Monday, February 07, 2011

Traduções ao português 14 (L'escola dels somiatruites, de Albert Plà)

Albert Plà é um desses personagens geniais, malucos e inclassificáveis, tipo Dalí, que aparecem de tempos em tempos na Catalunha e fazem com que sintamos saudade de um país menos chato que nunca existiu. A música seguinte, "L'escola dels somiatruites", não é das mais malucas dele; é das "bonitinhas" e poéticas. A ouvi pela primeira vez estes dias, no CD Concert a París, que Albert gravou junto com Joan Miquel Oliver. Comprei o CD para o Sérgio, na Fnac de L'Illa, em Barcelona, e três dias depois, antes de eu viajar, meu irmão Uri, sem saber, o comprou para mim. Ainda não há músicas do CD no youTube. A seguinte é a versão original, só de Albert. O título era "Somiatruites", sem "escola". Ser un somiatruites é uma expressão catalã sem tradução. Truita é omelete; um somiatruites é quem vive num contínuo devaneio, quem sonha acordado com coisas impossíveis. Em geral, se usa em sentido depreciativo. A edição do vídeo (linda) é de Sargantania.




L'escola dels somiatruites

Há uma escola perdida
lá no meio do Montseny
onde só estudam as crianças,
onde só estudam as crianças
que sonham com truites.

É a escola dos somiatruites,
é a escola dos somiatruites,
onde só estudam as crianças
que sonham com truites.

Há o Joan que sonhava
que sua cama ganhava asas
e à meia-noite decolava
e voava e voava e voava,
e a Lídia sonhava
que seu namorado era um lobo
e passavam as noites inteiras
ululando para a lua cheia,
faziam assim:

Auuuuuuu! Auuuuuuuu!

E a Fina sonhava
que respirava embaixo d'água
e nunca se afogava
e fazia uns brincos
com pérolas marinhas.
Ah! E, além do mais,
era amiga íntima dos golfinhos,
e os tubarões e os camarões.

E a Marta que sonhava
que a Terra era quadrada
e ia passar as férias
numa outra galáxia,
e o Fidel que sonhava
que jogava uma pedrada
ao rei da Espanha,
e o Gerard que sonhava
que era um gato que sonhava
que era o Gerard que sonhava.

E a Joana sonhava
que seu pai nunca a surrava,
e a Roser que sonhava
que sua mãe não a repreendia,
e a Cristina que ia
xino-xano* para a China
e falava em chinês da China
xin xinu chinês chau xing.

Xan chau xin choi xin choing...

E o Albert que sonhava e sonhava
e sonhava e sonhava e sonhava
e de tanto sonhar nunca acordava
e à escola, é claro, não se apresentava,
mas a sora nunca lhe dava falta
e ele sempre passava.
Porque o Albert estudar não estudava,
mas sonhar, caramba se sonhava!
Caramba essa sora, que simpática era!,
que sonhava que era uma criancinha
e cantava como uma cigana
nas noites de lua cheia.

Lailo lailo lailo lolai...

Há uma escola perdida
lá no meio do Montseny
onde só estudam as crianças,
onde só estudam as crianças
que sonham com truites.

E o Ramon que sonhava
coisas tão estranhas
que é impossível explicar.
E, enfim, sobre as coisas que a Laura sonhava
é melhor não saber.

Até o zelador pintava escolas
sem muros, nem salas, nem grades, nem soras
nem besteiras dessas,
só janelas abertas
por onde faziam corridas os sonhos
dos meninos e meninas,
e enquanto isso a Fina nadava com sereias...

Glu, glu, glu, glu, glu...


*Anar xino-xano: andar devagar, sem pressa.

2 comments:

uri said...

gran CD i gran Albert Pla!!!

si et mires la resta de coses que venien amb el regal també et semblaran bones (I hope)

una abro'çada

Roger said...

Sí! M'estic acabant el Haddon! :)