Wednesday, May 26, 2010

Imagens de uma... correria

Domingo passado, antes do teatro, participei na minha primeira corrida, a 27a Maratona Internacional de Porto Alegre. Sim, já fiz uma maratona! De revezamentos, mas tanto faz. Cada um de nós correu 5,275 km. 5,275 km x 8... = 42,2! A seguir, fotos desse grande dia. (Visualizar melhor com o Firefox.)











O percurso.










Três colegas de minha equipe alongando às ordens da professora de condicionamento físico. Eu ainda estava dormindo.










A saída da maratona de revezamentos. Eu estava dormindo.







O Nilton, o primeiro da equipe em sair. Eu estava dormindo.



Membros de vários times da ACM. Agachado à esquerda, o professor de condicionamento físico. Ao lado, o colega de minha equipe, preparado para sair em meu lugar. Eu estava tomando banho (para quê?).


O Magnus, professor de musculação e corrida, dando instruções ao colega que saiu em meu lugar. Eu já estava no parque. Só não estava encontrando a barraca da ACM.






O Magnus me procurando com seus binóculos. "Puta que o pariu, ele dormiu!"




Eu, depois de chegar e de correr (no lugar do colega) e receber uma medalha, com o professor de condicionamento físico e três colegas da equipe.



A multidão invadindo a pista, esperando colegas de suas equipes para o revezamento. Eu já tinha terminado de correr e comido três bananas.







O último revezamento da nossa equipe.






A camiseta que o João, que assistiu à corrida, me deu em recompensa ao meu sacrifício.











Eu não vi essas gurias!











Três colegas da equipe. O Paulo no meio. Ainda estou aprendendo os nomes...








Os resultados. Meu tempo é o quinto. Podia ter sido pior. Ficamos em 6° lugar. Foi uma manhã memorável.

Comunicação a uma academia, de Kafka

Domingo assisti, com as queridas Anna e Manu (a Manu é uma amiga baiana que está há uns meses na PUCRS) à Comunicação a uma academia, adaptação do conto de Kafka encenada pela Companhia Club Noir no Theatro São Pedro. Havia só 80 lugares, tudo cadeiras no palco (a plateia, as galerias e os camarotes, vazios), os espectadores formando "a academia". A peça é curta e de um único ator - que, difícil de acreditar, é uma atriz, Juliana Galdino; o monólogo de um macaco que, já homem velho, explica por que se converteu à condição humana. A interpretação é fantástica, a maquiagem e a iluminação, também: vimos perfeitamente um homem com rasgos simiescos, ouvimos a voz de quem poderia ter sido, no passado, um macaco. Mas saímos do teatro meio desapontados: esperávamos reflexões, algum soco no estômago, mesmo que sutil. Porém, é Kafka. E Kafka, a gente esquece, é um autor de estilo realista. Reflexões, muito menos mensagens, não são aparentes em sua obra.

Mesmo assim, e pensando a posteriori, a história é forte. Resumindo:

O macaco explica que decidiu tornar-se homem - e que isso foi extremamente fácil para ele - não para poder ser livre de novo (livre, ele diz, era-o quando macaco), senão para sair da jaula do navio holandês que o levava para o porto de Hamburgo. Foi sua única opção: escapando da jaula, teria sido encerrado numa jaula pior, como a da jiboia, que o teria devorado, ou chegado ao convés e se jogado no mar, onde teria morrido afogado. Podia, somente, tentar sobreviver, e isso foi o que fez, por meio da imitação dos humanos, os marinheiros que o vigiavam: fumando e se embebedando como eles, aprendendo a cuspir no chão, conseguindo dizer "Hola". Já em Hamburgo, também não pôde escolher: teve de se aperfeiçoar como homem, deixar de ser o que era. Não fazendo-o, teria ido para o parque zoológico. Fazendo-o, ingressou em nosso teatro de variedades, hipocrisias, mesquinharias e vaidades.

Tuesday, May 18, 2010

Thursday, May 13, 2010

Waldeny Elias :'(

"Sou um homem medroso dentro de um contexto vazio. A sociedade vive dentro de um turbilhão de felicidade enganosa. Tento não me enganar."

"Acredito na pintura que é feita com entrega total. A pintura me renova todos os dias."


Waldeny Elias, em entrevista ao jornal Zero Hora (30/06/2008), com motivo de uma retrospectiva de sua obra no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.


Na semana passada morreu em Porto Alegre, aos 79 anos, o pintor Waldeny Elias. Conheci o Elias quando foi professor de pintura da Gabriela. Foi o primeiro que ela teve (ou a menos o primeiro profissional), nos últimos meses de 2008, quando ela estava se puxando para terminar Direito e se mandar para a França estudar Artes Plásticas. Eu assisti a duas aulas, fui porque a Gabriela me disse que eu gostaria de conhecer o Elias e de conversar com ele. O que eu queria era ver a Gabriela pintando, mas de fato gostei muito do homem. Era muito alto e ossudo, de olhos grandes e salientes, cabelo branco (um tipo físico parecido ao de J. D. Salinger velho), e mancava de uma perna. Eu nunca tinha estado num ateliê. O ateliê era a casa dele, um térreo no bairro da Floresta. O Elias trabalhava na sala principal, cheia de quadros pendurados nas paredes e apoiados uns nos outros no chão: nus de estilo expressionista, interiores quase vazios, paisagens do pampa. Mostrou-nos uma sala menor, o ateliê de um colega pintor, também abarrotada de quadros. E a outra peça que eu vi foi a cozinha, pequena e muito bagunçada. Quando chegávamos, a Gabriela sentava em frente do cavalete, ele dava-lhe algumas instruções genéricas, falando num tom pausado, ligava o som baixinho (música erudita) e logo ia preparar café. A Gabriela pintava e nós dois ficávamos em duas poltronas velhas, num canto da sala, de onde dava para ver ela, mas não a tela. O Elias fumava, eu era ex fumante; se não, teria fumado com ele com prazer. Gostava de falar de seus pintores preferidos, e comigo falou dos espanhóis (os antigos, se eu lembro bem: Velázquez, Zurbarán, Goya). Contou-me anedotas vividas com Mário Quintana (algumas estão no livro Ora bolas, de M. Q.). Por causa da perna, ele quase não saía, mas, quando jovem, havia participado, sido um membro ativo de vários círculos artísticos da cidade. Contou-me histórias desses círculos, dos anos 50 e 60. Lembro a de um moço que apareceu do nada e de mãos vazias em Porto Alegre, estrangeiro, bonito; não conseguia emprego, mas alguém no grupo de artistas percebeu que era um virtuoso do piano; convidaram-no a tocar no Teatro São Pedro e causou sensação (o maior talento que já passou por aqui, disse o Elias); depois o moço se envolveu com várias mulheres (casadas, supõe-se) e ao cabo de um ou dois anos, assim como apareceu, sumiu. Durante essas conversas, parecia que o Elias deixasse a Gabriela meio desatendida (foi por isso que eu não fui mais de duas vezes). Mas logo pedia licença, levantava-se e andava até ela se apoiando na bengala, dizendo: vaaamos ver como estão essas montanhas. Ficava em silêncio observando a tela (a Gabriela olhando para a tela também, com o pincel no ar); dava a sua aprovação e algumas indicações, e pegava um outro pincel para retocar o sombreado da cadeia de montanhas azuis. Era uma natureza morta com paisagem ao fundo, e lembro que brincou sobre as frutas (o modelo colocado numa tábua de madeira, ao lado do cavalete), dizendo à Gabriela que deveria se apressar, porque já estavam mudando de cor. A nossa conversa continuava, até ele se levantar de novo para fazer uma avaliação final. Eu então ficava de pé, bem atrás deles, querendo ver o quadro mas sem querer incomodar. Foi a própria Gabriela quem me deu a notícia da sua morte. Ela, que esperava reencontrá-lo, ver como ele estava, contar-lhe sobre seus progressos na França, ficou muito triste, lá longe.



Sem título
Waldeny Elias
Óleo, 1981


Sem título
Waldeny Elias
Óleo, 1974

Sunday, May 09, 2010

Somos el Espanyol, nunca olvidamos

"Tamudo, el mejor jugador de la historia del Espanyol, se despide de la afición. Esperamos que vuelvas pronto, Tamudo. Perdónales porque no saben lo que hacen, rezaba una pancarta en Cornellà. Gracias Tamudo, hasta pronto." (Una aficionada del Espanyol.)




Uri 23.

Saturday, May 08, 2010

Invento, Ney Matogrosso cantando Vitor Ramil

Para a Anna, que gosta do Vitor Ramil e da simbologia da casa na literatura.

Tuesday, May 04, 2010

Ciudad sin sueño

O disco Omega, do cantaor Enrique Morente e o grupo de rock Lagartija Nick, revolucionou o flamenco (tantas vezes revolucionado, apesar dos puristas) em 1996. Nele, Morente musicou poemas do livro Poeta en Nueva York, de Federico García Lorca, e aflamencou músicas de Leonard Cohen (uma delas, "Take This Waltz", por sua vez, criada a partir do "Pequeño vals vienés", também de Poeta en Nueva York).

Para a Ana Santos, que gosta de F. G. Lorca e de L. Cohen:



Ciudad sin sueño (Nocturno del Brooklyn Bridge)

No duerme nadie por el cielo. Nadie, nadie.
No duerme nadie.
Las criaturas de la luna huelen y rondan las cabañas.
Vendrán las iguanas vivas a morder a los hombres que no sueñan
y el que huye con el corazón roto encontrará por las esquinas
al increíble cocodrilo quieto bajo la tierna protesta de los astros.

No duerme nadie por el mundo. Nadie, nadie.
No duerme nadie.
Hay un muerto en el cementerio más lejano
que se queja tres años
porque tiene un paisaje seco en la rodilla
y el niño que enterraron esta mañana lloraba tanto
que hubo necesidad de llamar a los perros para que callase.

No es sueño la vida. ¡Alerta! ¡Alerta! ¡Alerta!
Nos caemos por las escaleras para comer la tierra húmeda
o subimos al filo de la nieve con el coro de las dalias muertas.
Pero no hay olvido ni sueño:
carne viva. Los besos atan las bocas
en una maraña de venas recientes
y al que le duele su dolor le dolerá sin descanso
y el que teme la muerte la llevará sobre los hombros.

Un día
los caballos vivirán en las tabernas
y las hormigas furiosas
atacarán los cielos amarillos que se refugian en los ojos de las vacas.
Otro día
veremos la resurrección de las mariposas disecadas
y aun andando por un paisaje de esponjas grises y barcos mudos
veremos brillar nuestro anillo y manar rosas de nuestra lengua.

¡Alerta! ¡Alerta! ¡Alerta!
A los que guardan todavía huellas de zarpa y aguacero,
a aquel muchacho que llora porque no sabe la invención del puente
o a aquel muerto que ya no tiene más que la cabeza y un zapato,
hay que llevarlos al muro donde iguanas y sierpes esperan,
donde espera la dentadura del oso,
donde espera la mano momificada del niño
y la piel del camello se eriza con un violento escalofrío azul.

No duerme nadie por el cielo. Nadie, nadie.
No duerme nadie.
Pero si alguien cierra los ojos
¡azotadlo, hijos míos, azotadlo!
Haya un panorama de ojos abiertos
y amargas llagas encendidas.
No duerme nadie por el mundo. Nadie, nadie.
Ya lo he dicho.
No duerme nadie.
Pero si alguien tiene por la noche exceso de musgo en las sienes,
abrid los escotillones para que vea bajo la luna
las copas falsas, el veneno y la calavera de los teatros.


Sunday, May 02, 2010

Instantànies de Porto Alegre (en català!)

Fotos tirades els últims mesos amb la càmera del mòbil (m'estic aficionant a fer-la servir).

Pels meus germans (en especial pel Ramon, que es nega a llegir res en portuguès) i pels amics de Catalunya que encara entrin al blog (que deuen ser pocs).



Rua da República, una de les
meves preferides de la ciutat.



Café do Mercado. A vegades
hi escric, assegut en un tamboret,
en una taula alta.



Tomàquets farcits, fets per l'Anna.


Vaixell de càrrega
baixant pel riu Guaíba.


Paloma, amiga de la facultat
(en un dels bars de la facultat).



Amiguíssima Anna.


Rua da Praia al matí,
quan els proveïdors dels bars
descarreguen.



Ampolla de Fanta, disseny antic
(no sé per què el van canviar).


Un edifici del centre.


Arbres de la Praça da Alfândega.


Arbre de la caritat (descobert
a l'avinguda Getúlio Vargas).


Home tocant el contrabaix
al Parc de la Redenção.



Un vespre de diumenge
al Parc de la Redenção.



Cícero i Dani, el dia de
l'aniversari (20) del Cícero.



V., fill de la doctora B.
(s'ha de protegir la identitat
dels menors).



Neteja-sabates al centre.


Samarreta-vestit sexy
en una fira de productes de Bahia.



Escultura davant del Cinema Guion
(del que faig jo se'n diu "mão boba").