Friday, July 23, 2010

Encontro no café com um desconhecido

Hoje conheci um cara no café da rua Uruguai. Foi engraçado como aconteceu. E é bem inusual, lá poucas vezes falei com alguém, só digo que sim quando alguém pergunta se uma cadeira está livre, e uma vez conversei brevemente com uma guria que me perguntou por que eu não lia a Zero Hora (eu estava com a Folha ou o Estado, e ela era do departamento de marketing da Zero Hora). De manhã me pareceu vê-lo, mas nem tenho certeza se era ele. Se era, estava com o que me pareceu um MacBook branco. À tarde estava sentado ao meu lado, e só reparei nele quando se dirigiu a mim, ele ainda estava sentado mas quase indo embora. "Filosofia?", perguntou. Parece que leu "Rousseau" na página que eu estava revisando, deve ter se puxado, porque a página estava toda cheia de anotações, coisas riscadas, eu estava revisando-a. "Literatura", eu disse. "Ah, é que eu li aí Rousseau...". Acho que então fui eu quem lhe perguntou se estudava Filosofia. Disse que sim, que estava no último ano na universidade de Santa Maria. Eu contei que estava fazendo o mestrado em Literatura da PUC. Ele quis saber sobre o meu trabalho, eu disse que era um romance e que aquilo ali era a parte teórica. Antes ou depois disso, ele me disse que gostava dos românticos (por isso o interesse por Rousseau), mas que os havia deixado de lado porque estavam levando ele para a literatura, e o que ele queria mesmo era focar em filosofia pura. Metafísica, também disse. Estava se preparando para o mestrado. Eu perguntei se a faculdade de Santa Maria era boa, ele disse que sim, falou num professor alemão que teve. Eu, devo confessar, não falei bem da Filosofia na PUC, por influência de um amigo que estudou lá. Daí ele perguntou se eu podia lhe contar algo do enredo do romance. Tudo isso com muita educação, com muita naturalidade. Ele, não falei ainda, era um guri de cabelo loiro, longo e crespo, e vestia uma roupa elegante cinza. O enredo... Eu não teria sabido contar-lhe o enredo, nem teria tido tempo, ele já estava de pé, com sua namorada ou amiga ao lado, que voltou do banheiro. Lhe disse que era sobre amor e loucura. Antes ou depois, ele disse que tinha encontrado o café por acaso. "Muito bom trabalhar aqui, né? Eu não estava conseguindo começar meu trabalho de conclusão...". Eu disse, "sim, especialmente para fumantes"... Provavelmente falamos algumas coisas mais que agora não lembro. Espero encontrá-lo de novo, me pareceu um cara legal. E esse tipo de encontro, assim, tão casual e cordial, me pareceu muito legal também, por isso quis contá-lo aqui. Mas escrevi sem parar, nem revisar, daí o estilo ruim e os possíveis erros... :)

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