Saturday, June 19, 2010

Saramago (1922 - 2010)

Ontem morreu Saramago. Não posso escrever nada em meu nome porque não conheço a sua obra. Só li O conto da ilha desconhecida, recomendação da Raquel, que adorei. Quis ler mais, perguntei ao escritor Assis Brasil qual livro poderia ler, ele me recomendou A jangada de pedra ou o Memorial do convento. Mas eu estava com outras leituras, não os li. (Meu problema com Saramago, ou meu preconceito: não gosto de "literatura alegórica". ... O que devo rever, pois O conto da ilha desconhecida é uma alegoria e gostei.) Há alguns anos, ganhei dos meus pais, em espanhol, numa época em que estava lendo bastante Pessoa, O ano da morte de Ricardo Reis, que também ficou em lista de espera... Então, vou postar frases do próprio Saramago, recolhidas hoje no especial do Estado de S. Paulo.


"Eu diria que sou um comunista libertário. Alguém que defende a liberdade de não aceitar tudo que venha. Porém que assume o compromisso com três perguntas que devem ser nossos guias de vida: por quê?, para quê, para quem?"

"A princípio, respondia que escrevia para que as pessoas me quisessem bem. Logo esta resposta me pareceu insuficiente e decidi que escrevia porque não me agradava a ideia de ter que morrer. Agora digo, e talvez isso seja certo, que, no fundo, escrevo para compreender."

"Minha obra pode ser entendida como uma reflexão sobre o erro, sim, sobre o erro como verdade instalada e por isso suspeita."

"Não sou pessimista, o mundo é péssimo. São os pessimistas os únicos que querem mudar o mundo, para os otimistas tudo está muito bem. Deveria se fazer profissão e militância do pessimismo."

"Estou convencido de que há de se seguir dizendo não, ainda que se trate de uma voz predicando no deserto."

"Não encontro nenhum motivo para deixar de ser o que sempre fui: alguém que está seguro de que o mundo em que vivemos não está bem-feito."

"Minha arte consiste em tentar mostrar que não existe diferença entre o imaginário e o vivido. O vivido poderia ser imaginado, assim como o contrário."

"Nunca separo o escritor do cidadão. Isso não significa que queira converter minha obra em panfleto, significa que não escrevo para o ano de 2427, mas para hoje."


PS: Um espaço em branco __________ para colocar livremente um xingamento dirigido ao Vaticano, que atacou o escritor um dia depois de sua morte. "Su posición ideológica motivó ayer un ataque duro desde el órgano oficial del Vaticano, L'Osservatore Romano, que no guardó ni siquiera la compostura ante la muerte." (El País)

PS2: Uma cena do filme José & Pilar, em pós-produção, na home do site da produtora O2 Filmes.

3 comments:

優次 (Yuji) said...

Joder, ahir mateix un amic m'havia demanat si volia comprar alguna cosa a Submarino perquè hi volia fer una comanda i així repartíem les tases d'enviament, i se'm va acudir provar de comprar alguna cosa de Saramago. A la fi vaig desistir perquè els llibres eren tots massa cars (buscava una edició econòmica com les que ara han començat a treure també al Brasil) i com que ja m'he gastat tota la paga d'aquest mes i més un poc de la del mes següent, no va poder ser.
Però quines coses.. Haig de començar a llegir la premsa o mirar les notícies... ;)

Sergio Lulkin said...

Coerente, sua escrita nunca confortou, sempre deslocou o leitor, de saída ou de entrada com uma organização das orações e pontuações que de per si pediam um olhar atento, deixar-se ir com ele. E, a seguir, o que nos dizia. E suas pequenas alegrias, pelo gosto do olhar fininho, por baixo do carrancudo, com toda a razão do mundo! Axés e caramurus para Saramago!

Roger said...

Quina coincidència... Mira els llibres de butxaca de la Cia. das Letras, n'hi ha del Saramago, com A jangada de pedra, o O evangelho segundo Jesus Cristo...

Obrigado, Sérgio, por dizer alguma coisa interessante sobre o autor! (Como digo no post, eu não poderia!)