Thursday, February 04, 2010

Capítulo invisível

[Tá, mudei de idéia. Vou retirar o capítulo daqui. Não apagar o post porque estou muito agradecido aos comentários. Mas o retiro porque seria esquisito que alguém o lesse e depois encontrasse os mesmos trechos em capítulos posteriores.]

12 comments:

Anníssima said...

OOOOba!!! :) :)
Mais um capítulo (rascunho)!!!

Falando em Hemingway... estou adorando a dica que tu me deu!!! O livro é muito bom mesmo, passa tudo tão rápido...

Não vejo a hora de ser (relativamente) feliz em Paris... hehehe ;) por esses dez dias... e passar por onde esse teu personagem passa! :)

E essa descrição dos pensamentos neuróticos... nossa... gostei muito... o personagem dentro do banheiro, escrevendo com o dedo... sem deixar marcas... sensacional!

Um primor!

Quero ler todos capítulos (que já foram publicados até agora), um atrás do outro, sem essa pausa ;)

Beijão!
Espero que os mergulhos no mar tenham contribuído na tua inspiração :) :) :)

Bises!

Anníssima said...

Oi, Ru,

sobre o que te falei ontem, além da "Sorbona" que eu achei estranho, tem uma frase em que o "quatro" poderia vir antes dos "anos" (Certo: tudo o que me aconteceu nesses anos quatro). Dá uma olhada... vê o que tu acha.

Bjinho ;p

Anonymous said...

Roger,

esse é mais um daqueles rascunhos que prendem a atenção de um leitor curioso como eu...

Quando se conhece um pouco da neurose (nunca fui neurótico, mas como tive a oportunidade de conversar com 2 pessoas sobre isso, pessoas que conheciam neuróticos, dá pra visualizar um pouco a coisa).
No início fiquei com pena de minhas amigas (elas se relacionaram com caras assim que, ao meu ver são esquisitões, estranhos e, desculpe-me a sinceridade: doentes).

Sobre esse cap., tenho apenas uma observação:

"Quando me dei conta da impossibilidade de saber o que os outros pensavam do que FOSSE que eu tinha dito ou feito errado..."

(não seria mais correto? Soou estranho, pra mim, o "for.", talvez ficasse menos estranho com esse tempo verbal. É só uma opinião, cara.)

A.E.

Anonymous said...

Um acréscimo:

"esquisitões, estranhos e, desculpe-me a sinceridade: MUITO doentes).


A.E.

Roger said...

Oi Anna! Tu vai adorar Paris! :))

Obrigado pelo comentário, me anima muito saber que tu gosta do que estou escrevendo.

Sorbonne, hehe. É que eu não queria que a coisa soasse muito chique. Mas, se é verdade que no Brasil se usa o nome assim, em francês, então tudo bem! O "quatro"... é que mudou de lugar várias vezes, na mudança definitiva ficou mal colocado na frase! :o) :))

Beijo!

Roger said...

Oi, A. E.!

Obrigado por continuar lendo!

Saber que consigo prender a atenção é muito bom. :) E obrigado pela correção, tá certa, é um desses erros que ainda faço...

Bom, nos anos da neurose, eu fazia coisas estranhas, sim, até muito estranhas. E, certamente, estava doente. (Não deveria falar assim, porque o narrador é o narrador e eu sou eu, mas enfim, vamos lá.) Doenças mentais são isso, doenças, como as do corpo, porém de origem (ainda hoje) mais misteriosa e com sintomas mais esquisitos.

Mas eu falaria, melhor, em caras que estão doentes, ou que são por um tempo doentes. No meu caso, virei neurótico de um dia para o outro, com mais de vinte anos. E quando quis escrever sobre a infância ou a adolescência, tive de desistir, pois não vi nada de relevante que eu pudesse relacionar com a neurose. Conheço o caso de quem, do nada, com mais de 30 anos, virou maníaco-depressivo. O mesmo Hemingway virou paranóico nos últimos anos de sua vida (esses que conta A. E. (um outro Anônimo Educado) em Papa Hemingway).

Tudo isso eu conto porque me pareceu que na descrição desses caras que se relacionaram com suas amigas você atribui umas características ao "ser" deles, que eu acho mais atribuíveis a suas doenças...

Era isso!

Abraço!

Anonymous said...

Grato, Roger.

Pode não parecer, mas atribuí aquelas características dos caras, ex-namorados de 2 amigas, às suas doenças - a neurose.

Dava, ao menos pra mim, pra sentir claramente que eles não eram saudavéis mentalmente. Inteligentes eram, mas, infelizmente, suas mentes não estavam lá muito bem. Pareciam não viver de verdade... Sei lá... pareciam realmente ter um mundo deles, um universo que só eles penetravam.

Um deles se matou; e o outro ainda não sei onde e como está. Esses caras perderam muitas coisas... Gradativamente, perderam. Perderam as namoradas, alguns amigos, pessoas de verdade e que faziam real e mais colorida a vida deles... nem sei se eles realmente percebiam, já que muitas vezes pareciam imunes ao sofrimento que causavam a seus familiares e pessoas mais próximas. Como diz meu sobrinho de sete anos: "pisaram na bola".
Eles pisaram na bola com pessoas especiais, por culpa de uma doença que parecia torná-los pinel.

Desculpe-me pelos comentários longos, mas hoje é sábado e é o dia que tenho mais tempo de escrever para as pessoas, lhes dar uma atençãozinha virtual.

Um abraço,

A.E.

ana santos said...

Roger, já falei por e-mail, mas repito aqui: o romance está ficando muito bom! Eu tinha começado a grifar em azul minhas partes favoritas, mas são tantas que acabei desistindo, hehe. Parabéns de novo!

Roger said...

Muitíssimo obrigado pela "atençãozinha virtual", A. E.

Muito tristes, essas histórias... Trágicas, na verdade.

Se perde muito, sim, com uma doença dessas. Só não sei se eles teriam só neuroses... Esse "ter um mundo deles", ou parecer imune ao sofrimento dos outros, não sei...

Um abraço.


Obrigadíssimo, Ana. Tu sabe como tua opinião e teu apoio me dão força...

Marinella said...

Oi Roger, eu tava lendo o blog do Charles Kiefer e me lembrei de ti. Ai será que posso colar um post gigante dele aqui? Se pesar, apaga! :)

bj

Duas obsessões
Não sei por que, mas todos os meus grandes romances (no sentido físico, de número de páginas), Valsa para Bruno Stein, A face do abismo e Quem faz gemer a terra, eu os escrevi enquanto jogava intermináveis partidas de xadrez, sozinho, contra mim mesmo de brancas, o mesmo de mim com as pretas.

Naquela época não havia internet e seus maravilhosos clubes on-line, que nos permitem jogar com desconhecidos, sem nos envergonharmos com as derrotas acachapantes.

Máquina de escrever de um lado, tabuleiro com as peças montadas de outro, eu pipocava de lá para cá, sob o olhar compassivo de Priscila, com quem eu vivia então. A Maíra era tão pequena, ficava no meu colo, machucando os dedinhos por entre as teclas mecânicas da máquina de escrever, derrubando torres e bispos, mordendo os peões. Que péssimo companheiro eu fui, percebo tardiamente. Trabalhava muito para sobreviver, e, nas horas de folga, nos finais de semana e feriados, jogava xadrez e escrevia.

O ideal para quem escreve, seria viver sozinho. Mas solitários são tristes, são deploráveis, vivem com as roupas manchadas de gordura, os cabelos desalinhados, e a alma encolhida. Ah, como diz o Luis Fernando Veríssimo, se eu pudesse, não escreveria.

Por que preciso jogar xadrez para escrever? É como se a complexidade das combinações, a obsessão neurótica e concentrada, abrisse espaço em meu cérebro para as sutilezas de composição e estrutura de um romance. Para dar vazão ao pathos literário, talvez eu precise ocupar o espírito com algo inútil e antissocial.

Nas últimas semanas, voltei a jogar xadrez. E o magma que fervilhou por quase um ano sob a minha superfície aparentemente calma tem explodido em capítulos do romance Dia de matar porco. Se farei uma boa história, não sei. Como uma partida de xadrez, só depois de terminada a obra é que ela poderá ser avaliada. No xadrez, diante de um adversário, vale uma rigorosa ética: peça tocada, peça jogada. Felizmente, na literatura, quanto mais tocamos a mesma peça, quanto mais refazemos o jogo, melhor.

Mas a obsessão é a mesma, a neurose é a mesma, a inutilidade é a mesma, e a solidão também.

Roger said...

Quer que eu troque o cigarro pelo xadrez? :pp

Marinella said...

Se desse pra escolher, né? :)