Friday, December 30, 2011

2012

De Los enamoramientos, último romance de Javier Marías, última leitura de 2011:

"Él sabía reír, lo hacía con fuerza pero con sinceridad y simpatía, nunca como si adulara ni en actitud aquiescente sino como si respondiera siempre a cosas que le hacían verdadera gracia y fueran muchas las que se la hicieran, un hombre generoso, dispuesto a percibir lo cómico de las situaciones y a aplaudir las bromas, por lo menos las verbales. Quizá era su mujer quien se la hacía, en conjunto, hay personas que nos hacen reír aunque no se lo propongan, lo logran sobre todo porque nos dan contento con su presencia y así nos basta para soltar la risa con muy poco, sólo con verlas y estar en su compañía y oírlas, aunque no estén diciendo nada del otro mundo o incluso empalmen tonterías y guasas deliberadamente, que sin embargo nos caen todas en gracia. El uno para el otro parecían ser de esas personas; y aunque se los veía casados, nunca sorprendí en ellos un gesto edulcorado ni impostado, ni tan siquiera estudiado, como los de algunas parejas que llevan años conviviendo y tienen a gala exhibir lo enamoradas que siguen, como un mérito que las revaloriza o un adorno que las embellece. Era más bien como si quisieran caerse simpáticos y agradarse antes de un posible cortejo; o como si se tuvieran tanto aprecio y querencia desde antes de su matrimonio, o aun de su emparejamiento, que en cualquier circunstancia se habrían elegido espontáneamente  no por deber conyugal, ni por comodidad, ni por hábito, ni por lealtad siquiera  como compañero o acompañante, amigo, interlocutor o cómplice, en la seguridad de que, fuera lo que fuese lo que aconteciera o se diese, o lo que hubiera que contar o escuchar, siempre sería menos interesante o divertido con un tercero. Sin ella en el caso de él, sin él en el caso de ella. Había camaradería, y sobre todo convencimiento."


Meus desejos de um 2012 cheio de amor. (Esse tipo ou qualquer outro. Mas esse vale por mil.)

Thursday, December 22, 2011

Felicitats, Ana! (Dos mesos!)

A filha do Ramon e a Nelia, minha sobrinha, fez ontem dois meses. É um tesouro, é incrível. Eu ainda não quis chegar perto dela, pois carrego um forte resfriado, no Rio tomei banho de mar um dia que não devia, depois de um temporal. Mas daqui a pouco, no Natal, vou enchê-la de beijos, não vou soltá-la. Vai ser o Natal mais feliz.

Na foto, com sua bisavó Montserrat (de 91 anos):

Wednesday, December 21, 2011

Tuesday, December 20, 2011

Sobre a Faculdade de Letras da PUCRS, 2

Nota: Apaguei alguns trechos deste post porque tive a mais esclarecedora e linda conversa possível com a professora e coordenadora Ana Mello. Só sinto não tê-la tido meses atrás. Me refiro a uma segunda conversa, de hoje, dia 21. Na primeira, ontem, ela me disse, entre outras coisas, que meu projeto era "muito abrangente e requeria amplos conhecimentos de várias áreas". Como na letra de Tom Zé, parece que estejam me explicando para me confundir, me confundindo para me esclarecer. Algo assim devo estar fazendo eu, também, com quem lê o blog. Portanto, o assunto fica por aqui, não haverá mais posts - até porque não foi nada agradável escrever estes - e já vou escrever e-mails pessoais para explicar tudo um pouco melhor aos amigos e amigas.



Não costumo responder comentários anônimos - é esquisito não saber com quem se fala. Mas seu comentário ao post anterior, senhor ou senhora anonymous, pareceu-me inteligente, me fez pensar e achei que devia respondê-lo. (O outro comentário anônimo sei mais ou menos de quem é; não sei exatamente, não sou bom para adivinhar essas coisas, mas seu autor ou autora deve estar entre três ou quatro pessoas muito queridas que conheço.)

Não sei se meu ego precisa ser "amansado", como você diz. Nem sei como ele está, se alto demais ou baixo demais. Ele oscila muito, hehe. E uma "perda" ou um fracasso como esse, assim como a frustração e a raiva, poderiam (espero que possam) me servir para ir em frente com mais força, sim.

Também não tenho grandes objetivos acadêmicos (não vou me tornar um PhD triste, pode deixar). Queria fazer o doutorado para ganhar uma bolsa integral (sim, confesso), já que, sendo estrangeiro, é difícil encontrar um trabalho para me sustentar no Brasil; queria fazê-lo para, no futuro, ser professor, poder passar meus conhecimentos de literatura, e minha paixão pela literatura, aos alunos; e queria realmente realizar meu projeto, quem me conhece sabe como chegou a me empolgar. Não quero me sentir nenhum "Super Acadêmico" (Deus me livre) e não tinha certeza de ficar entre os primeiros na seleção, mas tinha essa esperança, sim, achei que tinha chances: além de pelo próprio projeto, por minha boa colocação e minha nota média no mestrado e por ser o único candidato que o escritor e professor Assis Brasil, que se afastou um pouco da PUCRS ao se tornar secretário de Cultura, quis orientar, empolgado com o projeto também. Por tudo isso, não estar entre os doze aprovados me deixou triste e confuso (meu ego sobe e desce, mas não virei burro de um dia para o outro). Mais uma vez para não comprometer ninguém: um professor da faculdade me disse, no mestrado: "Teu lugar não é na PUC". Mas eu queria que fosse.

Para deixar você menos triste, querido anônimo: ontem tomei café com uma amiga francesa, formada em história da arte em Paris e casada com um catedrático que dá aulas na França há trinta anos e ela me disse: "Na França é exatamente igual". Essa coisa "triste" e "ridícula" não é exclusiva da academia brasileira, é uma característica da academia em geral, um mundo fechado, estanque, conservador, muitas vezes dominado por professores medianos e seu instinto de auto-preservação (isso vale para muitos outros "mundos", eu sei). Então, não: não pretendo ir para a USP ou para os Estados Unidos como me pareceu estar sugerindo esse alguém da PUC, nem voltar para a Europa. Além do que, gosto demais do Brasil. Ubi bene ibi patria, diz o professor Assis.

Meu ego está "ferido", certo, pode-se dizer assim. Mas a ferida não é somente pessoal. Há um pouco de sangue quixotesco em minhas veias, no sentido de que gosto de "desfacer agravios, enderezar entuertos [y proteger doncellas :)]". Se as pessoas às que acontecem coisas como a que aconteceu agora comigo, ou que percebem como uma faculdade não é suficientemente boa, calam, como as coisas poderão melhorar? Havia alunos muito inteligentes no mestrado. Alguns colegas se indignavam tanto ou mais do que eu quando, por exemplo, uma professora dava aula sobre a vida de Nélida Piñon sem ter lido nunca um romance dela (é o único exemplo que darei, há muitos mais, pode acreditar). Alguns colegas se indignavam tanto ou mais do que eu quando alunos mais fracos (não culpados de nada, "they haven't had the advantages that you've had") apresentavam textos - textos que todos os outros alunos, supostamente, também tínhamos lido - limitando-se a ler trechos ou parafrasear, sem aportar nada de sua leitura pessoal, sem dar início a nenhuma discussão. Dos trabalhos destes vinte alunos, disse-me certa vez uma professora, só dois são publicáveis.

Nessa época do mestrado cheguei à conclusão de que deveria aguentar, ficar na minha, focar na dissertação. Afinal de contas, eu era (sou) formado numa boa universidade européia, eu era (sou) europeu; e como mais de um professor me disse, não devia exigir muito à universidade. Por que não? De novo: se ninguém exige mais, quando é que as coisas vão mudar? Mas depois soube que isso não era exato, eu não me sentia desapontado por ser europeu. Um bom amigo gaúcho, formado em filosofia na PUCRS, era muito mais crítico do que eu com respeito à sua faculdade, e uma amiga formada em psicologia também. Eles fizeram com que eu, o europeu, o catalão da Faculdade de Letras, me sentisse mais legitimado para criticar minha faculdade brasileira.

Se tivessem me dado a chance, eu teria gostado de fazer alguma coisa, não importa quão mínima, para que o nível da faculdade melhorasse. Acho que os alunos (os doze que foram aprovados para o doutorado, por exemplo) poderiam, deveriam fazê-lo. (Lembro-me agora de uma colega que estava triste porque sabia que escrevesse o que escrevesse, pesquisasse mais ou pesquisasse menos, teria sua dissertação aprovada: para que me puxar, dizia.) "O que acontece na PUCRS", você diz, anônimo, "é exatamente o que acontece em outras grandes universidades brasileiras e que a certa pessoa escreveu pra você. É triste. Mas é verdade, cara. Aliás, chega a ser ridículo". Mas a universidade vai se construindo, não tem porque permanecer como está, não tem porque ficar tudo igual.

Publiquem, diziam os professores mais graúdos nas reuniões dos alunos da pós-graduação: publiquem tudo, publiquem muito, qualquer coisa, e não esqueçam de colocar logo o que publicarem em seus currículos lattes. O objetivo era conseguir mais bolsas da Capes e do CNPq. Ao sair dessas reuniões, eu dizia aos amigos: mas por que "qualquer coisa", por que "muito"? O mais importante não é a qualidade do que se publica? Mais bolsas para fazer o quê?

Saturday, December 17, 2011

Sobre a Faculdade de Letras da PUCRS, 1

Aprovados Doutorado em Teoria da Literatura 2012 (Por ordem de classificação)

1.Camila Canali Doval
2.Alexandre Costi Pandolfo
3.Fernanda Borges Pinto
4.Milena Hoffmann Kunrath
5.Cátia Rosana Dias Goulart
6.Sara Hartmann
7.Giselle Molon Cecchini
8.Lilian Ramos da Silva
9.Aline Conceição Job da Silva
10.Adriana Emerin Borges
11.Joseane Camargo
12.Taiane Porto Basgalupp


A lista saiu ontem e eu não estou nela :( Nem bolsa integral, nem parcial, nem nada (nem sequer meu nome numa listinha de suplentes). Sinto raiva, frustração e tristeza. Já falei com uma das pessoas que acompanharam de perto a preparação de meu projeto. Quando tenha falado com as outras, vou postar suas opiniões aqui.

Por enquanto, escrevo algo que certa pessoa (não quero comprometer ninguém) me disse tempo atrás, de utilidade para alunos que pensem em fazer doutorado nessa faculdade: não dá para apresentar nenhum projeto cujo conteúdo possa estar acima da capacidade intelectual dos professores, porque isso os coloca numa posiçao desconfortável, os "ameaça"; para ser aceito é preciso "baixar o nível", fazer concessões, etc. Naquele momento, saber isso (que me foi confirmado por outras pessoas depois) me deixou triste, pois as universidades, na maioria de países, tendem a procurar a excelência (inclusive vão à procura de alunos estrangeiros, quando necessário), mas resolvi seguir, até certo ponto, esses conselhos. Pelo visto, estavam muito bem fundamentados; e, pelo visto, era para serem seguidos ao pé da letra.

Enfim, parabéns aos alunos medíocres que foram aprovados e parábens, sobretudo, aos não medíocres (tenho certeza de que há alguns - que eu conheça, a Camila, por exemplo).


PS: Obrigado à Anninha por me escutar neste momento difícil. (Te peço desculpas.)


PS2: "Eles passarão, eu passarinho", me escreveu a Bel: "Adiante! O romance!". :) Pois é, e no hay mal que por bien no venga, Bel, querida.

Friday, December 16, 2011

Rio (no news, good news)

Indo embora do Rio, onde, como sempre, tenho sido feliz.

Este é um presentinho da Bel: "Conhecendo você, não só vai se amarrar na música como se apaixonar perdidamente pela cantora/compositora (Clarice Falcão, filha do João e da Adriana Falcão)".

Nestes dias passados aqui com ela - e com a Karyn, e com o Pedro -, ela também me escreveu: "O Rio te ama. E as cariocas também!". :)

Sunday, December 11, 2011

Despedida em grande estilo

Assistindo, em Canoas, à peça Os náufragos da louca esperança, do Théâtre du Soleil, em companhia do Sérgio, o João, a Marinella e a Noemia. Com sarau posterior, em que o ator Maurice Durozier cantou até uma rumba catalana. :)






Saturday, December 10, 2011

De mudança

Liberando o apartamento. Enchendo caixas e caixas e mais caixas de livros, ao som dos grandes Andrés, Johansen, etc., enquanto o kindle me olha quieto, de cima da mesa, com seu sorrisinho.

-Sha sé que sós el futuro. Ahora cashate. Boludo.

Thursday, December 08, 2011

Projeto de tese defendido com paixão! :)

Obrigado de novo (como escrevi depois da entrega) aos amigos e amigas que me ajudaram e me deram força nas últimas semanas, meses, e hoje até quase o último minuto! (E que teriam estado na torcida, mas não estiveram simplesmente porque a defesa não foi pública!) Seja qual seja o resultado final, OBRIGADÃO!!!

Tuesday, December 06, 2011

Mary Poppins e Destino

Meu irmão Uri gosta de colaborar no blog, e eu gosto de que ele goste e colabore (as pessoas gostam também, o Sérgio é fã). Só que às vezes me manda umas coisas nada a ver. Sobre a penúltima que mandou, por exemplo, eu lhe disse que era bonita mas não tinha a cara do blog (e expliquei o que era isso de "a cara"): é isto aqui, uma viagem pelo nosso belo planeta, "a time lapse sequences of photographs taken by the crew of expeditions 28 & 29 onboard the International Space Station from August to October, 2011" de uma altura de uns 350 km. ("Que bonic que és tot de lluny.")

Sobre a última (objeto deste post), eu lhe disse que não curtia muito Walt Disney nem Dalí. De Walt Disney, adoro The Jungle Book, e de Dalí gosto pouco, blame it on Súnion ICC again, nossa escola de 2º grau. (Mas não, retifico: se existe algum consenso entre ex sunionitas, ou sunionitas full stop, uma vez sunionita, sunionita para sempre, é que tivemos a melhor formação em história da arte. Inclusive os que tinham algum tipo de rancor da pessoa, adoravam o professor de arte - que... não gostava muito de Dalí, fazer o quê.) (Lembrando: um post sobre Súnion ICC foi um sucesso aqui no blog, sobretudo pelo debate que gerou, em "Comentários". Ainda hoje, vez por outra alguém entra no blog procurando no Google "brasileño que habla mal de Súnion" ou coisas semelhantes: aqui. Pode ser que nunca mais me deixem visitar minha querida ex escola.) Voltando: essa última contribuição do Uri é o curta-metragem Destino, que os dois artistas - Walt Disney e Dalí - fizeram juntos, que a mim quase não me diz nada, mas vou ter que postar, posto abaixo. Isto porque meu irmão, diante de minha indiferença, reivindicou a genialidade de Walt Disney com um e-mail surpreendente e desmesurado (como sempre) sobre... Mary Poppins (!), e esse sim, eu devo compartilhar. Está em catalão, não faço a tradução porque as "grandes palavras" que ele emprega se entendem muito bem (se são ou não apropriadas, não sei dizer). (Está ficando confuso, este post...)

"L'amic Walt Disney no només era un gran creador i un gran 'il·lusionista', sinó també un gran 'rojillo', usease un tio d'esquerres i idealista, i com a mostra et diré que Mary Poppins sempre m'ha semblat una pel·lícula socialista i anticapitalista (que no comunista), una peli avançada al seu temps que proposa una societat millor i més justa (amb valors com l'ecologia, la solidaritat, el reciclatge i la felicitat per crear un món més sa) i denuncia, per exemple, la fragilitat del sistema financer, que estem veient avui dia i que els amics argentins, entre altres, ja van viure en sus carnes fa uns anys. Ah, sí, i amb una gran defensa del que parlàvem fa uns dies: que la follia no és sempre un símptoma de malaltia, sinó sovint un sistema de defensa de la gent intel·ligent davant l'absurd de la societat actual. A més, la peli va ser feta de manera tan brillant que l'home la va colar davant la cara de tothom, en plena caça de bruixes ianqui, i va fer que els putos pre-neoliberals portessin els seus fills a veure-la com bojos. És una gran peli i una gran mostra d'intel·ligència per saltar-se la censura. Si vols un dia t'explico fil per randa en què baso aquesta teoria i et prometo que mai més veuràs Mary Poppins com l'havies vist fins ara. Open your eyes bro, open your eyes."

Para eu não ficar preocupado, o Uri termina o ditirambo com o PS "não estou louco". E tudo isso (já disse) para defender Walt Disney e Destino, não Mary Poppins (que, provavelmente, não terei a chance de rever, sorry bro), porque o link que ele mandou foi o do curta-metragem de Disney e Dalí. Curtam os gênios: (<-- sério.)




PS: Mais interessante para mim é que o Uri me informa que está reformando um pouco seu apartamento e instalando uma "follidutxa", "(...) d'aquestes amb chorros de massatge que donen moooooooolt de joc!". Follidutxa = folladucha = em português não fica bonito, seria chuveiro para tre###, mas acho que também não precisa de tradução, porque só vai poder ser curtida (a follidutxa) pelas amigas catalãs do Uri que possam estar lendo este blog e que estejam interessadas em a) meu irmão e b) os experimentos aquaginásticos (se bem que ele tem algumas amigas mineiras aí em BCN, o malvado).


PPS: Ready?

Sunday, December 04, 2011

"Seja feliz", (um pouco de autoajuda com) Marisa Monte



Música e letra: Dadi, Marisa Monte e (claro :) Arnaldo Antunes.

Curta a vida = (em espanhol) disfruta la vida.