, another was The Lion, the Witch and the Wardrobe, and then there was this very special one, The Missing Piece, that she adored. I bought them all, five or six books from my friend's childhood. Some years after, I gave the book as a present to my sister. This is a treasure I'm giving to you, I thought, or said (we were a little bit closer than now). And years after that, I sort of regretted not having kept it for myself. Over the time, I found translations of books by Silverstein (The Giving Tree, usually), but not, never, The Missing Piece, which I still don't have. So today I saw a beautiful movie, a love story - I guess it could be said - about missing pieces, and while looking for a song from the film I went over some drawings similar to those in the book. Then I remembered it and found it online. It's an American classic children's book - not especially happy.


Friday, September 23, 2011

Prova de amizade de Julio Cortázar

Faz tempo que queria postar trechos desta carta de Julio Cortázar ao poeta e pintor Eduardo Jonquières, por ser uma das maiores provas de amizade que eu já li/vi - e de agudeza psicológica, e de outwardness, se é que existe essa palavra. (As minhas próprias provas, dadas e recebidas - já fui muitas vezes Eduardo, algumas vezes Julio -, as guardo na memória como um tesouro.) A carta está, junto com outras (oito páginas de cartas; esta ocupa duas, a quatro colunas) na revista Piauí de julho, e a tradução é de Josely Vianna Baptista.  

(Adiciono aqui que não estou postando isto para ninguém. Quando o li, me identifiquei com alguns trechos e senti como o calor de um abraço, foi isso. Se alguém se identifica com algum trecho também, tudo bem. Conheço mais de quatro e mais de cinco pessoas com um quê de Eduardo, isto sim.)


Paris, 27 de agosto de 1955

Meu caro Eduardo:
Ontem fiz 41 anos. Je viens d'avoir 30 ans, dizia Jean, o da estrela, num belo poema do qual deves se, e ele dizia isso com tanta tristeza quanto eu. Quarenta é um número horrível para quem acredita que o mundo é belo, mas alheio, alheio aos meus sentidos que só conhecem uma parte ínfima, à minha inteligência, incapaz de apreendê-lo em suas estruturas mais elementares. (...) Ma foi, tua carta me deixou triste vários dias, e estou quase contente de não tê-la respondido em seguida. Agora eu a vejo - te vejo - com mais perspectiva. Agora consigo ser mais desapiedado, embora não seja piedade, muito pelo contrário, o que tu esperas de mim.
(...)
De tudo o que me conta, de tudo o que confia a mim, o pior é esse sentimento de solidão, de estar isolado entre todos os que o cercam. Conheço um pouco esse sentimento porque fui quase um camarada de juventude e você sabe disso muito bem. Por isso me dói - e como lhe dizer com as palavras certas tudo isto, se a única coisa possível seria olhá-lo nos olhos e dar umas palmadinhas em seu ombro para que você soubesse que seu amigo está perto? -, me dói ver você metido num labirinto tão sutil, tão feito de nadas que são tudos, com paredes que se franqueiam com o corpo mas que nem assim o deixam em liberdade.  E me dói - e me dá raiva, não vou esconder isso, e tenho vontade de gritar que assim você não pode continuar -, me dói ver se agravar o que não foi difícil de suspeitar durante todo o verão passado em Buenos Aires. Naquela época pensei que seu estado físico somava desassossego a sua inquietação moral, mas agora acho que entendo que esta pode mais que qualquer outro fator momentâneo.
(...)
Deixe que eu empregue outra vez o termo "egotista". Não é pejorativo, você sabe. Você tem um interior rico demais para não ser um pouco bumerangue e retornar a si mesmo toda vez que sai para o mundo. Seu egotismo me parece uma barricada, um muro de defesa. Não me parece seu verdadeiro ser, o profundo; insisto em vê-lo como um método de vida, um meio que ameaça tomar o lugar de um fim.
(...)
Você já era "difícil" e, mil vezes, em conversas com Paco - o único amigo em quem eu confiava plenamente, além de você -, nós ríamos lembrando suas reações petulantes, seus acessos de entusiasmo seguidos de depressões brutais que o deixavam arrasado e atormentado. Depois fiquei um longo tempo sem vê-lo, mas foi então que você fez o que correspondia exatamente a seu mecanismo de rebelião: foi para a Europa numa viagem bastante insensata e, ao fazer isso, fez o que Freud chama de "matar a mãe" (matava vários outros, de quebra). Não sei muito bem como você viveu quando voltou, embora imagine que tenha sido uma pequena boemia honorável, viveu sozinho - um dia me mostrou seu ateliê -, mas tudo isso encobria, receio, o começo da derrota, a volta ao rincão natal, o ingresso na ordem. Talvez tenha sido nessa época que teve medo (inconscientemente, sem confessá-lo) de escolher um caminho absoluto, ser um artista, como Van Gogh escolheu ser, ou um poeta, como Vallejo escolheu ser. Tudo reside, creio, no fato de você ter vocação para o que não faz, ou para o que faz insatisfatoriamente (não estou aludindo aos resultados, mas a sua satisfação ao fazê-lo). A única maneira de se realizar teria sido, naquele momento, quando você não era casado nem tinha filhos, fazer a viagem verdadeiramente. Entendo por viagem qualquer roteiro interior ou exterior que o teria levado até o extremo de si mesmo. Porque - e será o melhor elogio já feito a você - você não é homem de termos médios, acomodado. Tem uma espécie de sede de absoluto, que se reflete em toda sua conduta. Sua vida, porém, foi montada sobre uma série de compromissos, e até irrisoriamente você caiu num tipo de trabalho fundamentalmente impuro e cheio de concessões, arranjos e compromissos.
(...)
E por que você se rebela contra a ordem burguesa que aceitou há dez anos? A rebelião aos 15 anos tudo bem; esta rebelião aos 40 dá o que pensar.; tem muito de absurdo, tem muito de cópia irrisória da primeira, da autêntica. Entre as duas há uma derrota, a de seu ingresso numa ordem que você não queria. É aí que você tem de procurar uma solução possível, aí e em seu próprio caráter, alterado por fossos, barricadas e pontes levadiças que não são seu verdadeiro eu.

Vou lhe falar com toda a franqueza: neste verão tive a impressão de que você perdeu um dom que antes tinha, embora nunca em grandes proporções: o da alteridade, o de saber se debruçar e escutar, o de se colocar um pouco no lugar do interlocutor, de seu amigo, de quem estiver com você nesse momento. (...) Achei que você tinha perdido a capacidade para o diálogo, um pouco porque era continuamente rodeado e amavelmente fustigado por seus filhos e por tantos que o acompanhavam; mas mesmo aceitando essa justificativa, insisto em dizer que o achei um pouco rígido, um pouco cristalizado, ansioso por oferecer tudo espiritualmente e ao mesmo tempo negando se negando a fazê-lo, encerrando-se rapidamente na anedota fácil, na conversa anodina, no papo-furado social.
(...)
Há em você um fundo invariável de ternura, de confiança e entusiasmo adolescentes; sei que continua encarando a amizade como um sentimento muito mais exigente que o que pode ter, por exemplo, Jorge. Suas reações bastante frequentes e bastante violentas diante da conduta displicente e desapegada do Jorge me provam isso. Sei também que, se eu morasse em Buenos Aires, já teríamos alcançado o plano que eu esperava encontrar neste verão. (...) Agora penso em você diante das outras pessoas. Que razão fundamental você tem para estar divorciado de sua mulher ou de seus amigos, ou de seus filhos, ou do papa? Que razão pode haver senão esse encastelamento obstinado, essa resistência ferrenha às ofensivas do mundo? Não é necessário resistir ao mundo de hoje, o que é preciso é escolher bem o mundo que se prefere e ao qual é preciso se dar; e a esse, ah, a esse é preciso se dar profundamente, como quando se nada, ou se dorme, ou se ama. E eu temo (me diga se estou enganado, porque tudo isso pode ser falso) que sua velha rebeldia de menino contra sua mãe e suas irmãs está envenenando seu presente sem uma razão legítima.
(...)
As soluções extremas e românticas (a pobreza, a travessia do Atlântico, a renúncia às obrigações sociais), você deve descartar de cara. Se não pode ser Van Gogh, quem o impede de ser como Picasso? Se não pode ser Vallejo, porque não viver como Valéry? Não insista em viajar para Marrakech, como aos 17 anos. A vida já provou que você não foi feito para isso. Em compensação, foi feito para tantas outras coisas igualmente valiosas, igualmente belas! Se você achar que deve tomar algum outro rumo, seja inflexível nisso: ninguém deve impedi-lo. Se entender que precisa de seis horas por dia para pintar, é necessário, absolutamente necessário que as encontre. (...) Só acho que, se você conseguir uma base material de tranquilidade (outro emprego, tempo para o trabalho, certa satisfação diante do espelho quando estiver vivendo como quer e fazendo o que quer), há mais possibilidades de o outro se acertar, de os fantasmas irem embora, de haver paz. Receio que você esteja combatendo no campo errado; tem que procurar os inimigos em outro lugar, a começar por você mesmo. Vou lhe dizer algo muito duro: acho que até agora você brinca de não ter pena de si mesmo (escrevendo, por exemplo, um longuíssimo diário onde você não demonstra ter a menor pena de si mesmo, embora o próprio fato de escrevê-lo mostre de sobra que você tem, e quanta); penso que chegou a hora de você realmente começar a não sentir pena de si mesmo, ou seja, hora de renunciar a esse narcisismo às avessas que consiste em cuspir na água onde seu rosto está refletido. Aceite seu rosto, no dia em que ele for como você o deseja.
(...)
Eduardo, acho que me excedi na mesma tecla, e me pergunto o que você vai pensar desta carta. Claro que vou mandá-la mesmo assim, como uma simples prova de amizade, de um antigo afeto que só vai acabar junto comigo. Eu também me pergunto o que María vai pensar se a ler. Acho que entenderá. Acho que vai me perdoar por me intrometer num espaço tão privado, para o qual, no fundo, não fui chamado por ninguém. Teria sido mais fácil (...).
(...)