Monday, June 22, 2009

Pacote cultural

Quinta-feira fui trocar o livro Suicídios Exemplares, do escritor espanhol Enrique Vila-Matas. O comprei porque saiu agora no Brasil e porque achei que era da época de antes dele virar chato. Mas bastou ler um dos contos para ver que não, que então ele era chato. E o troquei. (Vila-Matas, não me enganas mais.) (Nota: Há quem possa gostar dele, não é que ele seja um escritor ruim.)




O troquei pela HQ O chinês americano, de Gene Luen Yang, indicado ao National Book Award americano. Muito bom. Não é como esses comics autobiográficos sobre problemas pessoais do autor. É isso, e muito mais, porque à história da adaptação de um garoto chinês a um colégio norte-americano se mistura uma antiga lenda chinesa, a do Rei Mono, maravilhosamente contada e ilustrada (dá para ver o Rei Mono, sob uma montanha de pedras, de braços esticados, no fundo amarelo da capa). Com ambas histórias, entrelaçando-as, o autor faz uma reflexão bem pé no chão sobre a aceitação da identidade individual. Os desenhos e as cores, em cada página, são um prazer.




Esse mesmo dia, de tarde, fui com a Anna à Fnac. Chegou a Fnac a Porto Alegre, e me senti como se estivesse na Illa Diagonal, em Barcelona, foi esquisito. Lá só comprei a New Yorker e a Esquire. Por que comprei a Esquire? Não sei. Bom, a comprei porque tinha um conto de Stephen King, com uma chamada muito atraente na capa: as primeiras linhas do conto pintadas no corpo de uma modelo brasileira. E porque Stephen King tem prestígio nos Estados Unidos (não na Europa, onde é considerado um escritor de best-sellers). O conto não é nada demais, mas tudo bem, valeu a pena lê-lo. Mas a revista? Quero criticar aqui essas revistas para homens. Para que tipo de homens são? E se a Esquire é a melhor de todas elas... nossa, eu quero descer. Parece uma revista escrita por crianças para crianças. Por babacas para babacas. Com textos de meia página supostamente engraçados sobre os temas mais banais (tipo, a cor das meias). Fiquei indignado. Desfiz a revista: guardei só o conto e uma reportagem sobre um menino narcotraficante e assassino na fronteira USA-México.




A New Yorker está ótima, como sempre. O número é de meados do mês de abril, e estamos quase em julho, e isso chateia um pouco, mas as reportagens não têm data de vencimento. Li uma dedicada ao uso de estimulantes pelos estudantes das melhores universidades. Não são estimulantes tradicionais. São medicamentos geralmente receitados a pessoas com doenças como o déficit de atenção, ou o Alzheimer, que circulam pelos campi como antes circulava a cocaína. São, em inglês, neurohenancers, potenciadores neuronais. E quem os toma pode ficar a noite inteira escrevendo papers. Em algumas faculdades, 25% dos estudantes estão dopados. E isso levanta questões, é claro: os outros estudantes, por exemplo, acham o uso desses medicamentos pelos colegas injusto. Mas parece que os expertos não são muito contra, e alguns dizem que, assim como foi aceita a cirurgia estética, será aceita esta "cirurgia neuronal". Interessante, mas eu não quero problemas, fico com o café (que é um neuroenhancer, também).

2 comments:

maritrini said...

eh, hombre, no guardaste la portada de la esquire???
tsc, tsc, tsc!

y enviame el nombre de alguna pastilla potencializadora de neuronios... acepto mi nariz y me encataría abrillantar mis ideas!

Roger said...

no. para no recordar que gasté 35 reales.

pedílas a algun niño con défisit de atensión e hiperactividad (ADHD). O robálas! (No se dará cuenta! RARARA!)
Pero bueno, vos no precisás de eso, che.