Tuesday, May 08, 2007

Born to Run

Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado.


I'm driving a stolen car on a pitch black night
And I'm telling myself I'm gonna be alright
But I ride by night and I travel in fear

That in this darkness I will disappear


Continuo ouvindo muito o CD A Tempestade, se bem que menos em comparação ao ano passado, quando ele não saía do meu reprodutor. Sei lá quantas vezes o ouvi seguido... Gosto muito do que dizem os autores do site da Legião onde procuro as letras (coluna á direita): "1996. Tchau... Parece que é isso que Renato canta em todas as faixas. Ele estava deprimido e não quis fazer foto para a capa nem dar entrevista. Marisa Monte compôs com Renato a música 'Soul Parsifal'". Minhas músicas preferidas são "A Via Láctea" e "Esperando por mim", e adoro a complexidade da letra e a linda música de "O Livro dos Dias", última faixa. Se bem que não deveria dizer isso, porque acho todo o CD uma maravilha. Dentre todos os da Legião, é o meu preferido, e o preferido da minha amiga Rose. E marcou minha vida, como a de tantos brasileiros. (Na verdade, não o CD, mas a obra, a personalidade e a história de Renato, de quem também li a biografia que escreveu Arthur Dapieve). Como aos quinze anos o fez Bruce Springsteen, cujo CD duplo The River também não me cansava de ouvir.


Ouvi muito The River quando voltei do meu segundo verão em Dublin (e aqui aparece, pela primeira vez, acho, a "fair city" do título do blog). Cada final de julho deixava atrás muitos amigos e um sentimento de independência e felicidade que só tinha lá. E esse segundo verão (1990) foi especialmente triste porque deixei atrás, também, o meu primeiro amor, uma linda menina de Madri. Tinha comprado o duplo CD The River na Virgin Megastore (que então era novidade: essa super loja nos fascinava, não havia nada parecido na Espanha) da beira do rio Liffey, e ele me acompanhou nas semanas de tédio e solidão do mês de agosto, já em Barcelona. Lembro que ouvia especialmente o segundo disco, onde parecem estar concentradas todas as músicas tristes. E que invariavelmente chorava quando ouvia "Fade Away" ou "Point Blank".

Essa história é engraçada. Cheguei a ter a discografia completa de Bruce Springsteen, inclusive os CD piratas (comprados também em Dublin), que nessa época não eram cópias dos albuns originais, senão gravações de shows ou programas de rádio. Mas... de tanto escutá-lo acabei enchendo o saco, e depois de uns anos dei a coleção toda de presente ao meu irmão Oriol. (Ele virou fanático, e tem continuado comprando os álbuns de Springsteen até hoje.) E acontece que agora, quando escuto as faixas do The River ou do Born to Run deitado na antiga cama dele, gosto de novo, e fico com uma enorme saudade, e queria que os CD fossem meus.

PS: O CD Presente, de rarezas, inclui uma faixa com uma gravação caseira em que Renato toca no violão e canta (gritando e desafinando, como faria qualquer um de nós) "Thunder Road". Eu acredito que a música "Dezesseis", de A Tempestade, tem muito de springsteeniana.

PS 2: Descobri que no site oficial de Renato Russo colocaram um clipe de homenagem a ele nos dez anos de sua morte (se aparecerem duas músicas misturadas, clique no som/stop, arriba á direita). Com imagens inéditas (realmente inéditas, do álbum familiar) e a música "Love in the Afternoon" (que eu traduzi ao espanhol num post de abril). De arrepiar.

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