Sunday, June 26, 2011

Être et avoir (e Blue Valentine, e a Paris dos anos 20 de Woody Allen)

O Pedrito me enviou ontem os links para o documentário Être et avoir, "veja, veja, veja". Eu ainda não vi, vi, vi, mas confio muito no seu bom gosto e posto eles aqui, para quem quiser ver também. Em francês com legendas em português.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

Parte 9

Parte 10

Parte final


... E ontem eu assisti, com a Camila L., a Blue Valentine. É um filme muito bom, e a meu ver (não segundo a Camila), altamente desalentador. Os casais que, talvez enganados pelo título Namorados para sempre (horrível, se bem que o título original também não é aquela coisa), foram assisti-lo no dia dos namorados, devem ter saído com certo mal-estar, se não xingando diretamente o diretor. Enfim, recomendo, é um baita filme. (Eu não vou esquecer o episódio no motel, que é coisa de mestre, na arte e na vida.) Vai aqui o trailer, que não entrega nada (aliás, também é enganador, meio bobinho; o filme não é).




Falando em filmes - e em títulos. Eu ia esculachar Midnight in Paris, para implicar com meu irmão Uri e porque realmente não gostei. Mas, como o Sérgio e a Ângela gostaram (ou gostaram mais o menos), vou me abster. Só recomendo, para quem não o leu, A Moveable Feast. O preço é o mesmo que o do ingresso e o livro fica na memória para sempre. París era una fiesta, esse é o título em espanhol. E acho que é um dos casos raros em que a versão é melhor do que o título original. Para mim é assim, também, com a epígrafe do livro, do próprio Hemingway:

If you are lucky to have lived in Paris as a young man, then wherever you go for the rest of your life, it stays with you, for Paris is a moveable feast.

Si tienes la suerte de haber vivido en París cuando joven, luego París te acompañará, vayas adonde vayas, todo el resto de tu vida, ya que París es una fiesta que nos sigue.

4 comments:

Sergio Lulkin said...

Por partes: Etre et Avoir foi um mega sucesso nas telas, é genial, deu polêmica com o professor depois do boom multimilionário do filme, etc. Tenho em dvd, é comovente!

Woody, sempre, sou fã, mesmo nos momentos em que ele não brilha.

Esculacha! esculacha! Quero ver tua opinião declarada!

Roger said...

Tá, então vou esculachar. Mas que prazer masoquista é esse? Já disse tudo para ti e a Ângela, ao vivo, num café très parisien! :) Vou esculachar porque às vezes faz bem à alma, mas digo do início que eu sou fã do Woody Allen, que o filme é bom de ver, mas que exatamente por ser do W. A. isso não é suficiente.

Vou ser telegráfico mas vai ser longo mesmo assim.

Cinco minutos iniciais: cartões postais de Paris: planos fixos de uns 4, 5'' cada, sem graça nenhuma, sem voz em off, nada. No minuto 3 eu estava me remexendo na cadeira (por que isso?; a produtora nem sequer é francesa!; deve ter sido um acordo com a prefeitura de Paris...). 30 minutos seguintes: apresentação de umas personagens que a gente já viu nos últimos 10 ou 15 filmes do W. A.: aspirante a artista, com namorada cheia de vitalidade; sogro republicano e bobo (sogra boba também); "amigo" snobe insuportável, com namorada que bebe das palavras dele. A viagem para a Paris dos anos 20: gostei de como se produz, OK. Aparição das figuraças da cultura do século XX, de quem W. A. é fã (eu também): TODAS caricaturescas. (Essa aí é a Zelda Fitzgerald???) (A crítica da New Yorker diz que isso é porque se trata da visão que delas tem o protagonista. Ãhn? Isso mais parece um insulto ao W. A. Além do que, o filme não sugere que seja a visão dele, e sim que ele viaja, de fato, aos anos 20. O filme pede uma suspension of disbelief, que eu fiz; não deveria ter feito?) Só Hemingway se salva, só que suas falas não são do W. A., são de Hem. mesmo. Kathy Bates também está muito bem, mas eu não consegui deixar de enxergar ela, a atriz (por que não transformá-la, um pouco de maquiagem?). Diálogos simples, sem repercussão e sem graça com Buñuel, Dalí, Picasso,... Só um bom gag, o da pintura de Picasso no museu. Mas já estava em Annie Hall, ou Manhattan, não lembro bem (aqui no museu, ali na fila de um cinema). Maravilhosa Marion Cotillard, ela sim, mas sozinha não salva o filme. (Como o protagonista descobre que está sendo traído, isso é muito bom também.) Volta à Paris atual e mensagem explícita, dita e redita, para quem não entendeu: "nenhum tempo passado foi melhor, isso é uma bobagem e o nosso tempo tem suas coisas interessantes também para quem as sabe enxergar". Fim. Ou quase fim: o protagonista ainda fica com uma parisina que apenas fala e que é a personagem mais insossa de todo o filme. Fim.

Sergio Lulkin said...

Me finei de rir lendo a tua crítica. É muito mais engraçada do que o filme. Parece um personagem do Woody fazendo a autocrítica do filme. Tás eleito o melhor autocrítico woodyano do ano! Mas eu até me emocionei, de bobo que sou, tão bobo como o personagem principal... e, olha, não me incomodava de ter como companhia, em Paris, chovendo no verão, aquela mossa inssossa ou moça inçoça...

Roger said...

Sempre ao seu dispor, senhor Embaixador. :)