Tuesday, December 16, 2008

Na Polícia Federal

Nas duas últimas semanas estive três vezes na Polícia Federal, em Porto Alegre, para renovar meu visto. E cada dia, por cada estrangeiro ou gaúcho que estava lá para questões burocráticas, havia 20 machões (20, sem exagero, eles são chamados de vinte em vinte) para registrar sua arma (ou armas). O Presidente Lula tentou passar uma lei pró-desarmamento em 2005, mas o projeto foi derrubado em referendo - por uma estreita margem no Nordeste, e por uma amplíssima, absurda e vergonhosa margem no Sul, onde eu estou. A sociedade civil, com a retrógrada revista Veja à frente, liderou o movimento contra a lei, e o resultado do referendo permitiu que o brasileiro pudesse continuar comprando livremente armas (como se o Brasil fosse um desses Estados atrasados do centro-sul dos Estados Unidos). E aqui estão eles, gaúchos machos, registrando suas armas aos montes, com o objetivo, suponho, de proteger suas famílias ou suas lojas. Armas que serão roubadas de suas casas e usadas por bandidos para assaltar ou assassinar (prévio riscado do número de série, pelo qual nem o cafajeste aqui ao meu lado nem o bandido poderão ser identificados) ou por eles mesmos para matar a mulher ou o vizinho em alguma briga estúpida.

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