Tuesday, January 25, 2011

Do albergue Laranjeiras, Pelô, Salvador, BA, Brasil

Já na querida Bahia, u-hu! Nossa, o Pelourinho é muito louco. E meu albergue também. Adoro eles, os caras do Laranjeiras. Eles se lembram de mim, mesmo que faça... sei lá, dois ou três anos que não venho aqui. Na verdade, qualquer albergue é louco. Ontem, quando cheguei, tinha um cara no quarto, meio suado. Se apresentou em inglês e quando ouviu que eu era da Espanha fez questão de falar só em espanhol. Ele era de Israel ("era" porque já foi embora, para Lençóis). O cara falou meio minuto comigo, olhou seu relógio de pulso, disse "me desculpa" e deitou no chão do quarto fazer abdominais. Quando parou, seguiu a conversa, e a interrompeu de novo um minuto depois. Assim fomos conversando, entre série e série de abdominais (deve ser coisa do exército de lá). Fui tomar banho e tinha uma mulher no banheiro masculino, num dos box, cantando. Pensei que eu estava errado, mas não. É que a mulher no box do meio estava com uma criança, seu filho, imagino. Fica tranquilo que eu já vi muitos pintos na vida, ela disse (ou coisa parecida; acho que usou uma outra palavra). O Pelourinho está um parque temático, mais cheio de turistas do que nunca, mas... está bom, adoro mesmo assim (eu sou turista também, sei, mas ando me fazendo de nativo). Um cara acabou de me mostrar suas xilogravuras. Me mostrou também seu book. Tinha uma entrevista ao jornal El País! Um outro cara passou por mim, sem se deter, perguntando, "espanhol?". Olhei para meu jornal baiano na mão, para minha camiseta (estaria com alguma coisa de Barcelona?), e disse, surpreendido, "como cê sabe?". "Tá na cara!". Sei lá, adoro isso aqui. Ontem revi meu amigo Ronaldo, no nosso lugar preferido, onde conheci ele e a Rose há já oito anos, no Largo de Santana, Rio Vermelho. Ele, como meu irmão Oriol, diz que eu deveria ficar aqui em vez de em Porto Alegre. Diz que aqui eu aprenderia malandragem. Que o sul não é bem o Brasil, etc. Ele não é um malandro, o Ronaldo, mas conhece as malandragens e me ensina algumas. Para sobreviver, he he. Ficamos bebendo cervejas, botando o papo em dia. Olhando as mulheres, também. Há uns meses que ele está sem o antigo emprego na livraria, mas acredito que logo vai conseguir outro, é um cara brilhante. E hoje vou ver a Rose. Ela trabalha no MAM, passa horas e horas lá. Tem o emprego ideal, no lugar perfeito para quem se formou em museologia. Vou chegar, dizer "me disseram que tem uma mostra de Beuys até fevereiro" e lhe dar um grande abraço. E depois de amanhã me mando para Barra do Itariri, no ônibus da Expresso Linha Verde. Queria um lugar tranquilo (não Praia do Forte, não Morro de São Paulo, não Itacaré) e vai ser esse. Lá se juntam as águas do rio Itariri e as do Atlântico; tem dunas, tem manguezais... e espero que pousadas charmosas e baratas. O Marco do teatro me escreveu dizendo que em Porto Alegre faz um calor infernal e que os ensaios só recomeçam no dia 15. Então, mais um tempinho na praia! Será meu segundo Dia de Iemanjá na Bahia, êh!

Thursday, January 20, 2011

Última entrega de fotos de Barcelona

Ara amb comentaris en català!

(Sem tempo para escrever corretamente em português. Mas olha como o catalão é fácil, o título deste post é exatamente igual numa língua e na outra.)



El nou estadi de l'Espanyol. Vam anar-hi tota la família, al partit de Copa del Rei contra l'Atlético de Madrid (1-1).


El meu pare a casa, revisant els resultats de la loteria de Nadal. (No ens va tocar res.)


Platja de Castelldefels. Anys enrere, jo hi anava sovint a llegir.


Bons amics, de fa anys i panys. He vist molts amics, aquesta vegada. No tots, però molts. :)



De l'exposició de Javier Mariscal a la Pedrera.


By Javier Mariscal.


Una nota de color en un edifici antic, tocant a la Rambla del Poblenou.



Esquiant a l'estació de Porté-Puymorens (Pirineu francès) amb l'Uri i la Gabriela.


Aquesta foto és de la castanya que em vaig fotre, amb perdó. Després que la Gabriela caigués de cul massa vegades i es fes mal al còccix (caure feia mal, la neu estava molt dura; l'única cosa positiva va ser que la van portar en moto de neu, que és força divertit), ella es va quedar a la cafeteria i jo vaig anar amb el meu germà a fer el tonto. Baixant per la pista de la foto, vaig caure (no estic en forma, les cames em van tremolar); em vaig deixar anar lliscant muntanya avall, d'esquena, esperant que la planxa es posés soleta en la posició que em permetria frenar; no s'hi va posar i vaig anar a parar contra la xarxa protectora, que va cedir, me la vaig emportar. A la segona baixada, vaig voler fotografiar el desperfecte.


Aquesta és pel Sérgio, actoràs i enamorat de Barcelona. Teatre Grec de Montjuïc.


Port Vell. Un bon lloc per anar a dinar un dissabte o diumenge assolellat.


Fent un cafè amb la Gabriela a la cafeteria de l'hotel OMM, del carrer Rosselló. És un lloc molt pijo, però també molt agradable i acollidor, amb llar de foc futurista, un espai enorme ple de sofàs, diaris de tot el món, estanteries amb llibres... Em va agradar especialment que una de les cambreres fos peruana... i les altres dues de Salvador de Bahia! :)


Aquest edifici fantàstic, on fins ara no sabia què hi havia, és la seu del Parc de Recerca Biomèdica de Barcelona. És al costat de l'Hospital del Mar i davant la platja. Hi vaig anar per parlar amb el Dr. Òscar Vilarroya, neurocientífic, director de la Càtedra del Cervell Social de la Universitat Autònoma de Barcelona, que em va orientar amablement sobre el meu futur projecte de doctorat i em va donar un munt de bibliografia.


Platja de la Barceloneta. És la platja més llarga de la ciutat. La foto és del tros que toca al Port Olímpic, d'on sortia el petit veler.

Monday, January 17, 2011

Pessoas sozinhas sentadas em frente ao mar


Platja del Bogatell, barri del Poblenou, Barcelona, 13/01/11, 14:30 h.

Monday, January 10, 2011

Emerson. Cap. 3. El Evangelio según San Mateo (e também... Emerson 1 em português!)

Ver mejor en YouTube.




Emerson. Cap. 1. Os bons companheiros

(Com legendas da Anníssima Faedrich & myself!)

Ver mejor en YouTube.

Saturday, January 08, 2011

We Shall Dance

Ultimamente meu pai canta enquanto passeia (em geral, de manhã). Estes dias é "We Shall Dance". Mas ele só canta "We shall dance, we shall dance"; depois ele inventa a letra e a melodia, que não sabe, ou que esqueceu. :)



Ó, a letra:

We shall dance, we shall dance
The day we get a chance
To pay off all the violins of the ball

We shall dance, we shall dance
The day we get a chance
To get a dime to buy back our souls

We shall dance, we shall sing My dear love, O my spring
My love good days will come
You'll see the corn will grow in spring
My spring time
My spring time

We shall dance, we shall dance
The day we get a chance
To pay off all the violins of the ball

We shall dance, we shall stay
With the children at play
Lord I swear when the time comes, we'll pray

We shall dance, we shall sing
My dear love, O my spring
My love you'll have a house
With roof and walls
Fire with coal
My soul, my soul

We shall dance, we shall dance
The day we get a chance
To pay off all the violins of the ball

We shall dance, we shall stay
With the children at play
Lord I swear when the time comes, we'll pray

Thursday, January 06, 2011

Janeiro 2011 (proibido fumar)

[Faltam 4 dias (4!) para a estréia mundial :o) do (tudo parece indicar que) polêmico capítulo 3 de Emerson! E 4, também, para a estréia do capítulo 1... com legendas em português! :)]


Mais fotos! De Barcelona e Puigcerdà (Pirineus, fronteira entre Catalunha e França).





Série "Barzinhos de Barcelona". (Antes da proibição de fumar, isto é, ainda em 2010.)


2 de janeiro de 2011. Dia Primeiro Depois da Proibição. Não dá mais para fumar em local fechado nenhum (bares, restaurantes, discotecas, shows, casamentos, etc.), nem para esses lugares terem espaços reservados para fumantes. Resta a rua. (E os estádios de futebol: lá também pode.) Aqui, em Puigcerdà, com uma temperatura abaixo de zero, o Ramon e a Nelia tomam café e fumam os primeiros cigarritos do dia numa terraça meio ensolarada (nome do bar? "Sol y sombra"). É a opção 1.


Puigcerdà, mesma praça, tardezinha. -4 ou -5 ºC. Eu tomo um Cacaolat quentinho ao lado de uma calefação de última geração. É a opção 2.


Puigcerdà, Passeig Deu d'Abril, Café Aroma. Aqui tem cobertores! É a opção 3. Vi isso em Barcelona também. Bacana. É um detalhe para nós, né? E já vamos ter mais opções. Algumas, violentas, de alguns fumantes irados, estão aparecendo estes dias nos jornais. Mas não é preciso se violentar. Afinal, num país com clima bom, a terraça é o lugar privilegiado!


A gente vai a Puigcerdà para relaxar. Ou para esquiar. Para relaxar, nada melhor do que um café da manhã (lá pelas 11 h) em "La llaminera". Lá tem um dos melhores suíços que eu já tomei. Um suís é uma taça de chocolate quente com chantilly por cima, com (a escolher) melindros, croissant ou ensaimada (esse doce em espiral da imagem). Délicieux.


O lago de Puigcerdà. Nesta época do ano sempre está congelado. Querendo caminhar sobre o gelo, eu caí dentro, anos há.


Esta é para o João. Também temos boa carne, nos Pirineus! :) Filé de vitela.


... E peus de porc (pés de porco)!


Meus pais caminhando por Llívia, uma cidadezinha catalã dentro do território francês (coisas esquisitas das fronteiras européias).

Monday, December 27, 2010

Nadal 2010

Algumas fotos destes dias.



Primeiro, a minha preferida (as restantes estão em ordem cronológica).
Minha querida prima Anna e a Aina e a Jana se abraçando. A Aina
é filha da Anna e o Jordi, que também têm a Martina, e a Jana (à direita)
é filha de meu querido primo Joan e a Alba. A Anna e o Joan são irmãos,
então é um abraço entre primas. Foram a alegria destes dias,
as crianças.



Meu irmão Oriol e minha irmã Rose (ela prefere "Rous") fazendo
uma canja, no fim da noite do 24, em casa, Barcelona. (O Uri está fingindo,
não toca violão.)



Parte do almoço do dia 25, prato típico catalão para esse dia:
"pilota i carn d'olla". A "carn d'olla", acima à esquerda, é a carne
com que se faz o caldo da sopa que se come primeiro. A pilota é feita
com carne moída (50% vitela, 50% porco), pão, leite e ovo, e se come
com batatas fervidas e linguiça preta (fervida também).



Meu irmão Oriol e meu primo Joan procurando água
com um anel, em casa da minha avó Rosa, mãe da
minha mãe, na tarde do 25. (Minha avó ficou uma semana
no hospital, recebeu alta no 24 mas não esteve no almoço
familiar, fomos ver ela de tarde. Ela mora em
Sant Sadurní d'Anoia, distante uns 30 km de Barcelona.)
Minha prima Marta, a Anna, o Uri, eu... todos tentamos
e não conseguimos, mas o Joan e a Alba sim: com eles,
num ponto determinado, o anel começava a
dar voltas,
como imantado. Minha irmã conseguiu também (ao menos
disse que estava sentindo "algo" puxando o fio). Esta não
é nenhuma tradição natalina, OK.


Ao calor da lareira. (Nossa avó Rosa, bisavó das pequenas, à direita.)


Gostei destes golfinhos desenhados por Javier Mariscal,
de um livrinho que minha mãe deu à Jana.



Minha avó Montserrat, mãe do meu pai, falando pelos cotovelos
no almoço do dia 26, em casa de meu irmão Ramon e a Nelia,
minha querida cunhada (os pais dela,
Paula e Tomás, à direita).
Minha avó, com seus 90 anos, continua lúcida. Nestes dias
se emociona muito, também. Pensa muito no marido, nosso avô,
Ramon, que faleceu há exatamente 35 anos (no dia 28 de dezembro).



Meus pais no almoço do 26. Os dois ganharam óculos novos.
Ele no início se sentiu esquisito, mas falamos que estava
parecido com o Martin Scorsese e ficou bem faceiro.



O Ramon fumando um charuto de chocolate.


O Uri começando a queimar calorias na mesma
tarde do 26, no jardim do Ramon e a Nelia.

Saturday, December 25, 2010

La imagen del año



A revista de domingo do jornal El País escolheu esta como a imagem do ano. É a minha imagem do ano também. De novo: não se trata de esporte, não se trata de futebol (havia outras imagens do jogador para escolher). Tal qual um Montaigne com chuteiras, Andrés Iniesta, no momento culminante de sua carreira (da carreira de qualquer jogador de futebol: ele marcou o gol da vitória na final da Copa), se lembrou do outro, de um amigo falecido, colocando a amizade acima de TUDO.


PS: O primeiro dos "100 hombres y mujeres iberoamericanos [o jornal deveria ter escrito "latinoamericanos": coisas de país colonizador...] que han marcado 2010" é uma mulher, Dilma Rousseff. Isso me deixa feliz, pois é um reconhecimento a todo o Brasil. Como Enrique Morente escreveu em 2003 sobre Lula, "un poquito de esperanza para el tiempo que viene", alguna cosa buena en este mundo estropeado.

Wednesday, December 22, 2010

Saturday, December 18, 2010

The Social Network, by David Fincher

O filme começa com a namorada, ou meio namorada, de Mark Zuckerberg, criador do Facebook (achei perfeito o ator Jesse Eisenberg no papel, um nerd nem tão nerd assim), terminando com ele ("You're an asshole"), numa cena de diálogos rápidos e difíceis de acompanhar, num bar barulhento do campus de Harvard (todo o filme é assim; é bom tentar não ler as legendas, que só conseguem capturar a metade do que é dito). (Eu tenho, tinha?, uma amiga formada em Stanford que foi morar em Nova York; lá namorou um ex aluno de Harvard, e ela odiava sair com a turma dele. Porque o "harvardnês" é assim: falar rápido e com a obrigação de ser, ou parecer, sempre brilhante, tudo com a maior nonchalance). A sequência seguinte é linda e fundamental, é a dos créditos de início e mostra Zuckerberg correndo através do campus, à noite, até a sua residência estudantil. É nesse momento que (isto está implícito, o filme é cheio de implícitos), fuelled by (como é "fuelled by", Silvia?, estou com a ressaca do inglês do filme), com a raiva derivada do rompimento e do insulto (para quem gosta de "processos de criação": a raiva pode servir a esse propósito), Zuckerberg cria em sua cabeça uma espécie de site infantilóide, para se vingar da namorada, que será o primeiro embrião do Facebook. A seguir vem a parte para mim mais perturbadora do filme: it's all about sex! Lembram Porky's, essa comédia sobre estudantes de ensino médio obcecados por transar? Pois essa parte do filme é a mesma coisa, só que em Harvard, com protagonistas supostamente brilhantes. (Aliás, vi que os alunos de Harvard são de dois tipos: os realmente brilhantes, de um lado, e os bobalhões com pais que foram alunos da universidade e se tornaram fund-raisers, do outro; este seria o caso de Bush II.) Uma personagem que não é de Harvard é especialmente irritante, a do criador do Napster (que, vi nos créditos, é interpretado pelo tal Justin Timberlake, cantor). Sua única contribuição para o Facebook, que inicialmente era thefacebook é: "Drop the 'the'. [Aí ele faz um movimento irritante com as mãos] It's cleaner". Depois vem o juízo, que não é bem um juízo, são reuniões entre Zuckerberg, o brasileiro Eduardo Saverin (o cara mais legal e sensato), os bobalhões irmãos Winklevoss (atletas que não têm noção alguma de programação, mas querem uma fatia do bolo) e os advogados de todos eles, para chegar a algum acordo. Tem uma mulher, uma mulher que não está com nenhuma das partes em conflito, só assiste porque é da firma que sedia as reuniões, que diz a frase de que eu mais gostei. Quando Mark fica sozinho na sala, ela lhe diz: "You're not an asshole. But you're trying very hard to be one". O fim da história é sabido: Mark Zuckerberg vira milionário (ou zillionaire) e perde o único amigo que teve na vida, o Eduardo. E a última cena é parecida com a de Citizen Kane, só que um pouco patética, pois não é da infância, desse paraíso perdido, que Mark sente absoluta falta. É de... - não vou dizer, mas é meio óbvio. O filme é muuuito bom.

Thursday, December 16, 2010

Enrique Morente :'(

Granada, 25 de diciembre de 1942 - Madrid, 13 de diciembre de 2010

Uri: Ei bro, o grande Morente morreu e tu não escreve nenhum post?!?!?! O exílio até pode ser bom, mas esquecer tudo não é legal! Se agora eu gosto como eu gosto de flamenco é, em boa parte, graças ao grande Morente e ao álbum Omega. Viva o cante jondo e o grande mestre.

Eu: Me diz uma música, que eu boto no blog. Meses atrás postei umas. Li nos jornais, mas não soube o que dizer. Omega me apaixonou, mas eu não consegui entrar nesse mundo.

Uri: What can I say... O amigo Morente era um craque, um desses artistas que trazem mudanças, marcam um antes e um depois. Foi ele quem abriu as portas do flamenco e o cante jondo a muita gente, uma música que, para alguns, de início, não parece fácil ou próxima. Além disso, ele a soube renovar, atualizar, levar para o século XXI. O "Pequeño vals vienés" é muito importante para mim, por três motivos. Quando o ouvi pela primeira vez (numa festa de Sant Jordi, no instituto) não gostava de flamenco (deveria dizer, melhor, que o desconhecia). Também não gostava dos poemas de Lorca. E a versão que ouvi era dançada, e as bailarinas, amigas minhas (uma delas, a very special one). Depois de ver o espetáculo e ouvir a música, tudo mudou. Passei a gostar de flamenco e dos poemas de Lorca, e a saber que nunca teria uma namorada que não soubesse dançar (só vou te dizer que tua teacher in love, a Carmen, se emocionou quando o viu e acabou chorando). Mas bota aí no blog "Reloj molesto", uma música de um álbum que eu tenho e curto muito, que é linda e o Morente dedicou ao Lula em 2003 (para Lula, esperanza de Brasil). Vê se ele não é um craque. Como explicar, se não, além do mais, que sua filha seja alguém como a Estrella Morente...

Eu: Bro, respondo aqui (com este post com texto teu). Obrigado pelo e-mail e pela música. Ela emociona e faz chorar (é isso, o flamenco?). Como alguém escreveu no youTube, "Descanse en paz en el tablao del cielo". Con el Camarón.




EL PEQUEÑO RELOJ (2003)
Guitarras: Pepe Habichuela, Niño Josele, Tomatito, Manolo de Huelva, Sabicas, Ramón Montoya.
Percusión: Piraña, Bandolero.
Otros músicos: Javier Limón, Jerry Gonzalez, Alain Pérez, Horacio el Negro, Caramelo.
Morente se despide diciéndole al molesto reloj "Déjame pasar las horas a ritmo de tango" y lo dedica a Lula, en el que reconoce la esperanza de Brasil. Un poquito de esperanza para el tiempo que viene...

Tuesday, December 14, 2010

Cinco dias até eu viajar!

Queria que a longa viagem de avião não fosse chata. Que fosse assim:

Monday, December 13, 2010

Eu sou um grande mentiroso 2

Terminei de ver o documentário sobre Fellini. O vi em duas partes, não consigo ficar muito tempo quieto em frente à TV (ao laptop, no caso). Nesta segunda parte achei mais trechos da entrevista interessantes, que anotei (sobre o tempo, o imaginado e o real, a criação artística, as mulheres), e um belo diálogo de 8 1/2 que transcrevo também (quando eu era adolescente, achava que esse filme de que os adultos falavam era sobre dois palhaços, Otto e Mezzo... :o). Vale a pena dizer: no documentário, o ator Donald Sutherland (Il Casanova) fala de Fellini como uma pessoa autoritaríssima e até cruel - tipo Picasso, citado por Fellini como fonte de inspiração.


"Não acho que seja possível definir ou desenhar uma linha divisória entre o passado, o presente e o futuro, ou entre uma coisa imaginária e a memória de alguma coisa que realmente aconteceu. Não acho que qualquer um que escolheu essa profissão ou foi chamado para contar histórias possa distinguir isso. Do momento que ele cria seu pequeno universo essa criação é absoluta. É um universo completo que também inclui o tempo, não só pelo espaço territorial ou a descrição dos personagens. Até o tempo é inventado."

"Meus filmes ficam prontos porque eu assino um contrato. Recebo um adiantamento que não quero devolver e tenho que terminar o filme. Não acredito na total liberdade criativa. Um artista que tiver liberdade criativa ficaria propenso a não fazer nada. O grande perigo para um artista é a liberdade total."

"Não ter fé é difícil. E uma maneira de se limitar, colocar obstáculos em sua frente. No entanto, ter fé acho que faz parte desse sentimento vago que mencionei, que para mim é uma nota fundamental na qual eu me reconheço: a expectativa. A fé também é uma forma de expectativa. Não quero dar uma conotação mística para essas afirmações. Quero dizer um estado da alma, uma impressão no dia-a-dia de que o sentimento de expectativa nunca me deixou. Mas se você perguntar o que eu espero, você irá me complicar."

"Uma mulher é o planeta desconhecido. A parte à qual o homem quer se unir para encontrar um complemento, para completar o círculo, para encontrar a integridade, a totalidade. Justamente por isso, é a parte desconhecida dele. É o lado escuro. Assim ela o atrai e o assusta."

"Projetamos na mulher, eu acho, um sentimento de expectativa, a revelação de alguma coisa, a chegada de uma mensagem. Como a personagem de Kafka que esperava uma mensagem do Imperador. A mulher pode ser a Imperatriz que, há milhões de anos, mandou essa mensagem que felizmente nunca chegou. Porque eu sinto que o que faz a vida valer a pena é a espera dessa mensagem mas não a mensagem propriamente dita."

"A longa história que um artista conta através de suas obras é uma busca em muitos níveis diferentes. A busca de um estilo, de coerência, do que é essencial, de um tom mais direto, mais espontâneo, de ser mais sincero, menos conceitual, de viver a própria expressão da maneira mais direta. Ou seja, uma busca da parte mais autêntica de você mesmo."

"É evidente que um autor, um artista, se abastece essencialmente dos traumatismos psicológicos, as injustiças, as cicatrizes de sua existência psíquica. Há um aspecto benéfico da neurose que capacita alguém a estabelecer um depósito, um armazém, um tesouro encontrado de onde pode extrair amplos recursos."


Este diálogo do filme 8 1/2, incluído no documentário, é entre Guido (Marcello Mastroianni), alter ego de Fellini, que faz o diretor e ator do filme dentro do filme (um diretor com bloqueio criativo) e Claudia (Claudia Cardinale), que interpreta uma atriz desse filme que não sai (Claudia Cardinale: a única atriz "antiga" por quem já "me apaixonei"... :)



Claudia: No fundo é sua culpa. O que você espera dos outros?
Guido: Por quê? Você pensa que eu não sei? Você está um pouco chata.
C.: Ninguém pode dizer nada! Você está tão engraçado com aquele chapéu, feito de feno velho! Não entendo: essa menina poderia mudar a vida toda, ele renasceria, e a rejeita?
G.: Porque ele perdeu a fé.
C.: Ele não sabe como amar.
G.: Uma mulher não pode mudar um homem.
C.: Ele não sabe como amar.
G.: E não quero contar outra história que é uma mentira.
C.: Ele não sabe como amar.
G.: Desculpe, Claudia, tê-la trazido aqui. Perdão.
C.: Você é um impostor. Então não tem um papel para mim?
G.: Você está certa. Não tem um papel. E nenhum filme também. Não há nada, em lugar nenhum.