Tuesday, August 07, 2007

Traduções ao português 2 (do romance Everyman, de Philip Roth)

Meus dois trechos preferidos do livro. No primeiro, o protagonista, diretor criativo duma agência publicitária, 50 e tantos anos, casado, acaba de transar com a secretaria, de 19 (depois de duas semanas, ele diz, "ela já estava de joelhos no chão do escritório"). Ninguém sabe de nada:

Uma manhã, justo depois dela ter se levantado do chão e voltado à sua mesa na parte externa do escritório, e enquanto ele ainda estava de pé, vermelho, no meio da sala e ajustando-se as roupas, seu chefe, Clarence, gerente da empresa e vice-presidente executivo, abriu a porta e entrou. "Onde é o apartamento dela?", Clarence perguntou. "Eu não sei", ele respondeu. "Use o apartamento dela", Clarence falou severamente e saiu.

O segundo. Este, serio. O protagonista, já com 70 anos, vem de fazer três ligações para consolar três amigos muito doentes:

Se ele tivesse sido consciente do sofrimento mortal de cada homem e mulher que chegou a conhecer durante todos os anos de vida profissional, cada um deles com sua dolorosa história de remorso, perda e estoicismo, de medo e pânico e isolação e pavor, se ele tivesse tido conhecimento de cada pequena coisa que eles perderam que uma vez tinha sido vitalmente sua e de como, sistematicamente, eles estavam sendo destruídos, ele deveria ter ficado no telefone durante todo o dia e até a noite, fazendo outras cem ligações ao menos. A velhice não é uma batalha; a velhice é uma massacre.

2 comments:

Maria Fabriani said...

Roger! Desculpa não comentar sobre o Philip Roth. Queria mesmo era te agradecer pela palavra exata lá no Montanha. Tinha que ser um “estrangeiro” pra me ensinar como fala minha própria língua! hahaha

Roger said...

De nada Maria! :)

Há outra palavra que seria uma tradução menos exata de spellbinding, mas que tem originalmente o mesmo sentido e é de uso muuuuito comum em espanhol (não sei se se usa tanto em português): encantador.