Saturday, February 19, 2011

Vamos falar de sexo (cientificamente)

Sim, quero falar de sexo. Na verdade, citar trechos engraçadas do livro El cerebro erótico, de Adolf Tobeña, que acabei de ler. (A trabalho.) (Sério.)



Brain World.

Mas antes queria citar alguns livros que li este início de ano, pois foram bastantes, não comentei nenhum e todos são recomendáveis (desta vez acertei nas compras na Fnac e os que ganhei também foram bons). Li, no voo POA-BCN (ainda em 2010), um livro que há muito queria ler, já que é considerado o melhor da autora: Stupeur et tremblements, de Amélie Nothomb, emprestado pela Gabriela. E, na volta a Porto Alegre (a Salvador, para ser exato), Hygiène de l'assassin, também d'Amélie e também da Gabriela (que é fã). Leituras prazerosas, as duas (se não não teria conseguido ler no avião). Porém, se alguém não conhece e está interessado em conhecer a obra de Nothomb, e confia em minha opinião, meu livro preferido dela continua sendo Métaphysique des tubes, livro que eu emprestei à Gabriela :), que fala da infância da autora no Japão e que não é nada metafísico (lembro perfeitamente de onde o li: deitado na areia da praia de Platja d'Aro, com o mar, tão presente no romance, à minha frente). Terminando com Amélie: acabei de saber que ela não é francesa!, ela é belga! Esses franceses, sempre querendo se apropriar de tudo!!!

Li La bicicleta estàtica, livro de contos de Sergi Pàmies (por enquanto, só em catalão; vai sair em espanhol pela editora Anagrama. Pensei em traduzir um dos contos ao português aqui, mas estou sem tempo.) Esse eu tive que ler, pois meu irmão Ramon e meu amigo Sérgio me pediram o livro de presente, e eu não gosto de presentear qualquer coisa. Me surpreendeu: é bom. Parece que Pàmies, assim como Monzó, talvez pela idade que eles já têm, cansaram de fazer literatura frívola, de hihihi, e estão escrevendo coisas mais sérias, sem perder o senso de humor. Também li, em espanhol, La conciencia de Zeno, de Italo Svevo, um desses clássicos que na faculdade esqueceram de incluir nas listas. (Depois a gente tem que ir atrás, preencher lacunas.) Muitíssimo bom (e engraçado). É um relato psicanalítico, pura literatura do eu. Zeno aceita escrever sobre si quando seu psicanalista sai de férias. (Capítulo 1: O tabaco. Capítulo 2: A morte do meu pai. Capítulo 3: Minha esposa e minha amante. E por aí vai.) (Parentese: comentei com meu irmão Uri que é legal, talvez até necessário, continuar lendo clássicos porque obrigam a pensar, pedem um esforço de leitura muito maior do que outros livros bons; esforço recompensado, claro.) E li, presente do Uri, El curioso incidente del perro a medianoche, de Mark Haddon, uma história dura, de iniciação, narrada por um menino autista (O estranho caso do cachorro morto, pela Record).

Também li quadrinhos, adoro ler quadrinhos, faço isso sobretudo em época de férias. Li o Macanudo 5, do genial Liniers. Liniers é o mais parecido com Charles M. Schulz que eu já encontrei, que é como dizer de um pintor que o mais parecido com Pablo Picasso. Na Espanha saiu até o número 5, mas na Argentina já estão no Macanudo 9. (Se alguém for a Buenos Aires, pode me trazer o 6, 7, 8 e 9? Pago em dobro!) E li duas novelas gráficas (Liniers é autor de comic strips), duas obras mestras que sem dúvida serão publicadas no Brasil: Tamara Drewe, de Posy Simmonds, sobre um retiro de escritores numa casa rural na França (obra inspirada num romance de Thomas Hardy e que virou um filme de Stephen Frears), e Asterios Polyp, de David Mazzucchelli, sobre um arquitecto que vê seu mundo desmoronar.


E agora o sexo.

Curti muito e tirei muito proveito de El cerebro erótico, de Adolf Tobeña, neurocientista catalão, catedrático de neuropsiquiatria na Universitat Autònoma de Barcelona. Segundo conta ele mesmo no prefácio, o livro, originalmente em catalão, estava há anos fora de catálogo, mas era um dos que mais circulavam, em xerox, pelas faculdades de psicologia e medicina, por isso foi reeditado e atualizado, agora em tradução ao espanhol. O texto é científico, porém acessível, e inclui anedotas, comentários, apontamentos muito engraçados. (Pelo que vou sabendo sobre neurocientistas, neuropsiquiatras e similares, todos eles são engraçados e obcecados por sexo, não perdem uma chance.) A parte científica do livro fica para mim, para os meus "trabalhos confidenciais". Mas quero compartilhar algumas dessas partes que me fizeram rir. (Comento em itálico e cito em espanhol.)


1. California Boys


Tobeña conta que cientistas franceses escanearam cérebros de jovens aos que eram apresentadas não só imagens de pessoas amadas (namorados, namoradas), com numa época se fazia, senão cenas de sexo explícito. "Dado el bien ganado prestigio de los franceses en las sofisticaciones lascivas", ele escreve, "cabia esperar que en este tipo de empresas investigadoras se adelantaran a los voraces estadounidenses". Os resultados foram ótimos, com áreas identificáveis do cérebro aparecendo estimuladas nas imagens, etc. E então uns cientistas estadunidenses, chateados, reagiram, anunciando um experimento quase igual.

Los estadounidenses anunciaron un neuroescaneado de muchachos californianos, de la misma edad y en una tesitura muy parecida a la francesa, pero que debía ofrecer mucha mayor resolución que los datos TEP lioneses al usar una fMRI de gran potencia. Pero no fue así. Aunque presentaron imágenes eróticas mas hard que las francesas (para asegurar el tiro, cabe presumir), cometieron la imprudencia de usar como imágenes-control escenas deportivas. Todo el mundo sabe que los muchachos californianos pierden la chaveta ante el deporte, y en los contrastes entre las escenas culminantes de un match o las igualmente culminantes de una interacción sexual no se obtuvo ninguna diferencia cerebral digna de reseñar.


2. O efeito Coolidge

O efeito Coolidge é contado num capítulo que tenta explicar o porquê do "desinterés amoroso" num casal, o tédio, que Tobeña atribui, em parte, à "difuminación del misterio". "El tedio se instaura al desaparecer el enigma: cuando del amante lo sabemos todo o así lo creemos". É interessante isto que ele diz: "En general eso acostumbra a concretarse en un instante preciso: un día, una hora y un minuto perfectamente delimitables, quiero decir". Mas eu estou
yéndome por las ramas, ou agarrando para el lado de los tomates, como se diz na Argentina. Voltando: o efeito Coolidge se usa para explicar as diferenças na suscetibilidade à saturação amorosa entre os homens e as mulheres; isto é, as diferenças na constância amorosa ou sexual.

John Calvin Coolidge fue un presidente estadounidense del período de entreguerras del siglo pasado que dejó un anecdotario muy sabroso. Era un republicano que gobernó durante los felices veinte [...]. Aunque no ha habido manera de certificar la verosimilitud del episodio que sirvió para dar nombre al famoso "efecto", tanto da porque se ha impuesto para siempre. [...] Durante una visita a una explotación avícola avanzadísima, en su época, la primera dama que acompañaba al presidente y lo precedía en el recorrido por las instalaciones se detuvo, admirada, ante un gallo magnífico que mostraba un entusiasmo copulador infatigable ante una gallina aparentemente feliz. La señora Coolidge preguntó a los técnicos si aquel rendimiento era habitual y éstos asintieron glosándole las virtudes de aquel ejemplar. Entonces les pidió, con un punto de picardía, que cuando el presidente llegara a aquel lugar se lo hicieran notar. Así lo hicieron al acercarse el mandatario y éste, sin inmutarse, les preguntó si al gallo siempre le ponían la misma gallina o las cambiaban a menudo. Los técnicos replicaron diciendo que era el ejemplar con el harén más nutrido de toda la granja. El presidente se alejó, satisfecho, después de indicar a los granjeros que le explicaran esa minucia a su distinguida esposa cuando acabara el recorrido.


(Continuará.)

(Acabei de incluir uma nova etiqueta, ou
label, no blog: Sexo. Sabia que faltava alguma!)

5 comments:

Anonymous said...

Vejo que falta incluir a etiqueta "pene" e "urólogo", 2 coisas tão importantes para verificar antes do sexo, do ato sexual.
Besitos,
Alguien.

Roger said...

Pois é, e muitas outras. Mas este não é um blog sobre sexo ou sobre educação sexual. :)
Besitos.

Anonymous said...

Era un consejo... una "etiqueta" para la vida.
Me gusta visitar este blog lleno de temas...
Besitos,
Alguien.

Roger said...

Qué bien. :) Es un blog principalmente sobre Brasil pero me gusta tratar otros temas y de manera a ser posible diversa.
Más besos.

gabriela said...

ae,ae!! o livro "métaphysique des tubes" que eu li era meu mesmo, regalo da rous. yep, fue la rous que me presentó le monde fabuleux d'amélie nothomb. :)