Tuesday, March 20, 2012

Ficar em albergue é...

Ainda não saí e já estou com saudade do hostel. Como deve ser lindo ter um albergue - pensei hoje - e como deve ser triste. Pessoas queridas, por quem a gente se afeiçoa, logo vão embora e em geral não voltam mais. Depois de um mês, sinto um grande carinho pela Viviana, a Flávia, o Edilson e os outros empregados. O Edilson (um dos dois seguranças que se alternam às noites) me perguntou quanto custa e quanto demoraria em receber pelo correio uma camiseta do Espanyol. Ele sabe que Dátolo, agora no Inter, seu time, jogou no meu, assim como Costa, do Grêmio; sabe que Coutinho, selecionado pelo Brasil para a Olimpíada, está triunfando em Cornellà-El Prat (eu lhe disse que hoje fez mais um golaço).
-Quantas pessoas queridas tu não conheceu aqui, né? - ele vem de me perguntar agora, quando saí à calçada para fumar -. De todo o Brasil e do mundo.
-Muitas, quase todas. Só aquele **** era meio chato - eu disse (a nacionalidade não é difícil de adivinhar; por que tantos **** são assim?).
-Sim, ele era louco.
Senti-me muito querido pelas pessoas que trabalham aqui, que me tratam como se fosse da casa (isso é porque tu é como tu é, pensa bem, disse meu psicólogo); ajudaram-me em tudo, inclusive a procurar apartamento para alugar, e voltarei muitas vezes para vê-los e conversar. A bruschetteria, aberta ao público, começa a funcionar a semana que vem.

Hoje me deixou triste que o Ferras (o australiano, de origem palestina), fosse embora, para o Pantanal. 35 anos, aventureiro, interessado por tudo, bem-humorado, disposto a fazer rir qualquer um - em especial as gurias, comprovei estas últimas noites. Sem ele, por exemplo, o argentino Fernando e eu não teríamos sentado à mesa de três moças lindas e simpáticas, ontem, num restaurante da Cidade Baixa; nos divertido até altas horas. Sem ele, na sexta, Marta, a gaúcha italiana, não teria deixado suas amigas patricinhas no tedioso Dhomba e ido sambar com nós dois. Marta, a da beleza incomparável, "che fa tremar di chiaritate l'are", sambando se soltou ("como eu precisava disto!", disse), deixou de parecer um afresco para se tornar mais bela ainda, e real. Mas nem tudo foi noite e mulheres. Ontem à tarde, ele e o argentino (que hoje foi para Bento Gonçalves dar umas palestras sobre lógica computacional, seja isso o que for) me pediram para ir "naquele lugar onde se vê o pôr-do-sol"; eu voltava de um almoço com a Marinella e pretendia ler e descansar, mas fui passear com eles à beira do rio, antes de voltar para o Gasômetro e sentar na grama. Deu tempo até de jogar um pouco de basquete com um brasileiro que estava na quadra sozinho e - casualidade - morou em Sidney por dois anos e quer voltar lá para ficar. Meu inglês melhorou um monte (ontem fiz de tradutor simultâneo com essas três gurias); minha perna machucada, não - o médico pediu repouso, mas eu não quis perder a chance de fazer uns arremessos, muito menos de sambar. "Você é a gaúcha mais linda que eu já conheci. Não é cantada, é fato".

Todas essas pessoas, também o inglês Richard (sua história não cabe aqui, além de que não terminou, espero acompanhar a continuação, ele fica em POA), ou a Hellen, carioca que mora em Niterói, ou a nova empregada que a Viviana contratou, haitiana (numa janta a Viviana me contou uma parte de sua história, de seu inferno) me deixam seus e-mails e perfis no Facebook. Já andei pensando em voltar para esse mundo de amizades virtuais, para manter o contato, mas não o farei, seria absurdamente pouco em comparação com o vivido no mundinho real.

2 comments:

uri said...

joder bro!!!!

quines ganes de viatjar i conèixer gent nova i anar d'alberg en alberg!!!! collons!!!!

i sí, cony de ianquis... jejeje

PD.- ja he vist SHAME! I sí, estic d'acord amb tu, amb aquesta sí!!!!

Roger said...

Tu has estat fa poc a Tailàndia, tonto.

I jo no he conegut mai personalment a cap ianqui capullo, al contrari, els qui he conegut sempre m'han caigut bé.

Shame: menos mal!, una coincidència! :)