Saturday, May 07, 2011

Coisas lindas que me acontecem em Porto Alegre

... Além de almoçar com o Sérgio na Faced ou no Ocidente, tomar café com a Marinella na Padre Chagas, ir ao cinema com a Camila, conversar com a Ana, etc. Aqui me refiro a coisas que me acontecem com desconhecidos ("sempre confiei na bondade dos desconhecidos" <-- frase plagiada).

















Ontem um taxista me chamou de Clark Kent. "Sabe", ele disse, "o Superman? Tu te parece. Com os óculos...". "Ah, é?". Pensei em dizer: "Ninguém tinha me dito isso antes", mas calei, teria parecido que estávamos de paquera. Então o homem, de uns 60 anos, me contou que gostava do Superman, do Spiderman e outros, mas que o seu preferido era "o Fantasma". Eu nem sei quem é o Fantasma, tô nem aí para os quadrinhos da DC e a Marvel (vou ter que contar o que me aconteceu em Buenos Aires ao respeito)*, mas ele me explicou que era um super-herói com não sei que anéis nos dedos, com forma de caveira, que deixavam marcas nos rostos dos criminosos. "Mas tu não é dessa geração, né?", ele disse: "tu deve ser da geração dos smurfs, que nem meu filho". "Sim, mais ou menos", eu disse. "Eles até eram engraçadinhos. Não sei o que foi deles...". Resumo: fui chamado de Clark Kent.

Hoje, no café À Brasileira da rua Uruguai, onde costumo escrever, uma das moças, a mais velha, protagonizou um outro desses momentos. Lá se paga na entrada; a gente ganha uma ficha, senta e o café é servido na mesa. Geralmente eu pago um primeiro café, fico escrevendo e fumando e tomando o café por uma hora, mais ou menos (quem me conhece sabe: eu tomo o café à maneira europeia, devagarzinho, aos golinhos, mesmo que esfrie), e, se estou escrevendo bem, peço mais um, que pago depois, na saída. Pois hoje eu estava mergulhado na escrita, com o primeiro café já no fim, e apareceu uma xícara de café nova ao lado dos meus papéis. Olhei e era essa moça mais velha, que, diante da minha surpresa, abanou as mãos e mexeu os olhos como dizendo: "Não paga, não". Foi um detalhe e tanto. Uma daquelas pequenas coisas que alegram o dia da gente.


*Tá, vou contar agora. Eu estava à procura de uns quadrinhos do Liniers. Na livraria El Ateneo, surpreendentemente, só tinham um ou dois exemplares. Então procurei uma livraria especializada em HQ (histórias em quadrinhos, comics). Andei um monte pela calle Juncal, ou Arenales, não lembro, até o Club del Comic (achei o endereço na internet). Pela vitrine já vi que estava no lugar errado: só havia bonecos, figurinhas de super-heróis de todos os tamanhos, trecos de Star Wars e Star Trek, caveiras, também. Mas, como tinha caminhado muito, entrei mesmo assim. O dono ou atendente tinha a minha idade, ou era mais velho, uns 40, com rabo de cavalo; e ao seu lado havia um único cliente, mais novo, de uns 30, com uma listinha cheia de números de revistas que lhe deviam faltar na coleção. Fui covarde, confesso. Porque eu disse: "Estoy buscando unos Macanudos que unos amigos me pidieron...". O cara me olhou como querendo me assassinar: "No tenemos Macanudos. No trabajamos con eso". Logo pegou um pouco mais leve e explicou: "A Liniers lo encontrás en cualquier parte. Pero además es política de la casa. Tampoco tenemos mafaldas" (bota itálico na maneira como ele falou). E talvez com pena de mim, me assinalou uma caixa: "Aquí hay algo de comic europeo". Era uma caixinha que eu quase nem olhei, com algum Hugo Pratt e pouco mais. O resto da loja era tudo caixinhas com, bem ordenadinhos, os números de todas as séries de todos os super-heróis da Marvel e a DC. Putz, como me senti mal. É muito esquisito, muito duro que uns freaks façam a gente se sentir freak. "Gracias", eu disse, querendo sair logo dali. E de novo fui covarde, porque antes de sair minha maior vontade (eu já estava com a frase na cabeça) foi dizer: "Si te pregunto si sabés de una tienda de comics normal no me lo dirás, verdad?"; ou "no hay una tienda de comics que no sea para freaks?". Mas não falei nada e até saí como quem pede desculpas. (No dia seguinte encontrei todos os números de Macanudo expostos ao lado dos caixas da enorme Libraria Cúspide, na calle Florida.)


PS: Hoje peguei um outro táxi. Adivinhem. "Eu te conheço. ... Tu é o Batman!, não, o Superman! Eu não te carreguei ontem? Hahaha! Puta que pariu! Sou um fisionomista do caralho!".  

PS2: Acho que devo dedicar este post a umas amigas, as irmãs Huguet, que me chamavam de Harry Potta.

7 comments:

Sergio Lulkin said...

Que delícias da vida, é isso que deixa a gente feliz, néspá?
Saludos à Mãe Rosa Cardús e às Ávias que, se morassem aqui, ganhariam beijos e abraços e flores e presentes e almoços.

Marinella said...

:-)

Eu te achava muito misterioso nas aulas da oficina. A moça do café deve achar também... sempre a escrever, sem nem reparar que o café esfriou!

Medialunas Calentitas (uruguayas! :) ) said...

from clark kent to bruce wayne.... way(ne)too many differences! :)


eu tomo chá frio. clark kent. :-P

Roger said...

Sí. Clark Kent es más guapo y elegante. ;p

Humm. Misterioso? Se nessas aulas eu não parava de criticar os textos da gente, hehehe. (Criticar positivamente, OK?, como todos fazíamos. :)

Aclariment per la meva mare i les meves àvies: el Sergi us envia records perquè avui aquí al Brasil és el dia de les mares, que es celebra molt (amb "beijos e abraços e presentes e almoços"). A Catalunya es celebra en una altra data, i no és tan important, no ha "quallat" com a tradició.


E atenção! >:o) AVISO! NÃO ESTOU RECEBENDO TORPEDOS! Esta semana isso já deu "probleminha" com o Sérgio e a Camila, então, saibam que se eu não respondo algum torpedo, é porque não o recebi. Não estou isolado numa torre, nem quebrei o pescoço no banho, nem deixei de adorar vocês. Mandem um e-mail ou liguem, please. Esta semana vou tentar resolver isso.

Sergio Lulkin said...

Como alguém pode tomar café frio? Bom brasileiro não é, per cert. E chá, bem, chá é coisa d´anglesos, amb una llagrima de llet... Ah, eu sabia que havia algo com esses teus torpedos, e fica falando que os outros é que não respondem... bah!

Roger said...

Estic incomunicat, cat, cat,
I espero que ja estiguis ben curat.

Sergio Lulkin said...

No gaire... però molt millor. Ens parlem.