Friday, January 25, 2008

Um arrebatamento

1. Lembro que algum professor de filosofia nos disse no liceu, há séculos, ou talvez fosse um filósofo quem o escrevera, que as perguntas da filosofia reduziam-se a três: que é o homem, que é o mundo, que é deus. Nenhum dos filósofos que estudamos, então ou depois, na faculdade, chegava a responder essas perguntas, embora alguns deles -nós achávamos- chegassem perto. Mais perto chegavam, porém, alguns romancistas.

2. Poucas obras escritas em português estão traduzidas ao espanhol ou ao catalão, cujas culturas respectivas estão longe de poderem ser comparadas com a inglesa, a francesa ou a alemã. Mas hoje encontrei uma grande obra da literatura em português, e sendo que a tradução era boa, comprei dois exemplares para dar de presente: um, à minha mãe; outro, a uma amiga que está de aniversário. E nesse livro -enorme livro- aparece, na contracapa, atrás de um mar de elogios, um trecho que tem muito a ver com o escrito no ponto 1. Quem somos nós? Não é, esse trecho, uma maravilhosa aproximação à resposta? Só é preciso estar meio familiarizado com a literatura em português para reconhecer o autor ou a obra, mesmo estando o trecho em catalão. Mas isto não é um quiz, é só para curtir. (Tradução de M. L.)


-En fi, resignació. Almenys hem dilucidat la teoria definitiva de l'existència. És cert, no val la pena fer cap esforç, córrer al darrere de res...
Ega, al seu costat, sense alè, va afegir, estirant al màxim les seves primes cames:
-No, ni de l'amor, ni de la glòria, ni dels diners, ni del poder...
A la llunyania, a la foscor, la llanterna vermella del tramvia es va detenir. I una esperança, un arravatament els va dominar:
-Encara l'agafem!

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