Tuesday, December 07, 2010

Eu sou um grande mentiroso 1: La disponibilità

Ontem, assistindo ao documentário Sono un gran bugiardo (Eu sou um grande mentiroso), sobre Federico Fellini, que o Marco me emprestou, tive um insight (desculpem a palavra, qual é a tradução portuguesa de "insight"?; todo o mundo usa "insight", e eu não gosto de palavras inglesas no meio de frases em português...) relacionado com meu trabalho de escrita. Nem insight foi, pois sei muito bem do que se trata; estaria mais para uma recordação da qual eu estava precisando. Quem sabe o trecho que anotei não possa ser útil para outras pessoas metidas nesse mesmo processo danado de "criação", como o Uri, a Gabriela, a Ana, o próprio Marco (agora entendo melhor a necessidade de seus exercícios de uma hora prévios aos ensaios), etc.

O trecho é o seguinte:

"Não acho que a palavra 'improvisação' tenha algum lugar no processo criativo. É uma palavra totalmente inadequada. É até mesmo irritante. Eu não usaria a palavra 'improvisação', eu usaria outro termo. Eu diria que o problema e ficar acessível [Fellini não usa 'acessível', ele diz, aqui, que 'è necessaria la disponibilitá'], se tornar alguém acessível para a coisa que está nascendo e que ainda não tem forma, é magmática, confusa, indefinida."


...


Eu já estive mas por enquanto não estou mais "disponível". Por isso meu romance está parado. Coisas demais me atrapalham em Porto Alegre. Por isso também não era infundada a intuição de me mandar para uma praia...

3 comments:

Silvia said...

Também já tentei traduzir insight e nunca cheguei a uma palavra satisfatória. No fundo, acho que é purismo evitar toda e qualquer palavra estrangeira. Algumas são úteis. Dependendo do contexto, já traduzi "tive um insight" por "tive uma ideia", "finalmente entendi algo a respeito de..." ou "perpicácia", esta última no caso da falta de.

Roger said...

Olá Silvia. Eu também não tenho nada contra o uso de palavras estrangeiras... Até seria legal escrever um livro misturando línguas (só que poderia resultar numa bagunça e, mesmo que não, que fosse bom, nenhum editor ia querer publicar). Eu gosto de "me dei conta de", por exemplo. Na escrita não acho que seja um problema, usar insight, sobretudo porque dá para botar entre aspas. Mas no oral... Já pensou, alguém falar para você algo do tipo: "ontem saí para correr e tive um insight"? Iiihhh. É esquisito! Falta de perspicácia é muito bom também.

Obrigado!

Roger said...

Silvia, a Anna citou um trecho de Grande Sertão: Veredas onde me pareceu encontrar uma tradução linda e poética de insight. Seria "um gole de um pensamento".